bandeiraCarl von Clausewitz (Burg, 1 de junho de 1780 — Breslau, 16 de novembro de 1831) foi um militar do Reino da Prússia que ocupou o posto de general e é considerado um grande estrategista militar e teórico da guerra por sua obra Da Guerra. (…) É considerado um grande mestre da arte da guerra. (in Wikipedia)

Não sou expert na matéria, nem nada que se pareça, mas parece que este Clausewitz tinha umas ideias interessantes no que toca a fazer a “guerra”. Uma das suas ideias-base era a de que, para um país vencer uma guerra, havia três factores que tinham de actuar em conjugação, que tinham de estar alinhados, mentalmente e fisicamente: o povo, o exército e o Governo.

Pesquisei alguma coisa, não muito, sobre Clausewitz antes de começar a escrever o post, e, aparentemente, essa “trindade” de factores, essencial para que um país saia vitorioso de um conflito, consiste nisto:

1- “violência, do ódio e da inimizade primordiais, que devem ser vistos como uma força natural cega” (o povo)
2- “O acaso e probabilidade dentro do qual o espírito criativo é livre para vaguear” (o exército)
3-  “O elemento de subordinação, como instrumento de política, que o torna sujeito apenas à razão” (o Governo)

Se quisermos transportar isto para a realidade do Sporting, diria que o “povo” são os adeptos do Sporting. Pergunto: haverá maior prova de que os adeptos estão dispostos a ir à luta quando, numa época desastrosa, para não dizer fracassada, a #OndaVerde continua acima dos 40 mil em Alvalade e com um punhado de milhares nos jogos fora? Quando Jorge Jesus entoa o #OMundoSabeQue e inicia cada flash-interview a elogiar os adeptos do Sporting, fá-lo porque, mais do que ninguém, ele sabe da importância da “pressão” que as bancadas inferem no decurso do jogo, principalmente, no raio de decisão do(s) árbitro(s). É por isso que ele continua a apelar, constantemente, pela #OndaVerde. É muito diferente jogarmos em Arouca com a bancada central local a uivar a cada lance polémico se houver uma bancada oposta repleta de Sportinguistas que “camuflem” os gritos dos locais. Os árbitros, apesar de tudo, são humanos e ouvem muito bem…
Quanto a isto, não creio que o Sporting se possa queixar muito. A nação leonina está aí para a luta, dentro do campo, como nunca esteve. É verdade que, fora do campo, há quem batalhe muito mais do que os Sportinguistas. As ameaças aos árbitros, os telefonemas para os programas diários sobre arbitragem futebol, mas… Já alguma vez viram alguém, ao domingo de manhã, no centro comercial mais próximo, vestido com o fato treino do Sporting? E do Benfica? Pois. Não peçam mais aos Sportinguistas aquilo que eles estão dispostos a dar.

No que toca ao Governo, nunca vi um Estado-Maior Leonino que defendesse tanto o Sporting com o actual liderado por Bruno de Carvalho. Há muito a melhorar (a comunicação, meu Deus…) mas não consigo dizer que tenha havido uma direção tão preparada para a “guerra” como esta.

Agora o “exército”… muitas vezes me questiono se eles, os soldados (jogadores) sabem sequer que estão em guerra. É que, pelos sinais que vão dando, dia após dia, semana após semana, ano após ano, eu diria que não. Eles não percebem nada. É ver um qualquer clássico Real Madrid-Barcelona. É ler os tweets do Piqué e ouvir as flash-interviews do Sérgio Ramos e percebemos que são “inimigos”.Depois de verem o “el clássico“, é ver um soporífero derby Sporting-Benfica e perceberão o quero dizer.

No derby que ditou, com toda a certeza, que o nosso maior rival irá alcançar aquilo que apenas os 5 Violinos e o Porto de Pinto da Costa conseguiram, ou seja, o tetra-campeonato, conseguimos acabá-lo com apenas um cartão amarelo mostrado! Há jogos de curling mais disputados! Pergunto-me se, sequer, haveria algum jogador do Sporting consciente deste “pormenor” da história do futebol português? Não consigo acreditar que havia. Mas pior do que isso é, depois de acabar o jogo com um empate sensaborão, verificar que para os “soldados”, parece que o empate foi uma coisa quase normal, quase como algo positivo. Nem passadas 48 horas, vejo no Facebook o capitão (o capitão!!) do Sporting a dedicar o golo do empate contra o benfica-tetra-campeão à mulher. Dedicar o golo do empate… Na minha concepção de Sporting, do Sporting que aprendi a gostar e devotar, sempre concebi ver o capitão do Sporting a dedicar vitórias, não golos. Hoje é sábado, uma semana depois do derby, ainda me custa engolir aquela merda de jogo e, no entanto, é ver o William, o sub-capitão do Sporting, no Instagram, 48 horas depois, numa piscina qualquer, sem qualquer menção ao jogo, alegre e sorridente. Ou o Schelotto, um tipo que estava desempregado há dois anos, antes de vir para o Sporting, e que convida jogadores do Benfica para a inauguração do seu restaurante 5 dias depois do empate no derby e 6 depois da mor… de mais um assassinato de um adepto do Sporting por parte de um lampião.

