Não há muito a dizer sobre o jogo para além disto. Empatámos com o Benfica e Belenenses, fomos eliminados pelo Wolfsburgo e agora a derrota no Dragão. “E tudo o vento levou” era um bom título para a rubrica desta semana. Ou o tradicional “para o ano há mais” também serviria para titular. Como achei que seria redundante a tudo o que lemos na net, optei por olhar por uma outra perspetiva.

A abordagem a uma derrota será sempre a mesma. Desilusão. Azia. Deceção. Incompetência. A procura de explicações é constante e as respostas vão sempre levar a uma verdade inconsequente – O Sporting Clube de Portugal é o melhor clube do mundo. A verdade é contraditória porque nunca se consegue responder à questão: como é possível o melhor clube do mundo perder?! A dura derrota abalou a minha situação emocional de ontem e vai influenciá-la para o resto da semana. Então quando moras no Porto, ouves e muito! Ir às redes sociais depois de uma derrota do Sporting é como um ritual de autoflagelação. O meu sofrimento a ler a opinião dos nossos e dos outros está muito acima do que um ser humano se devia permitir. Enfim.

Mas foi nesse momento que percebi a outra perspetiva da derrota. E esta resume-se numa simples palavra: Incómodo.
Consigo facilmente situar no tempo a rutura em relação ao status quo que se gerou em relação ao Sporting. O estado do clube era sempre o mesmo independentemente do que fizéssemos. Jogávamos um campeonato calmo para um terceiro classificado, íamos naturalmente perder no Dragão e na Luz, nunca importunando muito a luta a dois que ainda hoje existe. Éramos aquele clube simpático, bom formador, que sempre alimentou os seus rivais com o melhor que se fazia na academia. Frases como “eu até simpatizo com o Sporting” eram ouvidas frequentemente. Mas só diz isto, quem não coloca o Sporting no mesmo panorama competitivo. Ninguém simpatiza com um rival! Ninguém simpatiza com algo que incomoda! Portanto, nós não “andávamos por aqui”. Algo estava mal!

Até que surgiu o Presidente Bruno de Carvalho. Ele disse-NOS “presente” e encarou as responsabilidades de frente. Assumir, decidir e resolver são palavras que entram no dicionário do Bruno, mesmo sabendo que, com as decisões, virão consequências.
Viemos para incomodar!

Ontem, no estádio, sentiu-se a rivalidade. Sentiu-se aquele gosto em ganhar ao grande Sporting. Eles estavam contentes, como também estavam os benfiquistas quando empataram. Os cânticos provocatórios eram mais que muitos. E naqueles 20 minutos iniciais, recordo o bom que foram aquelas trocas de bola alucinantes do Maicon e o Marcano à procura de um Casemiro, que foge de sair a jogar como o “diabo foge da cruz”. E os assobios. Até a tarja dos SD nos dá a importância de um adversário, de um rival. O Facebook estava inundado de vermelhos e azuis a vangloriarem-se por uma luta a dois pelo campeonato. Tudo gozava. Todos estavam contentes. Perante isto, vou repetir o que disse:
Estamos a incomodar!

O fosso que nos distanciava é agora mais curto. Somos um alvo “gostoso” de abater. Ainda não estamos no topo mas dois anos foram suficientes para recuperar anos de afastamento. Gosto de ser levado a sério. Gosto que venham para cima depois de nos vencerem. Gosto que digam que já não simpatizam com o Sporting. Gosto que não aguentem com o Bruno. Gosto que cantem as nossas músicas.
Vamos continuar a incomodar!

Hoje, tal como em todos os dias da minha vida, reforço o meu orgulho sportinguista ao escrever este texto. Mexer, importunar, aborrecer, enfadar, inquietar…INCOMODAR! É este o outro lado da derrota.
Fiel à minha crença,
Ao meu amor, à minha fé
Sporting, nunca te vou deixar,
Fazes parte de mim!

 

ESCRITO POR Adrien S.

*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]