Não existem posições mais delicadas para integrar na equipa principal do que as de guarda-redes ou de ponta-de-lança. A pressão sobre estes homens é imensamente maior do que a pressão sobre qualquer outro jogador, porque apesar de todos contarem, eles estão nos momentos de decisão.

Rui Patrício está a ter a melhor época da sua carreira e temos tido o prazer de assistir ao seu crescimento durante quase uma década, para se tornar num dos melhores guarda-redes da Europa e o melhor português em actividade. O facto de ter agora atingido a regularidade que se lhe exige, faz com que talvez nos tenhamos de mentalizar de que não teremos Rui Patrício para sempre, como seria nosso desejo.
Na equipa B, vai crescendo aquele que julgo ser o guarda-redes com mais potencial da nossa formação: Pedro Silva. Aliás, as características do rapaz até são parecidas com as do Rei Ruí. Muito bom entre os postes, excelente a fazer a mancha, bons reflexos e muito rápido. Precisa de melhorar a comunicação e o seu ataque aos cruzamentos. Mas, a cima de tudo, uma maturidade e confiança muito anormais para um jovem de apenas 19 anos, que vai brilhando na equipa B, apesar na rotação promovida por João de Deus nas redes.
Convém, no entanto, frisar que tanto Guilherme Oliveira como Stojkovic me parecem jogadores com imenso potencial e capazes de atingir outros patamares, ainda que Pedro Silva seja o mais talentoso.

Para trás ficaram jogadores como Mika, Luís Ribeiro ou Vitor Golas, todos eles apresentam imensas qualidades e a sua integração nunca chegou. Erro da estrutura e erro das sucessivas equipas técnicas, que nunca deram espaço a que um dos nossos jovens fosse, pelo menos, o número dois da nossa baliza e para que pudesse crescer junto a Rui Patrício. Os jogadores acabam por abandonar o clube sem minutos na equipa principal, tudo porque existe claramente um certo receio de os atirar às feras e compromete-se o seu desenvolvimento. Um ponto em que claramente a ponte Academia – Equipa A tem de melhorar no futuro próximo.

Pedro Silva, ainda junior, vai dividindo o seu tempo entre a equipa B e os Sub-19, onde ainda acrescenta muito valor com a sua velocidade. No entanto, essa foi a idade com que Rui Patrício se estreou na equipa principal, naquele mítico jogo, às ordens de Paulo Bento. Um claro alerta de que não se pode perder muito tempo no que toca ao desenvolvimento destes talentos, que precisam de acumular minutos junto dos graúdos, ou ter garantias de titularidade num clube de primeira Liga.

Apenas como exemplo, Neuer estreou-se na equipa principal com 20 anos, Courtois com 18 anos, De Gea com 19 anos, Buffon com 18 anos e Casillas com 18 anos. Alguns dos jogadores mais emblemáticos dos últimos tempos assim o foram porque eram muito bons, e quando são muito bons merecem minutos na equipa, por muito que não sejam o titular da mesma. É o caso de Pedro Silva, que a partir da próxima temporada tem de ser opção, por muito que apenas nas Taças, ou então emprestado a um clube que o torne opção.

Para finalizar, o Guimarães “confirma” que o Sporting terá interesse em Miguel Silva, jovem de 20 anos que vai brilhando na baliza afonsina jornada após jornada. Caso a transferência se concretize, é caso para ter a certeza que o futuro está mais que assegurado.

*às terças, a Maria Ribeiro revela os seus apontamentos sobre as novas gerações que evoluem na melhor Academia do mundo (à excepção do Dubai)