O “Manel” nasceu em Cascais e estudou naqueles colégios em que os padres não são pedófilos, as freiras não espancam e na cantina as empregadas não têm todas mais de 120kgs . O pai, engenheiro de profissão (mas pouca vocação) sempre andou em cargos estatais, à semelhança do avô. Assim que terminou o ensino secundário, fez o que seria natural – entrou na faculdade de Direito e teve como colegas todos os outros filhos dos outros engenheiros estatais.

O Manel não foi brilhante no curso, isso queria dizer que não valia a pena meter a cunha para a PLMJ. Abria-se a hipótese de recorrer aos favores da Jota partidária de que fez parte e nunca foi sequer a uma reunião, mas o Manel não queria para já fazer nada de tanta irresponsabilidade. Uma bela madrugada, quando ele e as vodkas saíam de uma discoteca de betos, um amigo qualquer perguntou-lhe se não queria “meter-se” no futebol, o Manel pensou e até lhe agradou a ideia, via-se a entrar no Estádio da Luz com todos os cromos da Direcção a dar-lhe fortes apertos de mão e a pedir-lhe favores…o Manel vomitou, sujou os Kleenexs todos à namorada…mas acabara de descobrir a sua vocação.

De forma fácil, um advogado qualquer, amigo do pai ou de outro amigo qualquer de outro pai qualquer, ajudou o Manel a conseguir encontrar lugar como vogal num departamento desinteressante de uma das instituições que governam o futebol português. Não havia nada para fazer e o Manel depois de 3 anos a coçar o escroto ficou sem oportunidades para mostrar a sua competência. Perguntou a outro vogal que casualmente se encontrava a trabalhar e finalmente descobriu como é que se subia a escada de poder naquele sítio. Primeiro o Manel tinha de ser “apadrinhado” por um clube ou empresário ligado aos negócios do futebol e só depois a coisa arribava.

O Manel tinha pressa, a namorada queria casar, mas o cargo “vogal” não soava bem na nota das revistas cor-de-rosa. Fez tudo certinho e tornou-se “amigo próximo” e da “confiança total” de um empresário ligado a um grupo que detinha uma tv de desporto de sinal fechado. A partir daí e mesmo sem ter de comprometer-se a “sujar as mãos”, o Manel foi galgando terreno. Quanto mais galgava, mais o elogiavam. O negócio era simples: low profile e “faz o que tiveres de fazer”. Para o nosso “alpinista” a coisa corria de feição, mas assim que ocupou lugares de decisão, foi chamado para um “baptismo”.

Neste rito cheio de putedo, droga ou só uma das atracções, o Manel teve a oportunidade de apertar as mãos papudas dos “yes men” de alguns presidentes de clubes, empresas e partidos. A partir daquele dia faria parte do “grupo”, assim uma espécie de sociedade secreta, a favor de um clube ou empresa que necessitavam do Manel para juntos “combaterem as forças do mal do outro clube/empresa”.
Desde esse dia, nunca mais o Manel pôde ficar de fora das decisões manhosas, dos casos e dos pareceres completamente enviesados que justificariam tudo e um par de botas…tudo em bom nome da luta contra o inimigo…”aqueles corruptos que vão dar cabo desta merda toda se nós deixarmos”. Nos tempos livres os laços com outros políticos e empresários eram cada vez mais frutíferos, o Manel já acumulava cargos em direcções de várias empresas e até já criava empresas que já sabia que seriam compradas.

Durante todo este crescimento ao Manel nunca ocorreu pensar na integridade moral do que fazia. Os carros de alta cilindrada, as casas, mas principalmente, o estatuto social adquirido deixavam o Manel orgulhoso, afinal tinha seguido as pisadas do pai e do avô, também eles nos seus áureos tempos tinham “pedido e cobrados favores”, também eles tinham sido pessoas admiradas e “respeitáveis”. A “Verdade Desportiva” do Manel eram as fotos no facebook como VIP Guest de finais europeias, abraços aos maiores jogadores e treinadores de todos os tempos.

*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca