Entre conversas de sportinguistas e alguns comentários pelas redes sociais, chorava-se há uns dias que “Quem apanha o FC Porto a 6 pontos, jamais os apanha”. Tudo isto bem juntinho com o facto dos lampiões terem duas alas de sonho, a sorte do costume e tudo a favor deles, tínhamos o caldo perfeito para a clássica bipolaridade sportinguista. Mas, tal como já tive a oportunidade de referir aqui na Tasca, só quem não percebe de futebol é que pode conceber que num campeonato com 34 jornadas, passando apenas quatro delas, estamos automaticamente despromovidos da luta pelo primeiro lugar. Esses são os mesmos que rapidamente se esqueceram que o Benfica esteve duas vezes a 5 pontos do FC Porto de Paulo Fonseca, para no fim fazer a festa. Ou que o Sporting esteve na mesma situação e acabou no segundo lugar, seis pontos à frente do clube do norte.

Há uns dias perguntava-me um amigo, de outras cores que não rivais, qual seria o problema do Sporting para se mostrar tão nervoso a entrar em campo. Eu estava com algum enjoo. Tínhamos acabado de empatar com o Maribor daquela forma parva e respondi “os sportinguistas”. Uma classe de adeptos que quer ter um clube à imagem de um Barcelona, Dortmund ou Ajax, não pode ser o extremo do racional quando se vence nem super emotivo quando se perde. O ideal é ser ao contrário. Quando se ganha é extravasar emoções, quando se empata (ainda não perdemos para quem não sabe) tentar ter alguma racionalidade. Questionar, o que correu mal, que jogadores estiveram aquém, serão os processos da equipa? Isso é muito diferente do destilar de ódio que se sente e das palavras jocosas para com os nossos atletas e treinador.

De um dia para o outro, bastou barrar o Gil Vicente com classe, para que em todo o lado o Sporting passasse de 3º grande para um dos principais favoritos à conquista. Afinal sempre sabemos jogar futebol, Marco Silva deu brilhantismo à equipa e, pasme-se, o Sarr não merece a fogueira pública que já lhe estavam a construir. Ganhar por 4-0 a uma das piores equipas da liga resolve tudo? Não claro que não. Garante-nos os três pontos para a semana? Era bom era.. Mas acabou com o fantasma de que a equipa não marcava golos, não construía e tinha um défice no meio-campo.

O futebol é momento. Em apenas dois dias um jogador passa de herói a besta e vice-versa. Só existe uma coisa que não muda com os “momentos”. O nosso clube, a nossa paixão e os nossos jogadores. Afinal, os nossos rivais ainda vão perder uns pontinhos. Afinal quem há uns dias criticava jogadores com a classe do Adrien ou o “não sei quê” do Carrillo já está hoje com a cabeça às voltas porque vai ter mesmo de os apoiar até ao fim. Não aceito que três empates façam despertar os alarmes de quem se diz sempre fiel. Nem aceito que sejam os próprios sportinguistas os primeiros a baixar os braços quando a luta ainda nem vai no início. É preciso vir um Freitas Lobo qualquer dizer “que classe do Sporting” e logo o rebanho acena que sim, estamos a jogar bem. Depois vem o Joaquim Rita “mau jogo dos leões” e rapidamente se colocam problemas na contratação do Sacko ou do Gauld ( já nem sei bem quem é o problema principal).

Esta semana, se o Sporting for derrotado em casa, continuamos a estar na luta. Se vencermos, não somos campeões mas ganhamos uma embalagem para um fim de volta muito mais confortável. Da próxima vez que um colega leão escrever um comentário a destilar ódio com todas as coisas que estão mal no nosso clube. Pare. Pense. “Será que o problema são os sportinguistas?”. Talvez a resposta seja sim.

 

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa