Na passada tarde de terça-feira, enquanto pelas ruas milhares comemoravam o aniversário da Liberdade, a nossa equipa feminina de futebol dava um importante passo para estar presente em mais uma decisão e ter a possibilidade de trazer mais um título para uma das secções que mais tem animado as hostes leoninas.  Ao vencer o Estoril por 2-0 na primeira mão meia-final, algo que até soube a pouco tal o nível de qualidade que as leoas têm demonstrado, a equipa do Sporting tem quase garantida a presença na final da Taça de Portugal, que também se realiza no Jamor.

Tive a possibilidade, a temporada passada, de acompanhar a dita final pela televisão. A paixão de todas as jogadoras e equipas técnicas contrastava claramente com as bancadas brancas despidas, facto que chegou a ser até constrangedor. Se no futebol masculino o dia de Taça tem sido sinónimo de festas entre família e amigos, companheiros de bola e churrascadas, as meninas estão confinadas a um espaço sem paixão, sem alma e sem música. Cumprindo assim alguns sonhos de carreira, sem ninguém do outro lado para as aplaudir.

E como toda a descrição que acabei de fazer do evento é o exacto oposto daquilo que representa o Sporting em todas as suas modalidades, apenas posso apelar a que tentemos dar 20% da loucura que se abate sobre nós quando estamos no Estádio Nacional, para apoiar as leoas mais goleadoras do mundo.

Num estádio com capacidade para 37 mil pessoas, pensar encher todas as bancadas de verde e branco é um sonho talvez demasiado irreal e que demorará o seu tempo a ser concretizado. Mas podemos, pelo menos, tentar bater o tal recorde de 15 mil pessoas que, em Madrid, assistiram a um jogo de futebol feminino e que íamos conseguindo superar na recepção ao SC Braga, no estádio de Alvalade.

Os bilhetes serão pagos, naturalmente, mas os valores estarão longe, muito longe, daquilo que estamos sempre dispostos a dar quandos os homens de Jesus têm um jogo grande (ainda há dias o Cherba aqui publicou a alarmante estatística de perdermos grande parte dessas partidas).

Temos sido um clube que luta pela diferença e pela alteração dos meadros mais sujos que existem no futebol português. Lutámos pelo fim dos fundos, pelas novas tecnologias no futebol, pelo afastamento dos agentes das Academias, por uma mensagem de transparência para com os sócios de todos os clubes portugueses e pelo desenvolvimento do desporto olímpico e amador, tudo isto porque sabíamos ter voz suficiente para que nos ouvissem. Lutemos agora, sem que nos digam o que temos de fazer, para trazer para um primeiro plano desportivo uma modalidade que encanta milhões pelo mundo, mas desta vez no feminino.

Quem achava que não ia ao Jamor depois daquele golo esquisito do central do Chaves cujo nome, para ser sincera, nem sei pronunciar, estava bem enganado. Existe um grupo de 24 leoas que não tem feito mais nada que não ganhar, convencer, cilindrar e jogar o melhor futebol do seu campeonato. O que são 15 mil vozes quando em jogo está o Sporting Clube de Portugal?

 

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa