Tema do dia. Tema da semana. Tema do mês. Muito se dirá e escreverá a respeito do baptismo do aeroporto do Funchal com o nome do melhor futebolista português de todos os tempos e, pelo menos para mim, o mais completo atleta que alguma vez se dedicou à arte de bem tratar a bola.

Creio que o que leva muito boa gente a apelidar de “ridícula” a atribuição do nome de Cristiano Ronaldo ao aeroporto passa, precisamente, por aí: por uma visão minimizadora, muito provavelmente manchada por velhos hábitos, do que é o futebol. Do que o futebol representa para a cultura portuguesa (sim, futebol também é cultura). E do que Cristiano Ronaldo representa para o peso do futebol na cultura e, mais, do que ele representa para o reconhecimento de Portugal além fronteiras.

Goste-se, ou não, Ronaldo soa a Portugal. E Portugal soa a Ronaldo. Experimentem ir a Bali, por exemplo, e dizerem qual a vossa nacionalidade. Passam a chamar-se Ronaldo como, em tempos, ir à República Dominicana ou à Costa Rica significava passarem a chamar-se Figo. Com as devidas diferenças de amplitude e de alcance, ainda para mais depois da conquista de um Europeu onde o rapaz com nome de aeroporto surge como líder da rapaziada que fez soar o nosso hino pelo mundo.

Obviamente que isto vai muito além do futebol. Qual o peso do nome Cristiano Ronaldo associado ao da Ilha da Madeira? E quantas vezes o futebolista se disponibilizou para ajudar a ilha onde nasceu, em momentos mais dramáticos? Quantos madeirenses batem no peito ao dizer que o melhor jogador do mundo é seu conterrâneo?

Poderia fazer mais perguntas, mas não vou fazer porque, no fundo, esta parece-me ser uma discussão de gente mal resolvida. E mal agradecida. Coisas de pila pequena, assim ao jeito da banana da Madeira, fruto que até poderia dar um nome interessante para um aeroporto chamado Cristiano.