Muitas vezes nos esquecemos que o futebol se joga dentro de campo e não fora dele. E, não raras as vezes, confundimos os protagonistas deste fantástico jogo, destinado a fazer brilhar quem o compõe: jogadores e treinadores.

Tenho sorte, temos todos, de ter assistido nos últimos 8 anos a um fenómeno que provavelmente nunca se repetirá no futebol mundial. Cristiano Ronaldo e Leonel Messi, dois extraterrestres que vieram este mundo com o simples propósito de marcar golos, quebraram todos os recordes, ganharam todos os prémios, todos os títulos e continuarão por mais uns tempos a fazê-lo.
Uma “rivalidade” única, com números incomparáveis a qualquer outro futebolistas, apimentada por um dos ódios mais antigos do futebol mundial: Real Madrid e Barcelona.

Todos nós teremos as nossas escolhas pessoais. Há quem entenda que o Messi terá mais génio, há quem defenda que nada disso é comparável com o tanque Ronaldo, capaz de marcar golos de todas as formas e feitios. Mas todos nós, que gostamos deste desporto e que por ele abdicamos parte da nossa vida, temos de nos fascinar com o que testemunhamos e com a marca na história que estes dois gigantes estão a deixar.

Para nós, sportinguistas, Ronaldo será sempre a maior bandeira da nossa formação. Porque nunca existiu nenhum tão bom como ele e, muito provavelmente, nunca mais vai existir. Foi curto o tempo que vestiu a verde e branca, mas o suficiente para mostrar um respeito digno de um verdadeiro campeão, com uma humildade que muitos dizem que não tem e com uma noção do que teve de trabalhar até chegar ao patamar mais alto da sua carreira. A lição a retirar do que foi Cristiano Ronaldo é que não existe nenhum jogador, por muito talento que tenha, que consiga ter uma carreira digna se não tiver respeito pelas suas origens e sentido de responsabilidade para com os clubes onde se encontra.

O melhor jogador do mundo e o melhor jogador português de sempre, sujeita-se a assobios vindos da bancada, mesmo sendo o marcador maior do seu clube, apenas porque os adeptos estão cansados do seu egoísmo. O tal egoísmo que levou à conquista da Décima e o tal que lá vai coleccionando os poucos títulos que o Real consegue vencer. Tudo ele suporta, mesmo a injustiça da bancada e dos media, apenas porque quer vencer e com a camisola branca. Hoje, conquistou a sua quarta Bota de Ouro e bateu mais um recorde: primeiro jogador de sempre a fazê-lo.

E saber que tudo isto começou na Madeira, onde alguém o viu e alertou o mestre Aurélio Pereira. Com a sorte de ter uma mãe sportinguista que reconhecia no seu filho capacidade para muito mais, que o deixou seguir o seu caminho e lhe ensinou a importância da força mental. Saber que tudo isto começou porque Boloni viu mais que outros, porque encantou o Super Manchester de Sir Alex e aí traçou o seu destino de ser um dos melhores de sempre.

O orgulho de saber que tudo começa no Sporting e que ali se cria um dos grandes da História e o jogador português mais incrível de todos os tempos. A esperança de o ver entre nós outra vez não é mais que isso, uma esperança, mas sabemos que aconteça o que acontecer, Cristiano terá uma página dourada na história do Sporting e que sem Sporting não existiam páginas douradas na vida de Cristiano. Mais uma vez (começa a ser cansativo) muitos parabéns sócio 100.000.

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa