Ontem, depois de mais uma jornada de Liga dos Campeões com a Juventus e o Mónaco em destaque, perei um pouco para ver o que se passava em Camp Nou depois de, pelo segundo ano consecutivo, o Barcelona ter caído nos quartos de final da prova (algo que como sabemos representa uma surpresa).

O ano do Barça está longe de ser perfeito e apenas um trio de ataque de sonho, a aparente luta pelo campeonato e a final da Taça do Rei confirmada, vão acalmando as mais duras vozes da contestação pelo certo aburguesamento da estrutura culé. Gostando ou não do Barcelona, gostando ou não daquele sentimento regionalista exacerbado, tendo as nossas preferências clubísticas no país vizinho, existe algo que não podemos deixar de admirar naquele clube centenário. Com a equipa eliminada, os jogadores devastados e com os adversários em festa no seu relvado, o hino do Barça soou no final do jogo e aquelas milhares de pessoas nas bancadas, ao invés de ir a correr para o carro, ficaram no seu lugar, a cantar com a alma toda e a aplaudir os seus. Porque o Barça ensina-nos que, depois de tudo o que tem ganho nestes últimos anos (este treinador já conquistou uma Champions, duas Ligas e duas Taças) existe algo que não muda na sua forma de estar, ser culé é uma forma de vida, a que escolheram, e já o era bem antes de dominarem uma década do futebol mundial. (se não viste, vê aqui)

O jogo deste Sábado terá muito pouca influência no desenrolar de uma época perdida, que tantas vezes já tivemos a oportunidade de esmiuçar. O Sporting não será campeão nacional pela 15ª época consecutiva, o Benfica encaminha-se para o tetra de forma violenta, algo que também já temos tido a oportunidade de comentar. Mas nenhum de nós escolheu o seu clube depois de uma análise cuidada, ao perceber os títulos nos museus, ao perceber quantos adeptos tinham os vários clubes em Portugal, nem sequer pela cor ou pelos jogadores. Escolhemos o Sporting porque sim. E soubemos desde esse momento que ser Sporting é o contrário de ser Benfica.

E porque no Sábado se joga a partida mais histórica em Portugal, e porque os dois clubes são duas faces da moeda da fundação do desporto-rei no nosso país, é dia de deixar a calculadora em casa e simplesmente celebrar o sentimento verde e branco. Celebrar o clube que escolhemos e o símbolo que seguimos. Os valores que representa, aquilo em que acreditamos, o clube ideal para nós e à nossa medida, independentemente de sabermos que o derby pouco vai alterar o desfecho desportivo. É dia de encher Alvalade com festa, com celebração, com a certeza de que, apesar de nos lamentarmos nas horas de maior terror, existe a certeza em todos nós que aquele estádio jamais será um deserto.

Todos queremos ganhar. E queremos ganhar todos os anos. Todos nos aziamos com aquele empate estúpido, todos dormimos mal depois de perder um Clássico, todos discutimos com aquele amigo sportinguista que teima em embirrar com todos os jogadores, ou com aquele que teima em amar todos os jogadores. E muitas vezes o futebol é mais fonte de ansiedade do que de algo positivo no nosso dia-a-dia. Mas, no fim de tudo, quando fizermos o filme da nossa vida, apesar do pouco que pudemos celebrar até ao momento, o Sporting será sempre e inexplicavelmente, mais sinónimo de felicidade do que de tristeza. Mais sinónimo de amigos, família e ídolos, que preenchem qualquer vazio e nos deixam muito mais do que o dia que formos todos celebrar para o Marquês.

Sei que Sábado, seja qual for o resultado, é dia de olhar para o exemplo do Barcelona. Aquele é o nosso rival, o nosso contrário, o nosso inverso, e não sairá de Alvalade sem ouvir alto e em bom som aquilo que todo o mundo já sabe. Pelo Sporting somos doentes e tudo faremos para o ver sempre na frente. Aqueçam as gargantas e aplaudam sempre, independentemente do que acontecer. Vamos mostrar ao rival que, ganhe o que ganhar, nenhum sportinguista alguma vez vai abandonar os seus.

Para inspiração, deixo um vídeo preparado pelo tasqueiro DeFranceschi, quem não se sentir motivado com isto não pode algum dia ter se sentado das cadeiras do melhor estádio do mundo.

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa