Paulo Oliveira está longe de ser um nome consensual entre os adeptos do Sporting, entre os passados treinadores do Sporting e até para a estrutura do Sporting, mas isso nunca será motivo para deixar de o louvar.

É jogador do nosso clube porque, depois de prestações incríveis ao serviço do Vitória, o nosso departamento de futebol decidiu avançar com a sua contratação ainda antes da chegada do então treinador, Marco Silva. Uma compra extremamente barata (1,8 milhões de euros) que tem tudo para se rentabilizar e nos dar proveito desportivo e económico.

Paulo Oliveira é desde muito cedo um líder. Ganhou desde logo destaque no futebol nacional e era apenas uma questão de meses até subir a um grande português. Escolheu o Sporting, um local onde o jogador português sai mais valorizado, onde a concorrência lhe parecia dar mais espaço e onde podia crescer nos grandes palcos.

Arrancou em falso, revelando o peso da camisola mais bonita do mundo, algo que cedo o catalogou de “flop” entre os treinadores de bancada desejantes por sangue. Mas a verdade é que passados alguns meses, no famoso jogo em que enfrentámos o Chelsea de Mourinho, Paulo Oliveira não mais saiu do centro da defesa.
Cumpriu 40 jogos de leão ao peito na primeira temporada, 31 na segunda, já com JJ nos comandos, dando depois lugar ao “menino bonito” Rúben Semedo. Jesus queria alguém mais rápido e o nosso Sonic Semedo entrou a todo o gás, fazendo com Coates uma parelha de sucesso desde o primeiro momento em que se conheceram em campo.

A perda da titularidade e a ideia geral de que JJ embirrava com Paulo fez com que soassem os alarmes e uma transferência parecia estar à vista. Mas homens como Paulo são os que compõem plantéis e os tornam mais forte, enchendo o campo de qualidade quando chega a oportunidade e o banco com o profissionalismo de quem sabe que camisola enverga.

Paulo Oliveira parece ver o futebol de uma forma que me agrada. O Vitória não era um meio para chegar a um fim, o Vitória era o seu presente e seria sem contestação o seu futuro. O Sporting não é um meio para chegar a um fim, é um grande português a quem está profundamente grato pela oportunidade de envergar um símbolo tão importante. E por isso é que vê-lo jogar é uma alegria e o seu sucesso o sucesso do profissionalismo. Não tenho dúvidas que começará a jogar cada vez mais ao lado de Coates, permitindo que Rúben tenha também o seu merecido crescimento sustentado.

São jogadores como Paulo que nos provam que não devemos diabolizar quem não joga semana após semana. Num momento estão em forma, noutro não. O Coates não é mau, nem Rúben, nem Paulo, nem mesmo o Douglas (embora aqui tenha noção de que tínhamos outras opções dentro de portas). Todos fazem parte de um grupo e se todos tivessem a atitude do enorme Paulão, o Sporting tinha 23 opções válidas esta temporada.

O humilde central de 25 anos, por quem todos vamos chorar no dia que nos deixar, que não comemora golos contra a equipa que deixou com apenas 14 anos. Um “menino” com qualidade futebolística, disposto a ir até ao fim pelo sucesso do seu clube. Quantos Paulos temos nós naquele banco?

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa