Como sabem, por esta altura gosto de reunir as melhores histórias de Natal para poder contar à criançada. Sei que ainda é cedo, já que ainda falta 1 mês para a Quadra Natalícia mas convém recolher já as histórias, até porque há muitas por onde escolher. Já poucos acreditam no Pai Natal, portanto, há que ser criativo e inventar novas histórias. Graças a Deus, não preciso de inventar nenhuma. Basta passar os olhos pelos pasquins do costume. Assim sendo, aqui vai:

1) Bruno, o Belzebú
Este é a história mais popular desta época natalícia. Fala de um Anjo que salvou a Igreja de Alvalade, que colocou o Sporting no bom caminho, que começou a gastar apenas aquilo que tem, que uniu os Sportinguistas e que foi uma lufada de ar fresco no futebol português. Subitamente, depois de comer o fruto proibido (honestidade), desafiou a Igreja da Corrupção e foi enviado para a Terra para penar como castigo pela sua rebeldia. Foi já na Terra que se transformou no Diabo, isolado pela Igreja, exovalhado pelas Bíblias e atacado por todos os fiéis. “Vá de retro, Satanás!”, “O Bruno come criancinhas!”, “Quem apoia o Bruno vai para o Inferno!”. Nesta história, Bruno, o Belzebú representa todo o Mal que existe na Terra.

2) A Última Ceia da Liga
Esta é uma história, à imagem da Última Ceia de Cristo e seus Discípulos antes de ser pregado na cruz. Só que em vez de Jesus, temos o Bufas. E em vez do São Pedro, o seu mais fiel seguidor, temos o Orelhas. “Comam pão! É o meu corpo! Bebam vinho, é o meu sangue!” uma metáfora para jogadores, dinheiro e outros géneros tão bondosamente distribuídos pelo Salvador. “Ámen!” dizem os tesos. Esta história terá o mesmo fim que a original. São Orelhudo dirá, em plenos pulmões, que nunca renegará o seu Senhor. O Bufas dirá que, antes da manhã nascer, o negará 3 vezes. Pelo meio haverá um Judas qualquer que, obviamente, será enforcado numa figueira (cheira-me ao presidente do Guimarães, que vai estrebuchar quando o começarem a gamar) E tudo acabará com a morte do Bufas que depois ressuscita e com São Orelhudo a tomar as rédeas da Igreja da Corrupção.

3) A alegoria da Nossa Senhora Imaculada Liderança de Carnide
Esta é a história de 3 Reis Magos. João Capela, Manuel Mota e Duarte Gomes. Todos eles a caminharem kilómetros atrás de kilómetros para oferecer as suas prendas para a Virgem Maria de Carnide e seu Menino Jesus. Pegaram-no ao colo, encheram-no de mimos e, em vez de insenso, ouro e mirra, ofereceram penaltys, expulsões e golos anulados. Um sem número de oferendas para Jesus e a sua família. Outros “Reis” lhes seguiram. O Paixão, o Ferreira, o Proença. Todos eles com uma prenda dominical. Um exemplo de grande fé e devoção pela Igreja da Corrupção.

4) No Fundo é que está a Verdade
Esta é uma história de um Santo que assentou arraiais em Portugal. “Tomem,meus filhos! Levai dinheiro! Comprai jogadores! Eu ofereço! Fiel presidente, quereis o jogador e pagar uma perna? Eu vendo! Quereis, a seguir, vender um olho para pagar o ordenado? Eu compro! Estou aqui ao seu serviço, fiel presidente!” Esta é a história de um filantropo louvado pelos fiéis por salvar os clubes portugueses da falência. Um Santo que, depois de dar a extrema unção, pega na trouxa (leia-se, jogadores) e faz-se à estrada para “ajudar” outros pobres desgraçados, oprimidos e sem cheta. Na hora da morte, são eles que afagam a cabeça dos moribundos clubes. São eles que estão lá no último suspiro. Glória ao Fundo! Ou…Ao fundo, a glória. Como preferirem.

5) Duque, o Salvador
Frei Duque, um pároco que tão bem soube pregar na Igreja de Alvalade. Tão bem que ainda hoje há quem suspire por ele. Mesmo depois do coxo do Jeffren. Deu-nos a felicidade de um título. Pós-se a milhas depois de enterrar dinheiro em cepos. Hoje, é o mais recente e recauchutado pregador da Igreja da Corrupção. Os clubes confessam-se, pedem e ele perdoa e concede. “Frei Duque, perdoe-me porque pequei! Impedi um jogador de jogar contra o Carnide! Não tenho dinheiro para pagar ordenados!” Estás salvo, meu filho! O Senhor vai olhar por ti! Se precisares de mais dinheiro, fala comigo e reza ao Santo Bufas e ao São Orelhudo e a Salvação é garantida! A Igreja da Corrupção olha sempre pelos seus filhos!” Ainda terá tentado pregar noutras freguesias, menos dadas à religião (patrocinadores). Sem sucesso. Resta-lhe continuar a pregar e esperar pelo cheque que os Santos acima referidos lhe vão passar para ele continuar a pregar A Palavra.

Mais histórias haverão para entreteter a criançada. Entre elas, a do Apocalipse em Alvalade e A crucificação do Nani. Sinceramente, eu prefiro a do Pai Natal. Mas isso sou eu, que não leio as Bíblias, apoio o Satanás e não mereço a Salvação.

 

* todas as sextas, directamente de Angola, Sá abandona o seu lugar cativo à mesa da Tasca e toma conta da cozinha!

 

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