Muito se tem falado que vamos buscar um extremo esquerdo. Fala-se muito em Acuna e em Pity Martinez. Confesso que não conheço nenhum, confesso que não acompanho o campeonato argentino. Mas fico “assustado” quando se fala em 13/15 e até em 17 milhões. Este susto não é pelo valor (sou daqueles que também acha que jogadores por 2 ou 3 milhoes normalmente sai mais caro do que os de 10 ou 12, desportiva e financeiramente. A questão é outra e é por aí que queria olhar, é os extremos que temos no plantel, ou melhor, no nosso sistema táctico do qual Jesus não abdica os chamados Médios Alas.

Olhando de repente para o nosso plantel neste momento vemos várias opções para estas posiçoes, Gelson, Iuri, Podence, Matheus, Geraldes, Bruno Cesar, Bryan Ruiz e vou incluir aqui Ryan Gaul, pois parece-me que no nosso sistema de jogo é a única posição na qual pode jogar (deus me livre vê-lo a 8, num meio campo a 2). Ou seja, temos 8 jogadores para no máximo 5 vagas.

Mas para seguir uma linha de raciocinio temos de pensar, afinal o que é que um treinador quer dum extremo? O que é que sobretudo o nosso treinador gosta nos seus extremos? Veja-se alguns dos extremos de Jesus nos ultimos anos: Di Maria, Ramires, Gaitan, Salvio, Markovic, Joao Mario, Gelson, Bryan Ruiz. Falei obviamente naqueles que maior sucesso tiveram, mas claro que houve Sulejmani, Enzo Perez, Ola John, Urreta, Campbell…

Muito se fala que Jesus gosta de Extremos que sabem defender bem, que são agressivos e tal … Isso é verdade, gosta Jesus e gosta qualquer treinador. Mas pudemos ver que acima do defender bem está o atacar bem. Jesus gosta de extremos que ataquem o homem, que sejam muito fortes no 1×1, que sejam rápidos com bola e sem ela na ocupação de espaços, que defina bem, gosta no fundo dos artistas, daqueles malabaristas capazes de darem nós nas cabeças dos laterais adversários. As únicas três exceções são Ramires, João Mario e Bryan. Mas quanto a estes três, a conversa é outra. A rapidez no 1×1 e os constantes malabarismos são substituídos por uma inteligência fora do vulgar, uma bola menos no espaço e sempre colada ao pé; Movimentos interiores que desorganizam qualquer defesa “á Petit”. E um puder de decisão que não falha, aliás parece que decidem sempre bem.

Depois claro, depois de terem isto é que vem a parte de defender, vem a parte de equilibrar a equipa. Vem a parte que o treinador pode ensinar e melhorar. Veja-se o exemplo de Bas Dost. É um finalizador nato, um avançado daqueles que me arrisco a dizer que já não tínhamos desde Jardel. Se um Ponta de Lança tem isto, vamos deixar de o ter só porque defende mal, porque não pressiona? Não. Se tem isto (que é o mais importante para um Ponta de Lança, o resto aprende-se, o mister ensina. E foi o que se viu na época passada.

extremos

Tudo isto para falar nos nossos extremos. Ora então destas características todas que JJ gosta e aprecia, será que temos extremos suficientes para atacar uma época que tem de ser de títulos ou será mesmo necessário gastar 15 milhões num extremo argentino ( que não está em causa a sua qualidade). Gelson é ponto de concordância. Depois da ultima época não deixa margem para duvidas, é ele e mais 10. Depois há Iuri. Pessoalmente gosto deste miúdo. Trata a bola como poucos, a redondinha com ele é sempre colada ao pé. Não faz da velocidade a principal arma mas sim a sua muita qualidade técnica . A jogar sobre a direita, a fazer movimentos interiores com a qualidade do seu pé esquerdo, quer no remate quer no passe. Bate bolas paradas como não temos no plantel. E conhece muito bem o nosso campeonato. Acho que é este o ano em que deve ficar e na minha opinião lutar com Gelson num lugar à direita, embora também deva ser solução à esquerda.

