Dezembro de 1999. O Sporting recebia o Marítimo em partida fundamental para continuar a alimentar o sonho de, ao fim de 18 anos, conquistar o título. Nessa manhã, ainda eu tinha que ir à rua para ver as capas dos jornais em vez de fazê-las deslizar no ecrã do telefone, a Bola fazia dois terços de capa com “Parma oferece XXXX milhões a Duscher”.

17 anos volvidos, novamente num sábado em que defrontamos o Marítimo, o mesmo jornal oferece 3/4 de capa à possibilidade de Coates rumar ao benfica. Não se falam em milhões, antes em acordos verbais e conversações paralelas com o clube detentor do passe e com o empresário. E se, na altura, me incomodou uma capa que podia desestabilizar aquele que era o meu jogador preferido de uma equipa com tantos jogadores para serem jogadores preferidos, hoje incomoda-me muito mais a ideia de vir a perder um jogador que há anos procuramos.

Obviamente que tudo isto vale o que vale e o meu optimismo diz-me para agarrar-me à ideia de que o Sporting tem opção de compra no final deste segundo empréstimo. Segundo, sim, renovado em Maio do ano passado. “A Sporting Clube de Portugal, Futebol, SAD informa que chegou a acordo com o Sunderland AFC e com o atleta Sebastián Coates para prolongar o empréstimo até final da época 2016/2017“.

Numa opção de gestão, o Sporting encontrava, assim, uma solução financeiramente mais viável para conseguir manter o central em Alvalade, em vez de accionar  a cláusula de opção de compra do passe de Coates, então estabelecida em cinco milhões de euros.

Não faço ideia se na renegociação do empréstimo a cláusula foi mantida ou se foi aumentada. Sei que, e já o escrevi várias vezes, eu teria feito um esforço para comprar Coates logo no final do primeiro empréstimo. E sinto um real incómodo face à possibilidade de perder um jogador deste nível, ampliado pela possibilidade de vê-lo rumar a Mordor.

Resta-me apelar ao meu intrínseco optimismo e acreditar que tudo isto está salvaguardado, mesmo com as recentes palavras de Coates a ecoar-me no cérebro (“Seria muito lindo continuar, mas o que se passar depois de maio não depende só de mim”). E, já agora, voltar aos tempos em que tinha que calçar sempre as mesmas meias quando ia a Alvalade e recordar que, em 2000, ganharíamos 4-2 ao Marítimo, que Duscher marcou o 3-2 a 15 minutos do fim e que fomos campeões no final desta época, acreditando que, pelo menos, hoje sacamos os três pontos na Madeira e que Coates marca um dos golos.