Quem olha e vê um jogador de rugby, e se lhe fizerem a pergunta que compõe o título, a resposta é só uma… “estás a gozar ou quê? Desporto mental o tanas, é um desporto físico…”.

Ok, até se pode perceber o ponto de vista, mas se formos um pouco mais além… para colocar o cabedal em campo, a força mental é uma ajuda importante. Quando um nosso jogador mais pequeno enfrenta um rinoceronte tresmalhado com as mãos nuas e o derruba, isso é trabalho mental, esse jogador tem que acreditar ser capaz, e depois ter a competência técnica de placar o outro apesar de ser óbvia a diferença física entre os dois.

E o ter que treinar todos os dias… bem sei que há quem diga que não é assim, não se treina todos os dias. Mas treina-se… imaginam-se jogadas, brinca-se aos sidesteps nos passeios, vê-se rugby para aprender e tenta-se replicar o que se vê… não por gozo mas para evolução técnica. E isto é diário.

Por vezes vejo putos a caminho da escola, ou a caminho dos treinos, ou a sairem com amigos e levam polos de rugby, ou se está calor chegam a levar calções e bolas… vão no comboio e passam a bola uns aos outros…
Não é anarquia nem má educação, nem querer dar nas vistas… é o quererem evoluir e quererem estar sempre preparados.

Tal como o soldado nunca se afasta muito das suas ferramentas de trabalho, ou o cavador está sempre de olho nos céus tentando adivinhar a melhor altura para a sementeira, ou um bombeiro está de olho no telefone à espera que toque, enquanto dá graxa nas botas… etc., eles também estão em estado de prontidão, vão de passeio com a oval atrás e a família toda a reclamar…

O rugby é um estado de Alma. Podes jogar rugby e sentir o quase nirvana. Num campo de rugby podes ser feliz, rir, lutar e ganhar… ou perder claro. Mas tens sempre os teus valores contigo, são as nossas armas. São os nossos valores no rugby, são os nossos valores no Sporting. Ser jogador de rugby já é difícil, mas no Sporting ainda é mais. A exigência é maior, a responsabilidade também é maior. Mas é imensa a Honra de vestir a nossa camisola, é enorme a vontade de honrar o símbolo que trazemos sobre o coração.

O nosso adversário não é o inimigo, é o vizinho da rua de baixo, ou o puto do 7°A da escola em frente, ou ainda o Chefe da secção do talho onde ainda ontem fomos comprar aqueles bifes, ou o médico que atendeu o nosso puto nas urgências aquando daquele pico de febre que ele teve. E seja qual for o adversário, temos a certeza que vamos sair dali amigos e a marcar desforras para mais tarde.

*às quintas, o Escondidinho do Leão aparece com uma bola diferente debaixo do braço, pronto a contar histórias que terminam num ensaio