O Sporting, o Rugby e hábito de jogarmos sempre contra 15!

O Rugby foi um dos meus desportos de juventude. Fiz de tudo um pouco, só nunca consegui aprender a andar em patins…

Nessa altura, andava eu nos dois últimos anos do antigo “Segundo Ciclo”, que equivalem actualmente aos oitavo e nono anos, o Sporting não tinha Rugby. Por isso, joguei pelo CDUL e tive dois treinadores, o Serafim num ano e depois, o Quim Pereira. Depois, faltavam-me duas características para poder jogar pela equipe que, era cronicamente Campeã Nacional e Regional em todos os escalões, tendo por principal adversários, sempre o Benfica e o Direito.

Depois de mim, três dos meus Irmãos e dois dos meus primos direitos bem como dois primos em “segundo ” grau, como se costuma dizer, passaram pelo CDUL, pelo Direito e pela Selecção Nacional Sénior um dos quais que lembro com profunda saúdade, porque partiu muito cedo, o meu Primo Direito Bernardo foi Capitão do CDUL e da Selecção Nacional anos a fio, chegou à Federação como dirigente e no dia em que Deus o chamou, era Treinador da Equipe Sénior do CDUL. Muito antes dos Lobos, o Bernardo tornou-se um mito do Rugby Português e da sua História. Nessa noite Portugal vencia em Alvalade, a Rússia, por 7 a 1.

Não consigo pensar em jogar contra quinze adversários, sem pensar na lealdade no espírito combativo e de união que se vive no Rugby em todo o Mundo. Jogar contra equipes de quinze adversários costumava ser, para mim, o topo da transparência, do respeito e da Verdade Desportiva.

É extraordinário como o número 15 pode ter significados que se transformam no seu oposto em distintos momentos da vida.

O Rugby regressou ao Sporting e felizmente que assim aconteceu, há muitos atletas Sportinguistas que sentem aquilo que senti, que é uma honra ter pela frente Equipes e Clubes que se comportam com lealdade dentro e fora das quatro linhas, a maioria porque lhes está na natureza e o benfica porque no Rugby não “mija fora do penico” mesmo assim, é odiado pela deslealdade tradicional dos seus jogadores face aos jogadores adversários, dentro de campo. Os jogadores de benfica são habitualmente o espelho do clube que representam, violentos, traiçoeiros e dissimulados. Quem nunca jogou Rugby não percebe que, havendo intenso confronto físico se, no Rugby, imperasse a violência e a desonestidade profissional que imperam no futebol, não haveria jogadores com mais dezoito anos em actividade.

Mas, nos jogos com o benfica esperávamos sempre de tudo do mais porco que podia acontecer num jogo de Rugby, desde jogadores a envergarem botas com pitons “trabalhados” para cortarem a carne dos adversários nas placagens, a murros na tromba desferidos nas “formações” ordenadas ou espontâneas até ao apedrejamento com pedras de calçada por grupos organizados de espectadores energúmenos, quando íamos jogar à Luz.

Eu tenho dois Irmãos benfiquistas, como penso que já referi aqui na Tasca e a coisa que mais gozo lhes dá é ver o Benfica perder jogos de Rugby e quanto maior for o tareão, melhor. Não têm menos prazer em ver o benfica derrotado no Rugby que eu. Extraordinário, não é? O que é que isto revela? Revela que são adeptos leais e sérios que buscam a verdade do jogo em quaisquer circunstâncias. Revela, também, que são adeptos do Clube errado. Revela ainda que se tornaram adeptos do benfica porque foram influenciados “de fora”, em tenra idade e que foram “desviados” para o benfica por alguém que, tendo-se ligado por casamento à nossa Família por afinidade, não partilhava os nossos valores.

