Estava um dia de praia do cacete, pois estava, e milhares de Sportinguistas gozam, neste momento, umas merecidas férias, mas nem isso afastou 30 mil almas de Alvalade, prontas a matar saudades da sua equipa e do seu estádio, agora ainda mais verde e com uma relva tão bonita que dá vontade de sacar uma expressão da minha avó e escrever “Deus a guarde”.

Mas o dia começou bem mais cedo, com uma entrevista de Jorge Jesus à SportingTV, onde afirmou que Podence, Palhinha e Iuri iriam fazer parte do plantel. Era o primeiro sorriso do dia para esta nação leonina que, mesmo sôfrega de grandes conquistas não deixa de fazer questão de ver os Leões formados na Academia integrarem a equipa principal (em que seja para terem alvos para descarregarem as frustrações dos maus resultados, mas já lá vamos). Nessa mesma entrevistas, outras palavras de Jorge Jesus deixaram-me a pensar, quando, mais coisa menos coisa, afirmou «Estamos longe daquilo que será o Sporting do futuro. Há jogadores que ainda estão de férias e há jogadores que ainda podem chegar. Estamos a reformular um plantel que, o ano passado, provou ter muita de qualidade».

A verdade é que chega-se ao apito inicial, passando das palavras ao actos, percebe-se que o 11 inicial está efectivamente longe do que se apresentará na primeira jornada. Schelotto, Coates, Semedo e Bryan Ruiz, com Gelson Martins a perfilar-se como sério candidato à titularidade. No fundo, apenas quatro dos titulares deverão ver o seu nome repetido na ficha de jogo, quando recebermos o Marítimo. Mas daí a estarmos a reformular o plantel… é que, pelo menos para já, todos os que saíram não foram propriamente figuras de primeira linha. Claro que Teo é capaz de fazer um voo bem mais curto quando terminar a participação nos Jogos Olímpicos e João Mário (não te ficava mal teres gravado uma mensagem de vídeo e teres enviado, ó João, desde que não estivesses com cara de saltimbocca à milanesa) perfila-se como o Aurélio capaz de proporcionar um encaixe financeiro de 40 milhões, no mínimo, mas a ideia de reformular algo que é uma fantástica base para atacar o título…

Bem, mas deixemos as palavras e passemos aos actos, desde logo para passar o resto do dia a aplaudir o “se quiser que jogue, eu jogo”, do Rui Patrício. Até viria a ser ele a sofrer o golo que o Jug esteve para sofrer várias vezes ao longo de uma primeira parte em que o Sporting entrou bem e em que podia ter-se adiantado logo aos dez minutos, quando Barcos respondeu a um cruzamento de Gelson e viu o seu remate embater no poste. Cinco minutos volvidos seria Schelotto a aproveitar belíssimo passe de Bruno César para criar nova situação de golo. Mas, aos poucos, este ímpeto inicial foi-se perdendo e o Lyon, apostando numa pressão altíssima e numa posse de bola com clara qualidade, foi alterando a inclinação do tabuleiro de jogo.

Bryan Ruiz bem se esforçava para defender e atacar, mas se na primeira tarefa Petrovic era seu aliado, quando tocava a construir jogo o costa-riquenho quase que tinha que vir buscar a bola a meio do seu meio-campo. E essa é uma das principais notas que fica: Petrovic poderá ser muito útil em jogos de combate e quando quisermos trancar a porta, mas não lhe peçam para construir jogo. E já que falamos em reforços, o outro Ruiz, Alan, mostrou vários pormenores de inegável qualidade e um pé esquerdo que promete muitas alegrias quando estiver mais adaptado.

E foi esse pé esquerdo que, aos cinco minutos da segunda parte, fez uma picadinha à saída do guarda-redes e deixou Alvalade com o grito de golo na garganta. Por essa altura, já Patrício, Palhinha e Podence estavam em campo e veriam, um minuto volvido, Lacazette materializar a máxima “quem não marca arrisca-se a sofrer”. O Sporting ficava em desvantagem e, muito por culpa dos vários maus resultados acumulados, os dez minutos que se seguiram foram os piores da equipa. Valeu não ter-se sofrido o segundo golo e a dança das substituições que se seguiu acabou por permitir à turma de Alvalade voltar a ficar por cima da partida.

Na frente, Slimani mostrava o quão diferente é tê-lo ou não em campo, neste caso apoiado por três meninos made in Sporting: Matheus, Podence e Iuri, este último o nome patinho feio de muitos Sportinguistas que, todos os anos, elegem um os nossos para cascar forte e feito. A verdade é que, a confirmar-se a sua manutenção no plantel, Iuri terá oportunidade de, sem a pressão de ter que mostrar tudo numa pré-época, evoluir e colocar ao serviço da equipa a inegável qualidade que tem e que, ontem à noite, ficou demonstrada em dois ou três combinações que poderiam ter resultado em golo. Mais perto ainda de festejar ficou Naldo, depois de um grande cabeceamento que embateria no poste da baliza adversária.

A partida terminaria, assim, com mais uma derrota para os verde e brancos nesta pré-época, mas claramente com uma prestação bem acima do que se viu na Suíça. Segue-se a integração dos Aurélios, segue-se a chegada de reforços e segue-se mais uma mão cheia de jogos nos quais Jesus manterá a sua teoria relativamente a esta pré-época: «O importante é preparar o plantel para as exigências das competições». Se der para ser continuando a perceber que, depois das tareias físicas e do chocolate suíço, o Leão está a espreguiçar-se a sério o pessoal agradece, Jorge.