Não marcou, não assistiu, não fez passes de rotura, nem foi um extremo que nos emprestou velocidade mas, João Mário, foi o homem do jogo no passado Domingo, em pleno estádio da Luz.

Tudo já tinha sido desenhado frente ao Vitória de Guimarães, em casa, quando uma equipa que nos tinha parecido amorfa em grande parte das jornadas, apareceu mais destemida, guerreira e muito mais equilibrada. Os golos apareceram com naturalidade, a recuperação de bola quase perfeita e a ocupação de espaços feita num nível muito elevado. Tudo porque, aquele que é o médio mais polivalente do nosso campeonato (vá André Almeida, esquece lá isso) e que pode actuar a seis, a oito ou a dez puro, afinal é também um médio ala de grande nível, que ataca pela faixa e defende no centro do terreno. Nos sub-21, João Mário já tinha experimentado esta posição, mais coisa menos coisa, mas Rui Jorge opta por um Losango puro e Jorge Jesus pelo tradicional 4x4x2. E, se para muitos, foi uma surpresa ver João a desempenhar tais funções, a verdade é que temos ainda a vantagem de poder colocar, no centro do terreno, os nossos dois capitães: Adrien e William.

João Mário está hoje para JJ como Koke estará para Simeone. Um trabalhador, com uma qualidade de passe, maturidade e visão de jogo muito a cima da média. A João cabe a função de cruzar certeiro, fechar o meio campo, ajudar o lateral e ainda pautar o jogo em variadas fases do mesmo.

Na Luz, o jovem voltou a mostrar a calma e tempo de passe que fizeram dele um destaque desde há muitos anos. Para João Mário jogar com o Penafiel ou com o Benfica é a mesma coisa, um Chelsea ou um Gil Vicente são primos e a selecção francesa é igualinha à do Luxemburgo. Foi este espírito competitivo que permitiu que a equipa subisse muitos degraus com a sua entrada, a temporada passada, e que se estabilizasse este ano, com a atribuição de novas funções ao camisola 17.

É óbvio que os seus degraus de maturação não estão todos completos, estranho seria se assim fosse aos 22 anos, mas caminha para o terceiro ano na Primeira Liga e a sua capacidade táctica fará dele um dos grandes do futuro. João Mário nunca será um grande goleador, como não prevejo que nenhum dos médios que temos no plantel o seja, mas é a ponte de equilibrio entre um grande jogo colectivo ou uma exibição sofrível.

Diz quem esteve no Estádio da Luz, no Domingo passado, que já no aquecimento se sentia o jogo que iria fazer. Aqueceu de forma intensa, não falhou um passe, estava concentrado e com a agressividade que se exige num jogo, e isso é que o faz merecer as constantes provas de confiança da parte dos nossos treinadores. No Sporting temos a sorte de poder seguir um miúdo desde os seus 14 anos, reparar nas suas qualidades, e vê-lo mais tarde a disputar grandes jogos com a nossa camisola. Depois da subida à equipa principal, depois da titularidade, prevejo agora que, com a exclusão de Carrillo, teremos o ano João Mário, numa posição em que nenhum de nós o colocaria em Agosto.

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa