pai&filhoPor falar em clássicos, é verdade que foi aliciado para não jogar um FC Porto-Benfica?
Não quero entrar em detalhes. Foi em 1998/99, acho… Vieram com a tentativa de me segurar para não jogar. Não aceitei, claro. Isso não faz parte do meu carácter. Vou contar tudo isso no livro que vou lançar cá em Portugal. Vai ser uma edição bastante picante.

Após quatro épocas no FC Porto, acabou por sair para o Galatasaray, em 2000/01. Foi decisivo logo na conquista da Supertaça Europeia, mas não ficou lá mais do que uma época. Arrependeu-se de ter ido para a Turquia?
Um amigo e conterrâneo meu, o cantor cearense Raimundo Fagner, diz-me que eu nunca devia ter saído do FC Porto. Hoje se calhar seria o maior artilheiro da história do clube. Aliás, pelas estatísticas sou o melhor avançado do FC Porto em média de golos: quase um golo por jogo. Mas vida abriu-me a porta do Galatasaray: mais de um milhão de reais por mês, seis anos de contrato… Fogo! Era um dinheiro bom para mim e bom para o FC Porto.

Mas ficou apenas um ano lá.
Fiquei, fui campeão, mas botei na cabeça «quero voltar e pronto». Sentia saudades de Portugal e voltei. Fiz um acordo com o Benfica, mas não deu certo, com o FC Porto também não. E fui para o Sporting…

O que é que em concreto não deu certo no Benfica e no FC Porto?
Assinei contrato com o (Manuel) Vilarinho para ir para o Benfica, mas ele não cumpriu. No FC Porto, uns falam que – falar das pessoas agora é complicado…

Desacordo entre dirigentes da SAD?
Foi. E treinador também, que era o Octávio (Machado). O tempo foi passando, eu decidido a não voltar à Turquia e já com duas portas fechadas por cá. Foi aí que apareceu o Sporting. O contrato era bem menor do que aquele que eu tinha na Turquia. Um contrato razoável, não era o que eu queria, mas era o que havia no momento. Fui para lá e deu no que deu: acabei campeão e melhor marcador, com 42 golos na Liga, de novo Bota de Ouro como melhor goleador da Europa. O último título do Sporting foi comigo.

Encontrou uma grande equipa, com João Pinto, Pedro Barbosa, Quaresma e na segunda época surgiu um tal de Cristiano Ronaldo… Ele pedia-lhe conselhos ou não tinha confiança para isso?
Acredito que aprendeu alguns fundamentos do cabeceamento comigo, tal como eu aprendi coisas com ele. Era inteligente, observava-me e eu a ele também. Via-o trabalhar antes e depois do treino, sempre muito dedicado. O sucesso dá muito trabalho e o Cristiano investiu muito em si, trabalhou muito e merece todo o reconhecimento por hoje ser o melhor do mundo.

Quando ele apareceu muito jovem naquela equipa do Sporting acreditava que chegaria ao patamar em que está há quase uma década?
Nunca imaginei. Acho que surpreendeu toda a gente. Se naquele momento me pedissem para apontar um jogador daquela equipa que ia chegar ao topo mundial eu diria o Quaresma. Já jogava comigo e com o João Pinto a titular… O Cristiano era mais jovem e apareceu mais tarde.

A segunda época já não correu tão bem. Olhando para trás, o que correu mal para ter de sair do Sporting?
Vamos falar das coisas boas. Tive os problemas que todo o mundo sabe. Já passou, não quero falar.