Eu sei o que é que estás a pensar: tivemos uma sorte do caraças! Primeiro, apanhámos uma equipa fragilizada num momento em que tanto precisávamos. Depois, lesiona-se um gajo e marcamos no período em que estava a ser assistido. Os gajos tinham o Evaldo e, pior, tinham o Gladstone (a propósito, quando um lampião te disser que levou 5-3 porque tinha o Chalana no banco, diz-lhe que acabaste com o Gladstone em campo. Flawless victory!). E o raio do adversário não apertou a nossa defesa o suficiente! Assim se explica este resultado gordo, enganador, porque esta merda continua na mesma e está tudo perdido e o treinador devia trocar a carta ao pai Natal por uma para o subsídio de desemprego!

Se partilhas estas ideias, aconselho-te a parar a leitura por aqui. És capaz de ficar nauseado com o que se segue e, aviso-te desde já, na Tasca não há cá comprimidinhos para más disposições. Já agora, quero mais é que vás oferecer os teus entrefolhos ao Reinaldo, apesar de ter que concordar contigo: esta merda continua na mesma. Com uns ajustes, é verdade, que até fizeram considerável diferença, mas, na base, temos mais do mesmo: dominamos os jogos de forma esmagadora, criamos oportunidades de golo em catadupa, necessitamos de comprimidos de confiança quando a bola ronda a defesa. Coisa para o Paulo Bento equacionar aquela máxima de que se quer ver bom entretenimento, vai ao cinema, percebes?

Ainda aí estás? És um resistente, caraças! Então, diz-me lá: curtiste o futebol champanhe que o Adrien, o Nani e o João Mário te ofereceram? Eu curti. Dei comigo a sorrir, feito parvo, enquanto eles trocavam a bola. Assim, três gajos formados na Academia, a dar chocolate do mais puro cacau, com um quarto, o William, meio desconcentrado na tarefa de amparar-lhes todos os golpes (ó Xistra, vais ser castigado por não teres expulso o Carvalho). Assim como quem não quer a coisa, estamos a dar ao próximo seleccionador nacional metade da equipa (junta-lhe o Patrício), sendo que a outra metade se não saiu da Academia é porque o Jorge Mendes não quer. Ah, porra, onde é que eu ia? Desculpa lá o entusiasmo, mas gostei mesmo de ver aqueles três a jogar à bola (diz que o Freitas Lobo acabou a transmissão a apanhar choques, porque as cuecas não aguentaram tanta pinga e fez curto circuito com os fios que lhe passavam nos pés).

A forma como o Nani fazia toda a zona interior direita, da linha à cabeça da área, alternando com o João Mário (e, quando entrou Carrillo, inverteram esses momentos para a esquerda) foi preciosa. A forma como o Adrien entendeu quando devia ficar ou juntar-se-lhes, sem esquecer as trocas posicionais quando o Jonathan surgia embalado (tantas ganas e tão boas indicações, puto, mas um longo caminho a percorrer em termos de controlar os ímpetos e o posicionamento em algumas situações defensivas), completou a noite. Que, para ser perfeita, teria sido coroada com um golo do Montero, fazendo a mão cheia depois da bomba do Adrien, do bailado que antecedeu o golo do Nani, e das duas vezes que o João Mário encarnou o Magic Johnson (que saudades, Earvin!): primeiro oferecendo a Slimani (enervante na primeira parte, um tosco senhor jogador na segunda), depois a Carrillo (e o estúpido do puto que devia ter ido com os porcos e que já leva três golos, assistências e exibições consistentes, hum? Qualquer dia ainda te faz esquecer que o Gaitán é que é bom).

«Faz lá a tua festinha, que para a semana levamos com o Porto e logo tens que voltar às tuas postas motivacionais!». Epá… com essa é que me tramaste! Mas, olha, tenho sorte! É que esta semana voltámos a jogar bom futebol e… ganhámos! Tivemos o que nos tem faltado, estás a ver? Até tivemos o regresso dos mortais do Nani, porra (épico)! Aproveita o mood, saboreia os golos e vai buscar parte daquela crença que te tem faltado. E, não tem esqueças: grita Spooooooooooooooorting! até sentires o raio do cérebro abanar!