Antes de deixar a minha opinião sobre a entrevista de Bruno de Carvalho, ontem, à SportingTV, gostaria de chamar a vossa atenção para a forma vergonhosa como O Jogo deturpa o objectivo dessa mesma entrevista. «Bruno aperta Marco», é o que este órgão oficial do fcPorto, em tempos o mais bem informado sobre tudo o que se passava em Alvalade (Carlos Freitas, estás por aí?), chama para manchete, mantendo a sua linha de constante manipulação de tudo o que se passa no universo verde e branco.

Pois o que Bruno de Carvalho fez, ontem, foi tudo menos apertar o treinador. Aliás, o voto de confiança televisivo já tinha sido dado pessoalmente, na quinta-feira, numa reunião onde o treinador ficou a saber o que também nós ouvimos: a direcção reconhece que existe trabalho e que esse trabalho se reflecte nas exibições da equipa. Há futebol e criam-se mais oportunidades em cinco jogos do que se criaram, em algumas épocas, em 15 ou 20, daí que a perspectiva seja, obviamente, a de que o caminho será para melhorar e que não faria sentido o lugar do treinador estar em causa.

Este foi, para mim, o ponto mais importante de uma entrevista onde também gostei de ouvir o presidente assumir toda a responsabilidade do que está e do que possa vir a passar-se. Tendo assumido a pasta do futebol, faz todo o sentido que dê a cara quando algo não corre bem, mesmo que, em meu entender, considere que Bruno de Carvalho deveria gerir melhor a frequência das suas aparições televisivas, não só para proteger a sua imagem, mas dando mais espaço a que Inácio e Virgílio também falem (eu sei, existe a máxima do “a uma só voz”, mas essa máxima não se perde se todos estiverem em sintonia).

Houve igualmente tempo, para um puxão de orelhas a Dias Ferreira e uma valente reguada a Manuel Fernandes. Não me choca, minimamente. Acho, até, que no caso do “velho Manel”, a reguada já devia ter chegado há mais tempo. E custa-me, ó se custa, pois foi com o Manel a marcar golos que aprendi a ser do Sporting e, agora, vejo um símbolo do nosso clube a destilar veneno de cada vez que comenta. É triste, mas talvez se perceba melhor numas futuras eleições.
Também não me chocou minimamente, o facto de Bruno de Carvalho referir directamente o nome do Maurício. Porque, parece-me, fê-lo com o objectivo de defender o jogador: errou, é verdade, mas não podemos esquecer-nos que, no passado… e recuperou momentos mais felizes.

Depois, as contratações, sobre as quais, se tudo correr bem durante a próxima semana, escreverei um post. Basicamente, aquilo que quem quiser estar bem informado vai perceber: mesmo que um jogador experiente e acima da média custasse cinco milhões, o seu ordenado seria equivalente ao de dez dos jogadores contratados. E mais não digo, porque acho que isto merece um post.

Mas já que falamos de jogadores mais experientes, não pude deixar de anotar a passagem em que o presidente do Sporting recupera o projecto: primeiro ano, ano zero, estabilizou-se com recurso muito mínimos; este ano a ideia seria manter a mesma equipa (Bruno falou de Rojo, mas esqueceu-se de Dier, que seria titular), acrescentando-lhe soluções. Assim sendo, está a fazer-se o planeado. Mas o presidente disse, também, que essas soluções seriam (e foram), jovens jogadores com potencial e com larga margem para serem valorizados. Disse, mesmo, que a chegada de Nani acabou por ser uma oportunidade momentânea. E, face a isto, a leitura que eu faço é: se calhar, este projecto precisa de ser explicado muitas mais vezes. Porque, e basta atentar em vários comentários lançados pelo universo leonino, a ideia que se faz é que este ano era para reforçar a equipa à bruta e ser campeão! Não é, ficou ontem bem explícito. Faz sentido falar em lutar pelo título? Faz, claro. Afinal, vimos de uma época em que o fizemos e, para lá dos vergonhosos erros de arbitragem, talvez não o tenhamos alcançado por falta de opções no banco. Existindo essas opções, é normal que estejamos mais perto de alcançar esse desejado título, mas não podemos esquecer-nos de um pormenor: projecto de quatro anos, uma base consolidada, reforços com potencial que podem não render no imediato. Conclusão: ser campeão não pode ser uma obrigação, mas foi essa mensagem que chegou a milhares de Sportinguistas. Problema de comunicação ou de interpretação?

Por último, a parte feia da entrevista. Aquele «coitado do Tanaka que ainda nem teve oportunidade», soou-me a recado. Ou a bitaite técnico, se assim preferirem. Aliás, houve alguns momentos em que o presidente resvalou para o campo da táctica e da forma de jogar da equipa. Desnecessário, em meu entender. Bruno, pá, tens feito tanta coisa e tanta coisa bem feita, que não precisas de preocupar-te com extras desses. Se quiseres fazê-lo, passa pela Tasca, bebe um copo e, com um nick catita, deita cá para fora o teu lado de treinador de bancada.