Depois de uma semana (mais uma) em que os críticos da página de Facebook de Bruno de Carvalho puderam comprovar a sua teoria de que os títulos do Sporting estão ligados a uma espécie de perfil digital Bella Guttman, que nos impedia de vencer em qualquer modalidade, altura de recarregar baterias e apontar a mais um troféu.

Desde Sábado que o Sporting tem revitalizado espíritos e mentes leoninas, até as mais furiosas e cépticas, e a péssima temporada, a vinda do Coentrão ou até o casamento mais esperado do ano têm ficado finalmente para segundo plano. E tudo porque temos celebrado que nem os loucos, quase todos os dias, as vitórias nas diferentes modalidades e escalões, tendo ontem sentido (talvez) a maior alegria desportiva dos últimos dois anos.

Mas isto é o Sporting e ganhar tem de ser apenas e só mais um dia na oficina. O título de Andebol ficará sempre marcado como um dos mais bonitos que sentimos enquanto adeptos deste clube, só que é tempo de resguardar a nossa preciosa voz e voltar a correr para junto dos que honram a nossa camisola.

No Domingo, depois de muita confusão com as datas impostas pela Federação, depois de até se ter marcado um amigável da selecção para o mesmo dia (para depois ser mudado), depois de se impedir que centenas de jovens jogadoras da formação pudessem estar presentes na festa da Taça, as nossas meninas vão celebrar o futebol feminino e nós vamos estar lá para as acompanhar.

O título mais importante foi conquistado de forma brilhante. Conseguimos terminar a época sem qualquer derrota e provámos que, em termos de regularidade, somos de facto as mais competentes (ainda que as individualidades do nosso principal rival possam ser melhores). Marcámos o nosso regresso ao futebol feminino como um importante factor de valorização da modalidade, tivemos classe na vitória e até conseguimos, mais ou menos, uma espécie de destaque mediático em torno da equipa (continuaremos a tentar fazê-lo durante muitos e bons anos).

A Final da Taça no Jamor não poderia ser diferente e desta vez contamos até com uma cidade de Braga motivada em torno da sua equipa. Os bracarenses terão à sua disposição cerca de 15 carrinhas oferecidas pela Câmara Municipal, de forma a tentar encher parte das bancadas brancas, os sportinguistas correm até às bilheteiras para levantar os bilhetes a que têm direito, organizam-se as churrascadas e as excursões e as expectativas de bater o recorde europeu são as melhores.

Ganhar é claramente o mais importante numa final mas a longo prazo isso pouco interesse terá. O Sporting vai conquistar muitas taças de Portugal ao longo da sua história, mas o importante é trazer para a ribalta o conjunto de 22 atletas que entrarão em campo já no Domingo. Criar barulho, curiosidade, chamar para nós os microfones, as câmaras, as televisões e os jornais. Importante que se estabeleçam grandes números em termos de presença, para que até a própria Federação que gere o futebol feminino entenda o seu enorme potencial. Importante que a nossa voz seja agente activo num padrão de mudança, que se entenda que 50% do mundo também pode ser atleta de alta competição no desporto mais apaixonante que o Homem já criou.

Domingo cantarei pelo Sporting, claro que sim, sairei do estádio completamente frustada em caso de derrota, ficarei furiosa com o árbitro durante grande parte do tempo, provavelmente vou dizer muito mais asneiras do que o meu pai gostaria. Mas aconteça o que acontecer estarei feliz porque estive presente (como tantos de vocês) desde o primeiro dia em que o futebol feminino foi transformado em festa.

Aprendemos a apaixonar-nos por elas como por eles, decorámos os seus nomes e números e, para alguns, começamos até a ver ídolos ali. Vencer era o complemento de uma época que, na minha opinião, já está mais que perfeita. Perder apenas uma pedra no caminho entre muitas conquistas futuras.

Num país tão pequeno como o nosso, podemos estar prestes a bater o recorde da Europa em termos de assistências, mesmo tendo em conta a falta de competitividade europeia das nossas equipas. Se isto não é paixão, se isto não é potencial, se isto não será capaz de, a médio prazo, ser uma grande mudança de paradigma na forma como se vive o desporto em Portugal… não sei o que será.

Ps: uma palavra para a TVI24, já que falamos de modalidades e da secção feminina nestes dias. Têm sido a televisão mais interessada em mostrar o desporto no seu todo. Depois estragam tudo com os programas de “debate”, mas isso é outra história.

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa

ATENÇÃO: todos os que vão marcar presença na churrascada da Tasca, agendada para domingo, devem clicar aqui para ficar a par de todos os pormenores sobre este evento!