Nesta semana reflecti sobre muitas coisas no meu Sportinguismo. Imagino-me sempre como um leão aguerrido com a juba sempre majestosa e pronto para qualquer luta. É a imagem que cultivo da minha “personna” clubística. Mas, a vida, os acontecimentos e as “cenas” talvez me tenham provado que afinal ainda havia uma parte do leão que estava realmente adormecida.

No verão, quando Jorge Jesus subiu a relvado e fez o seu primeiro discurso de leão ao peito, eu estava lá, disposto a uma conversão, disposto a aceitar que aquela pessoa pela qual não tinha empatia alguma fosse o próximo líder das minhas esperanças. Quando afirmou a alto e bom som que vinha para ajudar a “acordar o leão adormecido…” pensei que a frase era desapropriada. Afinal o que haveria para acordar ainda mais num Sporting versão panzer cafeínado da era BdC? O que haveria ainda para ressuscitar na alma leonina? Como se atrevia Jesus a querer entrar em nós novos Lázaros?

Pois que tenho de admitir que tinha razão. Eu sou prova disso. Assim que acabou o último derby… estava, confesso, cheio. Cheio de alegria, orgulho e a baba escorria… houve quem estivesse ao pé de mim que reparasse e tivesse de recomendar que parasse de falar no Sporting, nos jogadores, vesti a camisola do Sporting ao meu filho que ainda com a coroa de aniversariante me perguntava: “Papá…vamos ao jogo?”. Eu respondi para mim mesmo “Era o que me apetecia, foi o que me apeteceu”. Os convidados que ainda restavam da festa também estranharam e riam-se com a situação, um dos poucos benfiquistas presentes e talvez (muito) aziado com o resultado atirava o que pensava ser uma grande tirava de intelectual de Carnide: “olha… já vestiu o pijama”. Aquilo não podia vir em melhor altura, pois acabava de me dar a deixa perfeita…disse ao puto para que todos ouvissem: “esta é a maior e melhor prenda que te posso dar”.

Entre o que disse e o que pensei, havia ainda assim uma diferença. O meu filho não irá herdar um Sportinguismo definhante, esmorecido, expectante e distante. Irá receber da minha parte o fervor, a confiança e o amor incondicional que tenho por este clube… para este miúdo de 5 anos o Sporting significará sempre algo grande, majestoso, maior que o tempo, maior que os jogos, maior até que as nossas pequenas e curtas vidas. A minha maior prenda para o meu filho será a sua educação e amor, as duas melhores armas para a sua futura vida. O Sporting fará parte da educação para a luta, a conquista, a persistência, a lealdade e partilha de ideais. Mas também será uma educação para amar, para prestar devoção à alegria, à festa e à comunhão com outros.

A minha herança de Sporting jamais será um Leão Adormecido.

*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca