29 de Outubro , 1972 //Sporting Clube de Portugal 0 – Leixões 1// Foi o jogo mais rápido de sempre no campeonato português, durando cerca de sete minutos. O jogo mal tinha começado e num lance do ataque do Leixões o fiscal de linha marca fora de jogo mas o árbitro marca grande penalidade contra o Sporting. Vítor Damas defende… Mas o árbitro manda repetir. E o Leixões marca na segunda tentativa. Começam a chover as primeiras pedras do peão. Lance seguinte, um ataque do Sporting e o defesa do Leixões corta para canto… Mas o árbitro marca pontapé de baliza, que não chegou a ser concretizado. Os sócios e adeptos do Sporting, desde a Cabeceira, Peão e Central invadiram o campo linchando o árbitro em pleno relvado. Os jogadores temeram pela vida do árbitro, que viu a morte bem perto. O Estádio José Alvalade ficou interdito durante nove jogos. Mas os sportinguistas já estavam fartos… Fartos!!!
O árbitro chamava-se Carlos Lopes e deixou de arbitrar depois deste mesmo jogo, para ser visto com regularidade no Estádio da Luz.

[…]

A propósito deste acontecimento, recorda Alhinho:
«Foi um dos episódios que mais me marcaram em Alvalade. Aquele dia não correu bem ao árbitro e os adeptos perderam a paciência. Um pontapé de baliza mal assinalado foi a gota de água. Os adeptos começaram a saltar a vedação do lado da bancada nova, que ainda era peão, e desataram a agredir o árbitro. Eui fui o primeiro a chegar ao pé dele. Quando o homem já estava deitado no chão a levar pontapés na cabeça de quanto era lado. Deitei-me em cima dele e ainda levei algumas por tabela. Depois chegou o Yazalde e os outros colegas e tudo se acalmou. Quando o homem se levantou, deitava sangue da boca, do nariz e dos ouvidos. Acho que lhe salvei a vida. Fizemos um cordão e lá o retirámos do campo.
No final dessa época, o Sporting deslocou-se a Espanha para participar no torneio de Sevilha, onde também estavam o Benfica e duas equipas espanholas. No dia de folga fui dar uma volta ao El Corte Inglês e, num dos corredores, dou de caras com o senhor Carlos Lopes. O homem nem me deu tempo para estender a mão, “Oh Alhinho, estás bom pá ? Olha, deixa-me agradecer a grande ajuda que me deste naquele dia, já tinha tentado entrar em contacto contigo, mas não consegui, até disse ao teu sogro lá em Coimbra para te agradecer o facto de me teres protegido.”, Respondi-lhe que não se preocupasse, que o mais importante era a saúde dele, mas havia ali qualquer coisa que não batia certo. O Carlos Lopes em Espanha ? É que naquele tempo não era muito habitual encontrarmos portugueses no estrangeiro. Não resisti e perguntei-lhe: “Mas o que´é que estás a fazer em Sevilha ?”. O homem, com um ar orgulhoso, disparou convicto, “ora, Alhinho, vim ver o meu Benfica !.»

invasao