A presença de Liedson em Alvalade parece ter sido mote para várias reacções. A prová-lo, o facto de na caixa de correio da Tasca terem caído dois textos sobre o Levezinho.

«UM JOGADOR ESPECIAL»
liedson-o-levezinho-_72060Sendo hoje quarta-feira, decidi fazer o meu segundo post como tasqueiro. Trago-vos um tema que sei que vai levantar dois tipos de críticas. Uns concordarão comigo e outros vão pô-lo no mesmo saco de judas como simão, moutinho, quaresma e outros. Apesar de no final da sua carreira ter representado por empréstimo um clube do norte que “não gosto” particularmente, foi uma das principais imagens do nosso clube na altura em que comecei a gostar de futebol. Falo, como muitos já perceberam, de Liedson que nestes últimos tempos tem sido um dos focos da imprensa após ter assistido à meia final da taça de Portugal na tribuna.

Estava ontem a navegar no facebook quando me apareceu no feed uma imagem do instagram do próprio Liedson com a seguinte descrição: “Todos sabem o carinho e o respeito que tenho pelo Sporting e o carinho que recebi e o que o clube representa na minha vida. meu coração ainda bate forte pelo Sporting. Foram oito épocas aqui, mais de 300 jogos e 100 golos. Agradeço ao Porto por ter me dado trabalho porque se não fosse eles eu ficaria desempregado e eu tenho carinho pelo porto. Mas meu coração é Sporting eu sempre serei Sportinguista ”

Liedson foi um dos melhores avançados que vi jogar pelo Sporting. Lembro-me de golos de cabeça, de fora da área, até de pontapé de bicicleta! Um dos golos que mais me marcou na minha vida como Sportinguista (até agora) foi sem dúvida aquele na final da taça de Portugal, em 2007 com a assistência do Miguel Veloso pelo lado esquerdo. Golo esse que decidiu a final e que nos trouxe a 15ª taça de Portugal para casa. Era um autêntico matador na área e os adeptos sentiam um carinho especial por ele. Eu não era exceção. Jogou 8 anos de leão ao peito e no dia 4 de fevereiro de 2011 despediu-se de nós em lágrimas.
O capítulo do nº31 do Sporting encerrou-se… E voltou a abrir-se quando em janeiro de 2013 veio por empréstimo para o clube do norte. Diz não ter tido alternativa pois estava desempregado. O pior de tudo foi ter dito que “Na verdade, era um desejo de há alguns anos”. Se calhar foi apenas uma má escolha de palavras, mas a verdade é que estragou em meia época uma imagem que tinha criado em oito.

Apesar de ser considerado por muitos um traidor, eu não me revejo nessa opinião. Honrou sempre a camisola do Sporting quando esteve connosco e sempre deu tudo pelo clube. Mais tarde apenas veio demonstrar que nos tempos em que vivemos o dinheiro é que rege o futebol. Para mim será sempre um jogador especial. Como pessoa, não tanto…

ESCRITO POR Rochemback

*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]

 

«GOSTAR OU NÃO GOSTAR, EIS A QUESTÃO»
Num dia importante para o futuro leonino, apuramento para a final da taça, estava na bancada de Alvalade o Liedson. Assim que vi a partilha da presença do brasileiro, apeteceu-me escrever sobre ele.

As estatísticas dizem-me que foi um dos avançados mais influentes que passou pelo grande Sporting. Atingiu os 170 golos em 313 jogos e de todos esses golos, logo 11 deles foram contra os vermelhos. O seu corpo magro e franzinho deu-lhe a alcunha pela qual todos o gostávamos de tratar – Levezinho. Festejámos com ele duas taças de Portugal e duas Supertaças. Era um ídolo! Era um 31 para as defesas, não parava quieto e estava sempre em busca dos golos que punham a curva a cantar. O seu tradicional coração quando festejava era marca registada. Ainda hoje o Luisão tem pesadelos com ele. Todos sabíamos o que dizer antes de um jogo. “O Liedson resolve!”. E realmente resolvia. Teve a honra e o privilégio de ultrapassar o grande Yazalde na lista dos melhores marcares de sempre deste grande clube. Participou no fantástico jogo de Alkmaar. É o melhor marcador de sempre do Sporting nas competições Europeias. É o jogador estrangeiro com mais golos marcados de sempre, ao serviço de uma equipa portuguesa. Que honra Liedson!! Que honra!!

Aos 33 anos resolveu finalizar a etapa no nosso clube e rumar ao Timão. Dizia que ia para terminar carreira. No seu jogo de despedida, todos ficámos tristes por ver partir aquele que chegou a envergar a braçadeira de capitão. Discursou palavras bonitas e emocionou-se! O Liedson tinha eternizado o nosso respeito… era um dos nossos! Normalmente costuma-se dizer que o tempo muda tudo. Mentira. Fazer algo é que muda as coisas. Não fazer nada, deixa tudo exactamente na mesma. E o Levezinho resolveu não deixar tudo como estava e assinou pelo porto. Quem sabe alguma vontade escondida ou em busca de uns trocos a mais para o pão, veio viver para a invicta. Que desilusão! O meu ídolo traiu-me! Em nome de um pseudo-profissionalismo que veio ao de cima aos 36 anos, Liedson estragou tudo o que tinha conquistado em cada um dos 4 milhões de corações.

Admito que quando penso no Levezinho faço um sorriso (e o início do texto mostra saudosismo) mas se penso mais que 1 minuto, começo a ficar irritado. Odeio pessoas sem valores e sem carácter. Ele já não era um profissional de futebol, mas sim um ídolo. Daqueles que aparecem na informação das equipas no Football Manager e que nunca mais saem de lá. Daqueles que são aplaudidos de pé quando regressam a Alvalade. Daqueles que nunca são esquecidos. Daqueles que nunca desiludem. E na quarta-feira, em vez de ter estado escondido numa tribuna, tinha ido para o meio do relvado para ser aplaudido.

Deixo-vos um post do João Benedito aquando da assinatura pelo porto: “(…) somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos. Tudo foi tolerado: as calças de fato de treino, os gritos no túnel, o tecto salarial, os pontapés o minuto 89 que valeram desqualificações no jogo a seguir, as chegadas atrasadas depois das férias e, para mais, o aceder a querer terminar a carreira no Brasil. Agora, em final de carreira, por seis meses, um daqueles que foi condecorado Deus no nosso Olimpo decide voltar atrás, regressar ao nosso país e ir para um rival!!! Cada vez me capacito mais de uma coisa: ídolos, referências ou símbolos não são feitos de defesas, golos ou juras de amor eterno…isso é dever profissional ou forma fácil de agradar. Ás vezes confundem-se, injustamente, estes conceitos sem que se tenha a garantia do caracter da pessoa.”

liedsontripasLiedson: Gostar ou não gostar? Esta é fácil de responder. Já gostei muito, agora é mais um… e esta será sempre a minha última imagem dele. Que desilusão!

ESCRITO POR Adrien S.

*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]