Foi cansativo. Tão cansativo que, a bem da sanidade mental e da própria produtividade do país, milhares e milhares de adeptos preferiram desligar a ficha e voltar a ligá-la quando o mercado tivesse fechado. E, também por isso, as minhas primeiras palavras após estes dias verdadeiramente loucos são dirigidas ao presidente do meu clube, Bruno de Carvalho, que pouco ou nada deve ter dormido desde meio da semana passada e que consegue chegar a dia 1 de Setembro com enormes reforços e com a manutenção de praticamente toda a espinha dorsal da equipa.

Mais do que isso, um gajo olha para o passado recente e tem, forçosamente, que comparar o estado em que estava há quatro anos e o estado em que está agora, num percurso em que passamos da morte anunciada para um capacidade de agitarmos o mercado como há muito não havia memória. Pelo meio, acolhemos em Alvalade três treinadores a que ninguém ousaria torcer o nariz tendo, actualmente, um dos melhores treinadores do mundo ao nosso serviço. Solidificámos uma base com miúdos, os nossos miúdos. Fizemos regressar a casa, mesmo que temporariamente, Nani. Alvalade tem, hoje, uma média de assistências de 40 mil pessoas. O Pavilhão está quase pronto, dando nova casa às modalidades. E as modalidades foram reforçadas numa clara mensagem de que é para ganhar tudo ou quase tudo. Não menos importante, a reestruturação financeira foi possível e, coisas que a comunicação social vai fazer questão de esquecer-se, conseguimos atacar o mercado de transferências depois de termos feito frente a fundos e a aos dois maiores empresários da actualidade.

Claro que muito mais haveria por dizer e conto com os tasqueiros para encherem a caixa de comentários com outros pormenores desta história, mas o breve resumo acima é suficiente para sublinhar o que estes dias loucos confirmaram: um Sporting com uma vitalidade como há muito não se via!

Slimani, um desconhecido comprado por 300 mil euros, rendeu 30 milhões no imediato + 5 por objectivos. João Mário, rendeu 40 milhões no imediato + 5 por objectivos. Naldo foi vendido por 4,5 milhões. Poupou-se, no mínimo, um milhão em salários do Labyad.

Para o lugar de Slimani contratou-se um jogador de topo e um dos melhores avançados a jogar na Europa, Bas Dost, pagando a soma recorde de 10 milhões de euros. E de um ataque que, com as saídas de Teo e Barcos e com a lesão de Spalvis parecia um deserto, passámos a uma frente de ataque onde ainda cabem André e Castaignos.

Atrás e ao lado destes homens, Bryan Ruiz e Gelson passam a ter a companhia do craque Campbell, de Alan Ruiz e de Markovic. Elias e Meli reforçam um meio-campo onde William Carvalho está de pedra e cal e onde continuará, afinal, Adrien (e eu fico contente por continuar a tê-lo de verde e branco, nem que seja até Janeiro). Beto veio ser o suplente que Patrício não tinha e Douglas vem ocupar a vaga deixada em aberto por Naldo e por Ewerton (emprestado). Diz que ficou a faltar um lateral esquerdo, mas não podemos esquecer-nos da falta de jeito que o nosso treinador tem para avaliar jogadores nessa posição. E no meio disto tudo, não se percebe o porquê do dinheiro gasto em Petrovic, até porque já se tinha gasto dinheiro em Slavchev e o búlgaro podia ter ficado (acreditando que Palhinha não ficou porque se considerou melhor não votá-lo a um ano de seca e de pouca competição).

E por falar em Palhinha, esse é o lado mais amargo deste fecho de defeso. Ver serem emprestados Palhinha, Iuri, Mané, Wallyson ou Tobias, já para não falar de Podence, Rafael Barbosa, Domingos Duarte, Filipe Chaby, Cristian Ponde ou Francisco Geraldes, embora nestes casos se entenda a necessidade de amadurecimento, são socos naquele romantismo a que nos habituámos e onde a nossa formação tem um papel essencial (até pelo retorno financeiro que pode trazer-nos). Talvez a mensagem que estejam a passar-nos é que, mais do que tempo para romantismos, este é tempo de ganhar. E eu diria que com todas as vontade que lhe foram feitas ao nível de contratações, Jorge Jesus tem o que é preciso para fazê-lo.