Já não temos hipóteses. Por muita concentração que tentemos ter, por muito que o pensamento tenha de estar fixado num outro lugar, sempre que nos deixamos divagar, sempre que a mente se distrai, lá vem o dia 31 de Maio para nos dar um nervosinho miúdo.

Esta semana não me falem de campeonato, nem de Europa. Não me distraiam com hóquei, andebol, futsal ou formação. Nem pensem chatear-me com a polémica Marco Silva e Bruno de Carvalho, ou com o nosso fraco site, com a injustiça da distribuição de bilhetes ou com os nossos claros problemas de comunicação. Não quero saber da renovação do Carrillo, nem do Cédric, nem do André Martins. Não quero saber se o Slimani vai assinar com metade das equipas do fundo da Premier League ou quantos interessados tem o William a seus pés. Muito menos me falem de ordenados, birras, emprestados ou vendidos.

Esta semana serve apenas para recordar o Tiui e o Levezinho. Serve para nos lembrarmos dos míticos 5-3 aplicados em Alvalade ou da grande vitória no Dragão, que nos embalou até ao Jamor. Esta é a semana que pensamos em ganhar troféus e nos bons momentos que vivemos nesta competição. Temos cinco dias para lembrar a caminhada vitoriosa, que permitiu a afirmação de Paulo Oliveira e Tobias. Que nos deu um Ewerton goleador. Que nos deixou ver Podence em estreia pela equipa principal. No fundo, desde aquela tarde no Dragão, temos vivido a festa da Taça no seu verdadeiro esplendor, chegando com naturalidade ao momento da decisão.

Nem vale a pena reforçar a necessidade que temos de vencer uma competição com a Taça de Portugal, ou da necessidade que temos em regressar aos títulos. Nem falemos do Jamor como algo político, que pode resolver algumas questões internas com o treinador. Todos sabemos, todos os jogadores sabem e todos juntos conseguiremos trazer o Sporting de regresso às vitórias.

Mas este é também um momento para reflectir nos momentos menos bons, como a última vez que nos apresentámos no Estádio Nacional. É altura para voltarmos a pensar no que nos afastou tantos e tantos anos de um lugar que era nosso por direito e que a nossa história tratou de assegurar. Eu estava lá quando o Marinho marcou o golo aos quatro minutos. Em campo vi um conjunto de jogadores confusos, um treinador desesperado e um clube completamente à deriva. Naquela final marcámos o início que uma Era negra, muito mais complexa do que poderíamos imaginar nos nossos piores pesadelos. Nada como o Jamor para sarar essa ferida, para perceber que nada está ganho antes do apito final, para respeitar (e muito) o nosso adversário.

A contagem decrescente começou e são milhões os corações verdes e brancos que mal podem esperar para fazer a festa. É altura de aquecer os grelhadores e a grelhas. Altura de gelar a cerveja e preparar o cachecol. Pegar na bola e nos miúdos, cantar durante uma tarde, rever amigos e conhecer alguns novos. É altura de celebrar, sim, celebrar. Afinal, há quanto tempo estamos privados de o fazer? Todos juntos, pelo Sporting e para o Sporting. Estrutura, Presidente e Treinador. Jogadores dos mais velhos aos mais novos. Capitães e segundas linhas. Todos somos Sporting Clube de Portugal, um símbolo criado para vencer!

 

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa