Miguel Albuquerque venceu 50 títulos desde que assumiu, há pouco mais de cinco anos, o cargo de responsável máximo pela secção. Agora, já traçou o objectivo: ganhar outros 50… em menos tempo

Depois de uma longa suspensão, o Miguel poderá em breve regressar ao banco. É mais difícil acompanhar à distância ou na quadra, junto à equipa?
É mais difícil longe. As emoções são completamente diferentes, mas de qualquer das maneiras deu para perceber que ver o jogo da bancada dá-nos uma percepção completamente diferente da que nós temos lá em baixo. Muitas vezes vivemos muito mais a emoção do que a razão e ver o jogo na bancada dá-nos esse distanciamento e essa frieza ao ver os jogos. No banco por vezes tenho a sensação de que o jogo está muito mau quando não foi, e o contrário também.

Que conclusões tirou a partir dessa frieza da bancada?
Deu-me uma ideia e uma visão do jogo diferente. Foram muitos anos a ver os jogos no banco, raramente os via na bancada, e percebi que às vezes é bom distanciarmo-nos um pouco e perceber o jogo de uma forma diferente. De qualquer forma, acho importante a presença no banco porque os líderes devem estar sempre junto das suas tropas e devemos ser sempre nós a sair na frente quando há algum problema.

Há sensivelmente um ano, em entrevista ao Jornal Sporting, transmitiu alguma estranheza em relação à mudança na punição da regra dos jogadores formados localmente. Mesmo com ela, um ano depois, o Sporting sagrou-se campeão… 
A minha opinião é a mesma, e não tem a ver com a punição da regra, mas com a regra, que não protege jogador português absolutamente nenhum. Posso ter vários jogadores na equipa que são formados localmente, mas não podem representar a Selecção Nacional. Logo aí cai por terra o argumento da federação que diz que o jogador português tem de ser protegido, bem como as selecções nacionais. Mais: isto castra completamente a competitividade das equipas porque não nos coloca em pé de igualdade perante equipas de outras ligas onde não existe essa restricção. Coloca-nos em situações onde só podemos usar cinco jogadores nessas condições um ano inteiro e depois vamos enfrentar equipas que podem usar os jogadores que querem, as vezes que querem.

Apesar de não se ter sentado no banco, é um elemento próximo do grupo. Sentiu que essa limitação nas convocatórias dificultou a vida ao Sporting?
Senti, primeiro, que deu uma competitividade maior ao plantel porque todas as semanas havia incerteza sobre as convocatórias. Acho que o Nuno acabou por gerir da melhor forma a situação. O que sempre lhe disse é que, desde que decida em consciência para aquilo que são os interesses do Sporting, estaria sempre a decidir bem. Foi o que fez.

Como é que os jogadores lidaram com a situação? Compreenderam ou gerou alguma instabilidade?
Não pode gerar instabilidade, toda a gente sabe as regras do jogo e os jogadores estão cá para representar o Sporting e para o fazer da melhor forma possível. Se jogam ou não, não é uma decisão deles nem minha, é do treinador.

Apesar da conquista do Campeonato e da Taça da Liga, o Clube acabou por perder a Taça de Portugal e a Supertaça para o Benfica a quem, de resto, o Sporting não chegou a vencer. Dada a superioridade demonstrada ao longo da época pela equipa leonina, como é que se explica essa falta de vitórias no confronto directo?
Não se explica por uma razão muito simples: o nosso campeonato é ganhar títulos, não é ganhar ao Benfica. Ganhar ao Benfica é o mesmo que ganhar a outra equipa qualquer. Neste momento todos os clubes querem ganhar é ao Sporting pelo que fizemos nos últimos anos, em que participámos nas últimas oito finais consecutivas, das quais ganhámos seis. Isso faz com que todos nos queiram ganhar. Nós não: não queremos ganhar ao Benfica ou ao Braga ou ao que quer que seja, nós queremosé ganhar títulos. Se o fizermos sem ganhar ao Benfica, sinceramente não estou minimamente preocupado. É um facto que perdemos a supertaça, que foi um jogo atípico porque os jogadores tinham chegado das selecções há pouco tempo, e depois perdemos também a Taça de Portugal da forma que todos vimos, no desempate dos penáltis, mas não me preocupa minimamente. Se me disserem que para o ano somos campeões sem vencer o Benfica, assino já por baixo.