Depois temos Podence. Podence mexe com o jogo. Podence tem características únicas, muito veloz, desequilibra na velocidade e no poder de desmarcação. Mas sinceramente parece-me que neste nosso sistema a posição de 2º Avançado é a mais indicada. Porque consegue procurar bem espaços vazios, consegue dar sempre linhas de passe quer no pé quer no espaço. É muito movel o que permitirá a Bas Dost ser mais fixo na área. Mas será sempre uma solução quer para a ala direita quer para a esquerda.

Matheus… O que eu gosto e vaticino um futuro do c******* para este miudo. É na minha opinião o melhor de todos no 1×1, o mais imprevisível e o mais tecnicista. Veloz e com um cruzamento que faz Bas Dost suspirar. Mas acho que estagnou, não porque Jesus não tenha puxado por ele (Jesus gosta dele senão não o tinha deixado estar no plantel), mas sim pela gritante falta de jogos e minutos. Dai que ache, para ser suplente, Matheus deve ser emprestado. Para jogar e ganhar “calo”. Para perceber o que custa jogar sempre. Na minha opinião temos uma pérola em mãos, temos é de sabe-la gerir muito bem.

Chico Geraldes é um caso totalmente diferente destes. Este é daqueles que se enquadra naqueles alas que Jesus gosta que “por uma inteligência fora do vulgar, uma bola menos no espaço e sempre colada ao pé; Movimentos interiores que desorganizam qualquer defesa “á Petit”. E um puder de decisão que não falha, aliás parece que decidem sempre bem”. Nunca foi um ala na sua formação, mas as suas caracteristicas fazem-me pensar que no nosso sistema encaixava perfeitamente na ala direita ou na esquerda. A fazer movimentos para dentro, a fazer uso do sua visão de jogo. Já sonho com “Geraldes vai para dentro, Coentrão sobe na Linha, bola na profuundidadem, cruzamrento de Coentrão e Golooooo”…

Depois há Bryan e Bruno César. Muito sinceramente acho que destes só um deve ficar. Eram as nossas duas “únicas” opções para o lado esquerdo do ataque o ano passado, e estamos de acordo, curto, muito curto. Se me garantirem o Bryan do primeiro ano de Sporting eu assino já que fique e que é ele e mais dez. Se for o do 2º ano, que saia, porque senão jogamos “coxos”. A bola nos pés de Ruiz sai sempre redonda e jogável, isso sempre. Mas a falta de intensidade, de estofo físico e a constante insistência de Jesus fez com que esta ultima época fosse para esquecer. Já Bruno Cesar é aquilo. Numa escala de 0 a 10, varia sempre entre o 4 e o 7. Nunca encanta muito, mas nunca pudemos dizer que jogou mal. Equilibra a equipa a nivel defensivo, mas não desequilibra ofensivamente. Remata bem, define bem. Nunca será uma solução para atacar uma época como titular mas será sempre uma boa solução, sobretudo tendo em conta a polivalência (esperemos que não seja preciso sê-lo esta época). Na minha opinião ver como Bryan chega e daí tirar as conclusões, bem é Bryan e mais 10, vindo mal é vende-lo.

Finalmente Ryan Gauld, como disse anteriormente é, parece-me a unica posição em que pode jogar e ter oportunidade de brilhar neste nosso esquema. Jogador de toque refinado, com uma qualidade com bola fantástica. Não é um velocista, não é um jogador agressivo sem bola nem é um jogador de procurar a bola no espaço. Nem é muito um jogador que vai marcar muitos golos. Tenho duvidas, muitas duvidas que alguma vez vai brilhar com JJ. Não está em causa a sua qualidade, mas na minha opinião é um jogador que precisa de crescer. Precisa de jogar uma época inteira, ser atirado aos tubarões e depois ver. Muito, repito muito dificilmente o vejo no plantel este ano. Daqui a um ano, se for emprestado poderei estar a mudar o discurso.

Resumindo, lado direito, Gelson e Iuri. Lado Esquerdo, Geraldes, Bryan/Bruno. E aínda há Podence e Matheus. Será que faz assim muito sentido gastar tanto dinheiro por uma promessa argentina? Será que é maior promessa que Matheus ou Iuri? Se fosse para contratar um extremo tipo Nani, Quaresma ou Arda Turan teria a 100% o meu aval. Agora, promessa por promessa, temos as nossas. E que prometem muito.

TEXTO ESCRITO POR LuisMiguel
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