Mohamed Ramadhan, também conhecido como jogador com o nome mais islâmico do mundo, também conhecido como Messi Agege, é o mais recente reforço da equipa sub-19 do Sporting, estando desde já a trabalhar com Tiago Fernandes e a sua equipa.

Com apenas 17 anos, um estilo irreverente e muito talento para trabalhar, o jovem africano chega pela primeira vez à Europa depois de ter cumprido a sua formação na academia Aspire, no Qatar. Uma academia com um projecto muito interessante, que pretende desenvolver o futebol africano e do país, dando melhores condições de treino e formação aos atletas que conseguem ingressar a mesma. Agege é, como diria Luís Freitas Lobo, futebol de rua no seu estado mais puro. Rapidez, técnica individual, gosto em partir rins e muita coragem, tudo características que tem de manter, mas que terão de deixar de ser a sua única arma.

Por ser ainda menor de idade, o pequeno queniano só poderá competir a partir de Dezembro e tem contrato assinado para os próximos 3 anos. Uma aposta interessante do clube, num atleta que terá de trabalhar muito para ganhar o lugar aos seus colegas de equipa, habituados à formação de excelência desde tenra idade.

Mohamed ou Messi é o ponto de partida para uma ideia que tenho à muito, e que sem dúvida tem sido pouco desenvolvida pelos responsáveis pela nossa Academia. Talvez por falta de meios, talvez porque não estará no topo das suas prioridades. O Sporting é uma marca de formação de excelência, a melhor em Portugal e uma das melhores da Europa, mas tem pecado por procurar os seus diamantes nos curtos quilómetros que unem o Minho ao Algarve e a Beira Alta ao Funchal. Num país tão pequeno, com concorrência competente, torna-se difícil subir o patamar e alimentar em grandes doses a equipa principal, de forma a ter uma gestão mais sustentada e que não implique tantos gastos no mercado de transferências.

Clubes como o Barcelona, Ajax e quase todos os alemães, sabem que para continuar a abastecer as suas academias de forma constante sem picos de qualidade baseados apenas em gerações boas ou más têm de procurar além fronteiras e para lá daquilo que os seus países podem oferecer. E por isso não é raro que um sueco, um dinamarquês ou um norueguês tenha feito toda a sua formação no Ajax ou, se quisermos o melhor exemplo nesse campo, que um menino chamado Lionel tenha vindo da Argentina para se tornar o melhor jogador da história do Barcelona.

Estes clubes fazem-no porque sabem que aqueles milhares gastos em viagens, observações e contratos de formação não são nada quando comparados com os milhões que terão de gastar para continuarem a ser sempre competitivos na equipa principal. E por isso na Masia, na Holanda e em muitos clubes germânicos encontramos jogadores coreanos, japoneses, sul-americanos ou de outras nacionalidade europeias com apenas 16 ou 17 anos.

É uma forma de aumentar a oferta, subir a fasquia da qualidade e ter muito mais opções para a equipa principal passados uns anos. Neste momento o Sporting abastece a sua equipa A com uma média de 3 jogadores por ano (vindos dos escalões jovens ou nos primeiros anos de profissional), não tenho dúvidas que com um sério investimento em alargar a rede de possíveis jogadores, conseguiríamos aumentar esta marca. Gelson Dala pode ser o primeiro exemplo de muitos.

As academias abertas pelo mundo não têm trazido praticamente nada. Apenas uma cooperação e o know-how que fornecemos. Em termos de atletas os resultados são nulos e não me parece que seja por aí que potenciamos Alcochete enquanto oásis da formação. Ter mais e melhores observadores, espalhados pelo mundo, naturalmente pagos e capazes de avaliar um jovem nos seus primeiros anos de formação. Uma forma de encontrar novos talentos (que existem em todo o lado) e ter outra fonte que não um país de apenas 10 milhões de pessoas.

E falando nas aldeias portuguesas, de Moreira de Cónegos chegou Pedro Mendes. O avançado do Moreirense tem apenas 17 anos, poderá jogar pelos juniores, mas segundo a informação avançada pelo próprio Sporting, actuará na equipa B. Marcou 18 golos a temporada passada, numa equipa que não disputou o apuramento de campeão, assinou contrato até 2023 e fará concorrência a Ronaldo Tavares e Pedro Marques na frente de ataque ao serviço de Luís Martins.

A expectativas (pelo que li) é muito positiva em torno do jogador. É um avançado possante, de 1,87m, começará desde já no futebol profissional. Aos dois novos jovens leões, toda a sorte do mundo!

*às terças, a Maria Ribeiro revela os seus apontamentos sobre as novas gerações que evoluem na melhor Academia do mundo (à excepção do Dubai)