É um facto mais que inegável que o campeonato está perdido e, com ele, a Taça da Liga e a Europa, onde tínhamos legítimas aspirações. Por mais que esmiucemos as más opções técnicas, tácticas ou administrativas, a verdade é que no final da temporada o balanço será feito e os responsáveis por mais uma época pouco competitiva darão a cara.
Os adeptos, por muito bipolares e pouco certos sejam, têm apoiado esta equipa até à exaustão. São muitas horas a cantar em estádios de rivais, muitas filas de espera, muitos espectáculos de fair-play, coreografias e estádios bem compostos, para que lhes seja apontado o dedo. Algo pouco visto em Portugal, quando uma equipa está a nove pontos da liderança e coloca 40 mil num estádio. Os sócios aumentaram, as camisolas venderam-se, os bilhetes esgotaram e, no fim, só sentimos a amargura de tentar agarrar o mísero terceiro posto num campeonato onde durante largas jornadas apresentámos o melhor futebol. Não falhámos no Dragão, nem naquele último minuto em Alvalade. Falhámos em Guimarães, no Restelo, em Coimbra. Contra os Moreirenses e Paços de Ferreira, em casa.

Por isto tudo, a equipa está em dívida para com a massa associativa. Pedimos-lhe pelo menos raça, vimos passividade. Pedimos que lutassem pelo impossível, vimos resignação. Pedimos que se revoltem quando 40 mil cantam a nossa música, vemos 45 minutos sem um remate à baliza. Está na hora de devolverem aos adeptos tudo aquilo que têm feito nas últimas duas épocas, quando um projecto nos fez voltar a casa, quando um barco a afundar pareceu ter, finalmente, algum rumo.

Já só existe um objectivo: vencer a Taça de Portugal. E isso passa, obrigatoriamente por deixar para trás o Nacional da Madeira. Uma equipa perigosa, muito bem orientada e com uma capacidade de jogar em contra-ataque fora do normal. Este é o Nacional a quem não vencemos o ano passado e onde arrancámos uma vitória a ferros na primeira volta do campeonato. Marco Silva e seus rapazes terão de ter muito cuidado com as acções de Marco Matias, Rondon, Lucas João e o prodígio Gomaa. Trata-se de uma equipa com talento, que conhece bem as suas limitações e que mantém o sonho de ir até ao Jamor.

Esse sonho, durante aqueles 90 minutos, não poderá passar pela cabeça dos homens de negro e branco. Peço nada mais nada menos do que um sufoco total, sem chico-espertice, sem acharmos que é apenas um jogo de calendário e que o bilhete está carimbado para a final. Não está. Queremos talento, bola no pé e o regresso do Sporting que não sabe fazer mais nada se não olhar para a baliza. Depois da primeira mão, é desejável que se comece a pensar como comprar os bilhetes, quem leva o carro de quem. Afinal, como fazemos com as bifanas, música e grades para o almoço. Quero por na bagageira do meu carro o garrafão com aquela aguardente, o cachecol e a bola para os rapazes jogarem (assumo que dar um chuto numa coisa redonda nunca foi, de todo, o meu forte, a não ser que seja o Duque). Quero convidar amigos, ver velhos conhecidos e partilhar entre todos o sentimento de ser Sporting, um dos mais verdadeiros e sinceros que existe. E se os nossos queridos jogadores não percebem o que é a Festa da Taça, então que o Marco lhes faça chegar até eles um belo vídeo da carne ao grelhador, das minis e das fatiotas criativas.

Caros jogadores que compõe o plantel leonino, sei que ninguém está mais desolado que qualquer um de vocês. Sei que queriam conquistar mais. Mas deixem-se de lamúrias! Nós agora queremos é a Festa! Rumo ao Jamor!!!

 

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa