Olá, o meu nome é Ricardo e sou Sportinguista desde que me lembro!
Este é o momento em que me imagino a ser saudado, em coro, por vocês, tal como acontece em qualquer um desses grupos anónimos de viciados em qualquer coisa. As diferenças são que esta não é uma qualquer coisa, e que o meu objectivo está longe de passar pelo fim deste vício. Muito pelo contrário. Aliás, pretendo até pedir que neste momento reforcem o vosso vício, que sei ser igual ao meu!

Além de Sportinguista há muito, tenho vindo também a seguir com atenção A Tasca, acompanhando atentamente posts, e seguindo os respectivos comentários. Uns divertem-me, outros ensinam-me, pelo que desde logo vos agradeço a todos por ambas as sensações.

Uma vez que há muito tenho o hábito de utilizar a escrita para acalmar frustrações, tal como se usa vulgarmente o álcool para coroar alegrias (felizmente não inverto estas tendências, pois os últimos anos teriam sido mais do que suficientes para acabar com o fígado de qualquer um), dou comigo aqui, ainda em estado de choque com o que nos aconteceu Domingo, em plena casa do inimigo, vulgo lixeira. A raiva é mais do que muita, e por mais que tente não passa! Raiva pelo acontecido, e principalmente pela forma como aconteceu. Assaltam-me essencialmente algumas questões, e são essas que hoje venho partilhar convosco.

Hoje no trabalho, um benfiquista assumindo a existência de duas grandes penalidades por assinalar, dizia-me que “a culpa disto é do vosso presidente, e da vossa direção, que fala demasiado!”, e pergunto eu, há uns anos, e não muitos, a culpa do mesmo “fenómeno” não era apontada aos nossos presidentes e direções por comerem e calar constantemente? Por não fazerem o barulho necessário?… Afinal que postura devemos adotar para com esta situação que nos vem tirando alegrias atrás de alegrias, e que já dura mais anos do que aqueles que tenho de vida? Digam-me, teremos, ou não, também alguma culpa do que se está a passar?

octavio

Será que somos demasiado macios, passivos, na hora em que nos maltratam e nos tiram/roubam algo tão importante para todos nós? Deveríamos agir de modo mais “musculado”? Será hora para perder de vez a cabeça? A violência é certamente algo mau. Isto é factual, mas… O que fará com que a comunicação social trate tão mal alguém que praticamente sempre se mostrou de trato dócil e prestável? O que fará com que em caso de dúvida, todo e qualquer árbitro neste país, e em qualquer modalidade que seja (o jogo de hóquei contra o porto serve de exemplo mais recente), decida sempre em nosso prejuízo?

Diz o povo que “quem tem cu, tem medo”, e digo eu que todo o árbitro tem cu, inclusive todos nós sabemos o uso que a maior parte deles lhes dá. A questão principal que me assalta, é o que será preciso fazer para que o medo que lhes faz hoje beneficiar os nossos adversários, passe a existir amanhã em quantidades suficientes para que essas decisões não tenham de ser sempre contra nós? É ou não hora de agir? Será a razão que os move mais legítima do que a defesa feroz da nossa paixão? Será precisa uma loucura capaz de nos interditar o estádio? Será uma interdição por alguns jogos do nosso estádio mais grave do que a eterna interdição que nos fazem de chegar ao, mais que merecido, título de campeão nacional?

Relembro, a violência é algo de muito errado, que nos faz perder a razão e raramente resolve, em nosso favor, o que quer que seja. Relembro também que não passo de um viciado enraivecido!
Tudo isto não passou de um desabafo…

ESCRITO POR Ricardo Dias
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]