Com ou sem recados, muitos deles com nome do destinatário tão explícito que até incomoda quem vê, a verdade é que os adeptos leoninos fizeram questão de mostrar até ao fim que não é por falta de apoio que esta época futebolística, ao nível da equipa sénior, foi um pesadelo. Que, recorde-se, se arrasta desde o final do ano passado, altura em que a equipa leonina foi ficando afastada de todos e quaisquer objectivos. É, por isso, de assinalar, que cerca de 33 mil almas, num domingo à noite, se tivessem deslocado a Alvalade na esperança de ver algo que lhes desse um sinal de esperança para a próxima época.

O hattrick de Bas Dost (mais um, o terceiro, num total de 34 golos para o campeonato), ontem com o extra de cavalgadas defensivas para recuperar bolas, garante que falta de goleador não temos. Falta encontrar alguém que o substitua quando for necessário e decidir quais os parceiros que melhor alimentam as suas características. E, ontem, tal como em Tondela, a irreverência de três miúdos – Gelson Martins, Podence, Matheus Pereira – mostrou ser dínamo para potenciar o faro pelo golo do avançado holandês.

Com a curva Sul a cumprir “20 minutos iguais à vossa atitude”, numa clara alusão aos dois últimos miseráveis jogos (com Belém e Feirense, a tal equipa que acabou por fazer apenas menos 3 pontos do que nós na segunda volta), e já depois de Dost ter ameaçado de calcanhar, Podence apanhou Ponck a dormir, roubou-lhe a bola e foi derrubado na área. Penalti claro que Bas Dost converteria no primeiro golo da noite. Quatro minutos depois, aos 15′, Matheus bateu o canto e o holandês cabeceou para o segundo.

O mais complicado estava feito e a curiosidade maior era perceber se Dost continuaria a marcar até apanhar Messi na lista dos melhores marcadores da Europa. Isso não aconteceu e, cá para nós que ninguém nos ouve, dou por mim a pensar no que nos teria acontecido se este abono de família com quase dois metros não fosse a máquina goleadora e o profissional que é. O que se viu, entretanto, foi um cheirinho do brilho da Academia: Dost mete em Gelson, este tabela com Podence à entrada da área, troca as voltas aos defesas e mete em Matheus que fugindo da esquerda para o meio, faz o 3-0. Matheus marcava o seu primeiro golo pelo Sporting para o campeonato nacional, Gelson chegava às duas dezenas de assistências. E o jogo chegava ao intervalo.

No recomeço, Jefferson quase inscrevia o seu nome na história através de um livre directo, mas a equipa perderia o gás do primeiro tempo e veria o Chaves ameaçar por três ou quatro vezes. Numa delas, a equipa transmontana chegaria ao golo, com a defensiva leonina a ficar mal na fotografia. O ponteiro corria e já marcava para lá dos 90′ quando Bas Dost foi agarrado dentro da área e se encarregou ele mesmo de cobrar a grande penalidade.

Ponto final no pesadelo, entre saídas apressadas de uns e aplausos para a bancada por parte dos putos que gostávamos que ficassem connosco, apesar da análise de Jorge Jesus que abre a porta para a próxima época: «Enquanto for só a Academia a sustentar a qualidade da equipa, vai ser curto para conquistar o título. Temos aproveitar a qualidade que vem da Academia e depois conseguir jogadores como Bas Dost ou Alan Ruiz para ter uma equipa forte. O Sporting não está habituado a contratar jogadores por dez milhões de euros, mas é com esses que a equipa fica mais forte. Os rivais compram por 20 milhões e é preciso fazer o equilíbrio financeiro para estar ao nível deles».

Esperemos, então, pelas cenas dos próximos capítulos.