Por muito que exemplos recentes nos aconselhassem a ter moderação na forma de encarar a recepção ao Belenenses, a verdade é que seria complicado não pensar em três ou quatro ou cinco golos na baliza azul. Aliás, ontem, dei comigo a recordar um 4-0, era Jorge Jesus treinador do Belém, numa das últimas épocas em que o Sporting jogava um futebol temível e resolvia cedo os jogos. Esse foi, também, um jogo em que, mesmo não conseguindo conquistar o título, os adeptos leoninos deram um fantástico exemplo de apoio à sua equipa e essa terá sido a primeira grande vitória de ontem: num dia e numa hora imprópria, Alvalade recebeu mais de 31 mil pessoas, numa clara mensagem de confiança no trabalho que tem vindo a fazer-se.

E se a primeira grande vitória da noite aconteceu por alturas do apito inicial, a segundo só chegou quando o cronómetro caminhava para o apito final. É simples dizer-se que se fez justiça e que a vitória é inteiramente justa, mas aquele penálti, indiscutível, em tons de prenda de Natal antecipada poderia nunca ter acontecido e, agora, estaríamos a lamentar a perda de dois pontos face a um adversário que só se preocupou em defender. E na ressaca de um enorme jogo para a Taça e de uma brilhante jornada europeia, a verdade é que o Leão olhou para tanto pastel junto… e ficou pastelão. Curiosamente, o arranque da partida não fazia prever o filme que se seguiu, pois, logo aos cinco minutos, Adrien teve oportunidade de finalizar uma grande jogada, mas a bola embateria num defesa.

Mas com o passar dos minutos, foram faltando ideias e velocidade para, no último terço do terreno, dar continuidade a tudo o que se fazia bem para conseguir lá chegar. A classe de Ruiz e de Montero davam algum sabor ao jogo (porque raio saiu o colombiano, ó Jorge?), e seria dos seus pés que sairiam dois lances de grande inspiração (39′ e 63′). Ainda viriam Gelson e Matheus para agitar a partida, mas o nó continuava naquele terço de terreno onde chegavam a estar 20 jogadores. Até que, já com os nervos em franja, o Leão resolveu tentar a única solução que lhe surgia como óbvia: a cabeça de Slimani. O cruzamento saiu também ele pastelão, tão pastelão que acabou por levar um defesa a desviá-lo com a mão. William, marcador inesperado, ajeitou o bigodinho e converteu de forma exemplar a última tentativa de um Leão que, depois de Arouca, volta a resgatar os três pontos ao cair do pano e consegue manter as distâncias para os seus perseguidores.