Ainda há poucos dias, na ressaca do empate caseiro com o Paços de Ferreira, perguntava eu se as vitórias do Sporting valiam seis pontos, pois só assim se justificaria termos que ser sempre muito melhores que os outros e praticamente não termos oportunidade de ter um dia mau. Ora, ontem, a história repetiu-se. Aliás, o que se torna incomodativo é que a história se repete há semanas: cinco jogos oficiais, cinco partidas em que os nossos adversários não são unicamente a equipa que está do outro lado do campo.

Esta eliminatória, frente ao CSKA, fica claramente manchada por duas arbitragens ordinárias. E se, em Alvalade, ficaram dois penaltis por marcar contra os russos, um deles com um corte com a mão que até o Platini conseguiu ver, ontem somos brindados com um golo marcado com a mão (veja-se onde está o árbitro e o árbitro de baliza e constate-se que pelo menos um deles veria o que se passou) e com um golo anulado de uma forma que dá vontade de dizer “esta merda, só a nós”. Assim, é muito complicado.

teogoloE é ainda mais complicado quando a equipa não está a jogar bem, como aconteceu na segunda parte. Mas já lá vamos, porque na primeira parte soubemos ser uma equipa concentrada, bem posicionada e dando a ideia de poder marcar a qualquer momento. É verdade que os russos tiveram duas oportunidades flagrantes, mas não é menos verdade que foi o Sporting a impor o ritmo do jogo e a ter o domínio do mesmo. E o golo de Teo nasce de uma fantástica jogada colectiva, com a bola a rodar de pé para pé desde Rui Patrício até ao avançado colombiano. O Sporting tinha a eliminatória completamente na mão e nada deixava antever o descalabro dos segundos 45 minutos. Nem mesmo o golo sofrido a frio, aos 48, o tal marcado com a mão.

No fundo, esse golo como que colocava tudo como no início da partida, mas com a vantagem de já termos marcado. Agora, o que entra para o livro dos mistérios é a forma como a equipa foi amolecendo e, pior, foi oferecendo o ouro ao bandido. Não sei se foi falta de frescura física, não sei se foi falta de estaleca mental. Sei que fomos desaparecendo, fomo-nos desposicionando e acabamos a sofrer um segundo golo ridículo pela cerimónia que, pelo menos, cinco jogadores nossos fizeram em despachar a bola para a casa da mãe kikas. Slimani tinha entrado há três ou quatro minutos e a questão que se colocava era se iríamos reagir.

Reagimos, é verdade, não sei se por mérito nosso se aproveitando o facto dos russos voltarem a recuar para só jogarem em contra ataque (fica o meu desejo para que sejam o mais enxovalhados possível na fase de grupos). Aquilani testou a longa distância na marcação de um livre e, no canto que daí resulta, Slimani marca o golo que, a sete ou oito minutos do final, sentenciaria a eliminatória. Anulado. A equipa volta a entrar em piloto automático, Jesus não mexe em nada, perspectivando o prolongamento. Mas nova desconcentração colectiva (desculpa lá, Jorge, mas tinhas ali gajos que já não se mexiam, portanto tinhas tu que mexer), resulta em novo golo. Aliás, se a memória não me falha, o CSKA marcou nas três vezes que chegou à nossa baliza, na segunda parte. Inadmissível.

Agora? Agora é engolir em seco perante os 8 milhões e meio que voaram com esta eliminação. É engolir em seco por ter sido mandado Champions fora por um adversário que em nada nos é superior. É engolir em seco perante as dificuldades acrescidas que daqui podem resultar, em termos de patrocinadores. É tentar utilizar esta dupla vergonha de arbitragem para continuar a bater o pé por aquilo que defendemos. E é sermos homenzinhos e assumir tudo o que fizemos de errado. Jogadores e treinador. Sacudir a juba e, ao contrários dos que anunciam o fim do mundo, perceber que a época não acabou, bem pelo contrário. Ela ainda agora começou e o que temos a fazer é chegar a Coimbra e ganhar de forma inapelável, somando mais três pontos naquele que é o nosso maior objectivo.