Admiram Bruno de Carvalho, sabem que tem razão em muitas das suas posições e reconhecem que o Sporting se bate pela verdade e pelos valores mas, são benfiquistas e gostam de ver o clube deles vencer. Respeitamo-nos mutuamente naquilo em que divergimos: a nossa opção clubista. Conversamos calmamente sobre os temas quentes do nosso futebol e partilhamos tudo o resto, os quatro, em todos os outros aspectos da vida.

A equipe de futebol do Sporting joga, desde há mais de trinta anos para cá, sistematicamente contra jogadores e adversários, desde o tempo em que jogava contra 14 como, agora, que por causa do inútil quarto árbitro, joga contra 15.

Quando entramos em jogo, estamos à partida a 78,57% e o nosso adversário, a 136,36%. Isto é, entramos em campo com um “GAP” de desvaantagem, um intervalo de “desvantagem competitiva” de 42,20%. Mas o que é que isto quer dizer? Quer dizer que nos é 42,2% mais difícil fazermos-lhes um golo e a eles lhes é 42,20% mais fácil fazer-nos um golo anós.

Cada vez que ganhamos uma partida é este o quadro de probabilides contar as quais temos de lutar. Se a nossa Equipe não conseguir superar-se sistematicamente em, pelo menos, 43% estaremos sempre mas, sempre em “desvantagem competitiva”. Para disputarmos seja que jogo for temos de ser 43% melhores que aquilo que naturalmente somos. 43% mais rápidos, mais pressionantes, mais intensos e mais concretizadores de oportunidades, 43% melhor posicionados, 43% mais inteligentes e quarenta e três por cento mais eficazes na defesa que aquilo que naturalmente e em condições de paridade teríamos de ser para disputarmos qualquer jogo em condições de paridade.

A nossa equipe tem sido assim na maioria dos jogos disputados. Todos mas, todos os jogos que empatámos ou perdemos este ano se deveram exclusivamente à desvantagem competitiva em que nos colocam e na imperfeição natural dos homens que, não conseguem superar-se jogo a jogo em 43% da sua realidade natural.
Qualquer jogo em que não sejamos capazes de nos superarmos a nós mesmos em pelo menos 43%, empatamos ou perdemos.

Na Madeira com o União, o nosso ataque não manteve este Standard. Em Alvalade, com o Benfica, apesar de a equipe se ter superado no seu todo e termos encostado o adversário às cordas, não nos superámos para lá de 5% a nós-mesmos e portanto, jogar com 15 contra onze levou-nos a perder o jogo, porque tivémos uma desvantagem competitiva 38%!.

Alguém já viu uma discrepância destas no Rugby? Eu, NUNCA VI.

Isto só acontece em desportos cujas Federações, Ligas, Corpos de Arbitragem são corruptos por inerência de cargo e natureza.

No Rugby, até o Benfica tem de se comportar como se fosse um clube sério lutando apenas e só na margem da legitimidade e da licitude, uma fronteira ténue e um risco que não pode pisar, se vier a ser ultrapassada essa fronteira, pode atirar com a equipe para os escalões mais baixos da competição mas, não duvidem, atira mesmo com eles e sem contemplações, para onde merecerem ir.

No Rugby, se o benfica se comportasse como no futebol, no futsal, no Hóquei e em todas as outras modalidades em que está envolvido, já teria sido banido há muitos, muitos anos atrás.

Quantos apitos iguais aos dos árbitros ouvimos nas bancadas benfiquistas durante os jogos? Quantas sinetas iguais às dos juízes tocam, fora de tempo, nas provas de atletismo em que competem atletas do Benfica? Não sei mas, deve ser pratica comum como o é em todas as modalidades, excepto no Rugby.

Se na bancada de um jogo de Rugby começarem a ouvir-se apitadelas daí provindas, o árbitro manda parar o jogo que, só recomeça quando for identificado o autor da “brincadeira” para que seja posto, se necessário recorrendo à força, FORA DO ESTÁDIO!

Há comportamentos que são intoleráveis noutros desportos porque diabo são tão bem acolhidos no futebol?