Depois das emoções do futsal e do hóquei, era grande a expectativa para ver se tais demonstrações de esforço, dedicação e devoção era copiadas pela equipa de futebol. É óbvio que a comparação de entrega faria mais sentido se estivéssemos a disputar um título, mas, no fundo, o que se pedia era vontade de ganhar. Susto logo a abrir, com João Pedro a desperdiçar o brinde inicial, seguido de uma resposta clara: Fredy Montero a trabalhar bem e Mané a soltar o sorriso de puto traquina, depois de fazer dançar as redes da baliza Moreirense (se querem discutir o fora de jogo, utilizem a rotação virtual e tracem uma linha entre Mané e o defesa que, junto à lateral da grande área, coloca toda a gente em jogo)

Entrada de Leão, tal como frente ao Boavista, surgindo de imediato nova dúvida: terão aprendido com esse desligar da concentração imediato, que tudo complicou há oito dias? A resposta foi sim. Com André Martins a baixar para o lado de William, dando liberdade a Montero, a Mané e a Tanaka para alternarem no posicionamento, deixando Nani mais fixo sobre o corredor esquerdo, o Sporting deixou bem claro que facilmente podia entrar na área adversária. Na defesa, Paulo Oliveira e Ewerton sobravam para as encomendas e a única forma que os cónegos encontravam para chegar perto da baliza de Rui Patrício era através de bolas longas e directas ou de remates de fora da área.

monterokickO jogo adormeceria, até pouco depois da meia hora, altura em que William (jogo estranho de William, entre o corri por mim e por outros até ficar sem ar, mas fartei-me de perder passes e bolas de forma displicente) recupera o esférico e permite a Mané embalar rumo à área. Toque artístico de Tanaka na combinação, Mané mete para o coração da área onde Nani, primeiro, e Cédric, depois, rematam contra defesas; ressalto caprichoso e Fredy a sacar um pontapé de moinho totalmente em jeito. Golaço do colombiano que, dois minutos volvidos, faria uma assistência involuntária para o remate certeiro de Tanaka. 0-3 e jogo resolvido, enquanto eu ia desejando mais dois na peida do vendido do Marafona. Acontece que a equipa desligou nos últimos cinco minutos da primeira parte, permitindo ao Moreirense subir e criar situações de golo. A primeira foi mal anulada, a segunda também acabou dentro da baliza e contou, depois de um lance que parecia para os apanhados e que fez Marco Silva ficar a falar com os seus botões e a mandar caralhadas ao longo de uns bons 20 segundos.

Com toda a gente a dormir em campo, veio mesmo a calhar o intervalo. No regresso, novamente o Moreirense a ter a primeira oportunidade e novamente por João Pedro. Responde Nani, num remate com mira elevada e o jogo entra em quinze minutos de parada e resposta, jogado com muita vontade e com pouca cabeça e que mostrava que o Sporting estava a perder o domínio do meio-campo. Face ao 2-3 iminente, Tanaka cede o seu lugar a João Mário e o jogo praticamente acaba. Mané, logo a seguir, está perto de voltar a festejar, mas seria Fredy Montero, o tal que muitos acham dispensável e outros tantos usam como bandeira para acenar a teoria do balneário destroçado psicologicamente por má gestão de recursos humanos, a fazê-lo. Já perto do final, o colombiano responde de cabeça a um cruzamento certeiro de Diego Capel, entretanto entrado para o lugar de Nani (enorme aplauso para a atitude do espanhol) e acerta o placard final.

Um placard que, para o treinador do Moreirense, Miguel Leal, se deve ao golo anulado à sua equipa. Tenho pena é que, há dois meses, quando neste mesmo estádio, frente ao benfica, sofreu um golo na sequência de um canto inexistente, viu um jogador seu ser expulso quando guiava um contra ataque e ainda viu ser-lhe roubado um penalti claro, numa das mais vergonhosas arbitragens deste campeonato onde nem faltaram os frangos do comprado Marafona, o mesmo Miguel Leal tenha afirmado «Não vou falar da arbitragem. É verdade que o jogo foi decidido no primeiro golo [do Benfica] que não era canto e era amarelo para o jogador. Mas não vou entrar por aí […] Sem fazer um jogo brilhante, a minha equipa e os meus jogadores fizeram o que estava previsto. Enquanto houve jogo a minha equipa esteve bem. Depois do primeiro golo [dos encarnados], o Benfica venceu bem».

Então olha, ó Miguel Leal, um enorme «na peida!» para ti e para o Marafona! Fica praí a fazer figura de lambe pilas que eu vou continuar a sorrir, depois de um fim-de-semana à Sporting onde um dos meus jogadores preferidos me trouxe a sobremesa.

p.s. – chupa!