Hoje seria o dia perfeito para falar de Rui Patrício, do facto de merecer o contrato vitalício que ainda não lhe demos, de ser um campeão dentro e fora do relvado e porque, como ele tantas vezes diz, já está de leão ao peito há mais tempo do que aquele que viveu em casa dos seus pais. Mas o Sr. Comendador Rui Pedro dos Santos Patrício, natural de Marrazes, não se importará se dedicar este canto do tasco a um dos seus colegas mais dedicados, ainda que tenha cumprido 29 anos e esteja prestes a chegar à casa dos 400 jogos pela equipa principal do Sporting.

Bruno César, de 28 anos, começou a sua carreira na formação do Bahia. Passou depois pelo São Paulo, Palmeiras, Grêmio, Canoas, Noroeste, Santo André e Corinthians onde, depois de uma fantástica temporada, chegou a oportunidade de jogar em Portugal. Aquele aspecto meio marreco, de careca e barrinhinha, fez de Bruno César uma espécie de jogador “simpático”, de bom remate e utilidade extrema.
A saída do Benfica, para ir ganhar uns trocos para a arábia, certamente não foi a melhor das opções. Um tipo como o Bruno tem de ter um ambiente solarengo, uma boa mini depois dos jogos e alegria de jogar onde gostam dele. Foi emprestado ao Palmeiras, onde não vingou, regressando depois a Portugal para representar o Estoril.

Foi aí que Jorge Jesus pensou na utilidade da sua contratação para atacar a segunda metade da temporada. Nada mais acertado. Ajudou a oferecer concorrência, contribuiu imenso para o brilhantismo do nosso jogo interior, ofereceu experiência e noções tácticas de luxo, permitindo até que Bryan Ruiz fizesse de Teo, quando o Teo estava a curtir aquela prainha.

Embora muitos sportinguistas sorrissem perante a possibilidade de contratar Bruno César, embora muitos se esqueçam da sua presença, o fantasmagórico Bruno tem cumprido tudo aquilo que lhe pedem, esforça-se em qualquer posição e, durante largos períodos deste ano, apresentava uma intensidade invejável. Este James Milner brasileiro, que nunca fará capa de jornal, traz consigo a vontade, a garra, a força em campo que servirá até de exemplo para os seus colegas. E nem mesmo o facto de ter de cumprir uma posição para a qual não foi minimamente talhado lhe tira a vontade de vencer semana após semana.

Justiça lhe seja feita, por tudo o que nos tem dado nesta época e meia, com o brilhantismo que o seu talento lhe permite (nem mais nem menos) e com a entrega que o seu carácter oferece, merece ficar no plantel ano após ano, até pelas opções tácticas que permite.

Um dos erros de gestão do nosso plantel, este ano, foi não percebermos o que Bruno César nos poderia ter oferecido a jogar na ala esquerda (em vez de Bryan) ou como terceiro médio, num sistema de 4x2x3x1 que mais garantias nos teria dado a certo ponto. Um sistema testado em jogos complicados, abandonado contra as equipas que nos tiraram o campeonato.

Uma palavra de gratidão, ao mochilas que ensina os outros todos o que significa marcar um livre.

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa