Minuto 25. Alan Ruiz tenta uma rotação em direcção à baliza bracarense e agarra-se ao joelho. Jorge Jesus olha para o banco e enquanto milhares de Sportinguistas pensam «queres ver que o gajo vai meter o Bryan», decide mandar Podence para um aquecimento quase tão rápido como as correrias que o vemos fazer no relvado. Componha-se o momento, recordando que o Sporting perdia por 1-0, não porque tivesse entrado mal (Gelson já tinha tido uma belíssima oportunidade, logo aos 4 minutos), antes porque na primeira investida a sério do adversário permitiu que este fizesse golo. E foi neste cenário que foi dada ao técnico leonino a oportunidade, forçada, de mexer na equipa.

A opção tomada viria a mudar todo o curso da partida e bastaram dois ou três minutos para se perceber isso: Podence foi derrubado na área. Penalti, o empate ali à mão, mas Adrien Silva atirar para fora e deixa os Leões em desvantagem no marcador (e já que falamos em tomadas de decisão que afectam o desenrolar da história, não é na conferência de imprensa que se decide quem marca o penalti). A equipa de Alvalade sentiu o golpe, pese as contínuas investidas de Gelson (invariavelmente lançado por um inteligente Bas Dost), agora acompanhado na irreverência por o tal Daniel Podence, e iria para o intervalo em desvantagem no marcador.

No recomeço, mantinha-se tudo na mesma: o Sporting a ter todas as despesas do jogo, o Braga enfiado lá atrás e a jogar no erro. Bas Dost ameaçou aos 48′ e não desperdiçou quando, dois minutos volvidos, teve oportunidade de marcar uma grande penalidade por derrube de Goiano a Gelson Martins (a falta inicia-se fora da área). Com toda a calma do mundo, o holandês atirou Marafona para um lado e a bola para o outro antes de, com cara de poucos amigos, ir buscá-la ao fundo das redes.

A mensagem estava passada e, como capitão atento que é, Adrien não tardou a tentar marcar o segundo: grande remate em arco, com a bola a passar perto do poste. O Sporting era dono e senhor da partida e Podence o agitador de serviço. Tão agitador que, depois de tentar marcar de fora da área, inspirou Marvin a deixar dois por terra e a cruzar com conta peso e medida para a cabeça do suspeito do costume. Bas Dost bisava e o Sporting colocava justiça no marcador.

Mas como nos diz o título desta crónica, as voltas do destino dependem muito do que fazemos com elas, e o que o Sporting fez com tão justa vantagem foi… desperdiçá-la. De um cruzamento sem jeito de Alan, que foi de um lado ao outro do campo, nasce uma ausência de pressão quer permite que a bola volte a ser colocada na área; Paulo Oliveira é “castigado” por ter estreado um penteado e a bola termina dentro da baliza na única vez em que o Braga conseguiu lá chegar com perigo em toda a segunda parte.

Mas quem tem miúdos como Podence e como Gelson e um avançado chamado Bas Dost, tem jogo até final. Do pequeno Daniel, para o gigante holandês, a bola seguiu para o craque Martins que, com classe, esperou a subida de Schelotto e lançou-lha na corrida. O “galgo” sacou um cruzamento largo e, ao segundo poste, atropelando que ousou meter-se no seu caminho ribombou o Thunder com uma cabeçada magnífica que só terminou no ângulo da baliza. Pela terceira vez o holandês apontava, de punho cerrado, para os incansáveis adeptos leoninos que se ouviram ao longo de toda uma partida carregadinha de sinais sobre o que o futuro pode reservar-nos. Se quisermos interpretá-los devidamente, claro.