É isto o nosso “exército”? Querem ganhar a guerra contra o Benfica, FPF, LPFP, árbitros, clubes-que-estagiam-no-Seixal-dias-antes-de-jogar-na-Luz-ou-que-vendem-bancadas-completas-ao-Benfica, jogadores-com-ligações-ao-Benfica-que-por-azar-marcam-autogolos-ou-fazem-assistências-a-favor-do-Benfica, com estes jogadores que parecem que vivem noutra realidade e completamente alheados da trafulhice que é a #LigaMickeyMouse? Já no derby da primeira volta na Luz falei sobre a completa falta de “ganas” deste grupo de jogadores e agora o sinto mais. Olho para a equipa (plantel) do Sporting e vejo um bando de bons rapazes que não ganharão nada além de likes e comentários nas redes sociais. Olho para o Benfica (e Porto mas não tanto) e vejo gajos filhos-da-mãe que se estão a cagar para as redes sociais e querem é ganhar jogos e títulos.

“When I see them do live videos from the locker room, I’d like to take a baseball bat to their teeth.”
Leio esta frase de De Rossi e lembro-me de Schmeichel, Acosta, Babb, Paulo Bento, João Pinto, Beto, Sá Pinto e das últimas vezes em que fomos campeões. Coincidências, certamente.

E se falo em exército, falo também no general, Jorge Jesus. Quando JJ chegou ao Benfica, era um desconhecido. Acredito que, nas primeiras épocas, JJ tenha tido de suar e gritar muito para impor a sua vontade, a sua filosofia, de modo a que jogadores, de certo modo consagrados, acreditassem na sua palavra e métodos. Quando penso no JJ dos primeiros anos do Benfica, lembro-me de um JJ com fato de treino. Olho para o JJ actual e vejo-o, literal e metaforicamente, de fato e gravata. Terá ele ainda aquela chama, aquela vontade de ganhar (a “guerra”), de conseguir transformar jogadores consagrados e outros, banais, em vencedores? Começo a ter dúvidas.

Sei que disse que o Governo de BdC é dos mais batalhadores que me lembro no Sporting, é verdade, no entanto, não deixa de ser verdade que a estratégia delineada, principalmente nesta época, falhou completamente. Nem falo sobre as contratações ou constituição do plantel mas sim ao combate fora das quatro linhas. Decidiu-se seguir uma estratégia de “apoio” ao novo Conselho de Arbitragem, liderado por um novato, Fontelas Gomes, mas coadjuvado por velhas raposas, como Lucílio Baptista e João Ferreira. Os resultados estão à vista: Benfica é a equipa com menos cartões e com menos penalties contra e o Sporting é das que mais cartões tem. Clap…clap… clap.

Decidiu-se no Sporting capitalizar tudo contra o Benfica e não contra os “braços-armados” do Benfica, como está agora o Porto a fazer, que desmascara semanalmente no Porto Canal, uma série de personagens do #EstadoLampiânco, desde os constituintes da infame “cartilha”, árbitros, observadores, jornalistas, etc. Por exemplo, como é possível o Sporting jogar, constantemente, à noite e depois dos rivais, salvo raras excepções, e não se ouvir uma palavra de desagrado público por parte do Sporting? Ou há quem no Sporting julgue que é mesmo irrelevante jogar-se, por exemplo, às sextas à noite, antes dos rivais, fora dos “holofotes” e, se ganhando, colocar pressão sobre os rivais? Ou que jogar à luz natural em Alvalade relaxará mais a equipa adversária, transformando o jogo em algo mais “estival” e, logicamente, mais fácil de ganhar (jogo mais aberto, fluido, favorável à equipa mais atacante, mais técnica)?

Outro exemplo. Em cada jogo do Sporting transmitido pelo Sporttv sou capaz de vislumbrar uma ou duas chico-espertices contra o Sporting, sejam os comentários manhosos de Luís Freitas Lobo ou Pedro Henriques, ou a aquela repetição que nunca aparece e que permitia esclarecer dúvidas sobre um qualquer lance a favorecer/prejudicar o Sporting. Quantas vezes ouvi alguém do Sporting referir-se, oficialmente, a isso? Nunca.

Como é possível andar a dar borlas de dois em dois meses (leia-se, entrevistas exclusivas ou fornecer jogadores para campanhas como a do dominó) ao Record se, dia sim, dia não, temos uma “capa” anti-Sporting e crónicas do Farinha a amesquinhar o Sporting? Os “prós” valerão mais do que os “contras”? Duvido muito. Já há tantas formas de fazer passar a mensagem (Sporting TV, redes sociais) que este tipo de relações “quid pro quo” parecem mais prejudiciais do que benéficas. Isto, para não falar n’A BOLA, CM, O JOGO ou TVI24. Nalguns destes casos, urgia mesmo declarar certos orgãos de comunicação social como personas no grata em Alvalade mas não, mais fácil sai um comunicado de BdC ou Nuno Saraiva contra o André Ventura ou Hugo Gil (o Hugo Gil, caralho?!) do que contra o Vítor Serpa ou Nuno Farinha. Juro que não percebo.

No Sporting, parece que há várias estratégias. Uma da direção (e dentro dessa, parece que há uma distinta do presidente, outra do diretor de comunicação, etc), outra do treinador e outra dos jogadores. Deus queira que esteja enganado mas, a continuar assim, vamos continuar a perder a “guerra”.

Texto escrito por Captomente em Com Quem é que Joga o Sporting
* “outros rugidos” é a forma da Tasca destacar o que de bom ou de polémico se vai escrevendo na blogosfera verde e branca