As notícias sucedem-se. Nós somamos as letras, as frases, mas escapa-nos a big picture. A sério, escapa-nos mesmo. Quem já entendeu que os clubes portugueses, todos eles, estão a ser “vendidos” e “comprados” no mercado, como moedas prestes a sair de circulação?

Se respondeste sim, parabéns. Eu só me caiu a ficha há dias atrás. Apenas há um par de dias juntei as peças deste enorme puzzle chamado SADs e concluí que nenhum clube faz ou fará o mínimo esforço para eliminar esse Adamastor chamado passivo. Bem pelo contrário. A dívida vai ser acarinhada, massajada, vão lhe pintar as unhas e depilar o buço, mas eliminá-la ou reduzi-la…esqueçam. De muitas formas diferentes, as direcções dos grandes entenderam que são eixos públicos de poder e influência. Fazem parte das casas deste jogo de Monopolly chamado Portugal dos Menos Pequenitos. Fazem parte do tabuleiro onde também se jogam Câmaras Municipais, empresas mais ou menos estatais, Bancos e cargos de CEOs espartilhados pelas lojas mais ou menos maçónicas.

Por enquanto há emissões de obrigações patrocinadas por bancos falidos há espera de intervenção estatal. Há planos de reestruturação desesperadamente conseguidos com as chaves do clube em cima da mesa. E como esquecer a evidente submissão de alguns a esse banco de “esquemas” mágico que troca vassalagem total por um cardápio de milhões mais duvidosos que as razões que levam à falta de controle que a UEFA impõe aos Mendes desta vida.

Pergunto-me onde é que isto vai parar. Não me consigo responder. Devia acabar num rodízio de penas e prisão, mas isso é coisa que dificilmente sucede em Portugal e todos os dirigentes contam com isso enquanto desfalcam à velocidade do som, o futuro e a independência dos seus emblemas. Não interessa o que virá, nem como virá. Só interessa enganar os tolos, dando os bolos aos que assinam as notas de dívida, colocando mais uns papéis no monte de adiamentos de realidade.

Siga o baile. Viva a bola e esta cultura de pactos podres. Viva a estupidez e a ignorância. Vivam os “novos fascistas” que sabem o que é melhor para nós e nos enganam piedosamente para que não soframos traumas, pelo menos por agora.

 

*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca (o texto desta semana chega mais tarde porque o gajo andou a esconder os ovos da Páscoa e perdeu-se)