Sabiam que no dérbi do ano passado, aquele maldito dérbi, Marvin Zeegelaar foi, em termos estatísticos, o nosso jogador com melhores números. Serve isto para introduzir a única questão táctica (à partida) que levanta algumas dúvidas aos adeptos leoninos: quem ocupará a posição de defesa esquerdo?

Jefferson está completamente sem ritmo (uns joguinhos pela equipa B eram capazes de não lhe ter feito mal nesse sentido) e das vezes que foi chamado manifestou quase sempre problemas físicos. Ricardo Esgaio não é defesa lateral esquerdo, mas já mostrou aguentar-se bem nessa posição. Bruno César, o homem que só ainda não jogou a redes, defesa central e ponta de lança, tem sido várias vezes opção para esse lugar.

Muito sinceramente, detesto ver Bruno César a jogar aí, desde logo porque não sabe posicionar-se. A culpa não é dele obviamente, pois por mais inteligente que seja não tem as rotinas e a formação que lhe permitam não abrir avenidas nas suas costas, não defender demasiado acima e demasiado junto à linha ou perder-se na necessidade de compensar o posicionamento dos centrais. Além de que, e caso todos os outros argumentos sejam peaners para o JJ, atravessa um bom momento de forma e a subida de rendimento da equipa está directamente associada ao entrosamento do quarteto César, Alan, Gelson, Dost. Ah, já para não falar da quantidade de cruzamentos açucarados para o holandês e da influência na marcação de lances de bola parada.

Eu diria que sobram duas opções: lançar Jefferson, o homem bomba, até ele rebentar (pelo meio até pode voltar a ser aquele gajo que oferecia dois ou três cruzamentos de golo por jogo); ou dar a Ricardo Esgaio o seu dérbi. Eu optaria por Esgaio, numa escolha que, a não ser que esteja muito enganado, até encaixaria melhor na forma como acredito que o benfica vai jogar: com Pizzi no corredor direito e Rafa enfiado atrás de Mitroglou, além dos dois trauliteiros no centro do terreno.

Ora isto fará com que o jogo lampião utilize diversas vezes o espaço entre o nosso central e o lateral, nomeadamente pela direita (Pizzi cruzar-se-á invariavelmente com Rafa, procurando quebrar o nosso posicionamento defensivo), e, neste cenário, Esgaio parece-me ter maior inteligência para perceber estas variações. Claro que a cabeça de Rui Vitória poderá não dar-se a tanto trabalho e tudo acabará naquilo que o jogo do benfica é cada vez mais: bola despachada em futebol directo (basta ver a diminuição de influência de Nelson Semedo, por exemplo, depois de ter sido peça importante em metade da época), à espera de uma qualquer carambola ou de uma bola parada que resolvam às três pancadas um jogo onde, certamente, teremos que ser nós a ter a iniciativa.