428043_10150596469891555_98098491554_9748951_798606988_nDesde que o Sporting embalou no navio da recuperação desportiva e financeira, desde o momento em que Leonardo Jardim assumiu os comandos e BdC a direcção, a prioridade bem definida tem sido levantar o Sporting das cinzas a nível nacional, continuar a pagar a dívida infindável em que nos metemos e ir gradualmente aumentando a nossa competitividade enquanto entidade desportiva.

E se a parte financeira está irreconhecível, o equilíbrio do clube e a forma como entramos nas contas do campeonato também, a verdade é que pelo caminho deixámos de fora uma fatia vital da identidade do Sporting: as competições europeias.

Primeiro porque estávamos fora das mesmas, depois porque fomos escandalosamente roubados (por duas vezes), depois por opção dos treinadores e  até por convicção da estrutura de que não existiam muitas condições para lutar por tantas frentes ao mesmo tempo. O Sporting foi acumulando o azar com o simples desprezo, o entusiasmo controlado com a desmotivação de atletas e equipas técnicas, e a verdade é que cavou um buraco ainda mais profundo no que diz respeito ao seu coeficiente da UEFA.

Muitos dirão que a prioridade é vencer o campeonato. E que vencendo a prova vamos directamente para o pote 1 da Champions e aí passar é muito mais fácil e os pontos acabarão por chegar. Eu recordo que, apesar de tudo, estamos inseridos num campeonato competitivo, com rivais de imenso valor e bem mais habituados que nós aos grandes jogos europeus. Recordo igualmente que desde o 25 de Abril o Sporting conquistou apenas 4 campeonatos, ainda que vencer seja sempre o principal objectivo, está longe de ser um facto consumado “mais ano menos ano”. Por outro lado, Portugal acaba de perder um lugar de acesso à prova milionária Champions League e a luta por aqueles 15 milhões a pronto nunca será tão dura como esta temporada.

É urgente uma excelente campanha europeia, é urgente parar com a arrogância de que a Liga Europa “tem pouco interesse”, quando apoiamos um clube que apenas tem um título europeu, que entretanto até já foi extinto. A Liga Europa será a nossa tábua de salvação para regressar aos lugares cimeiros do ranking, atrair mais e melhores jogadores, atrair mais e melhor investimento, conseguir mais e melhores vendas. Como não somos um clube inglês capaz de gerar 400 milhões de euros em receitas, desprezar uma prova que podemos de facto vencer é algo que nunca irei compreender. O dinheiro que a Champions nos traz é importante para a afirmação do clube, mas nenhum adepto ou sócio vai beneficiar do mesmo. Já a possibilidade de levantar um troféu e celebrar a conquista deve ser aquilo que nos move sempre, em cada estádio do mundo.

E se tudo isto não chega para percebermos a urgência da situação, recordo apenas que o Sporting já é o 4º clube português do ranking UEFA. Atrás de um clube com menos 130 mil sócios que nós, com infinitamente menos títulos, menos adeptos e que apenas nos vence no complexo de inferioridade.

Jorge Jesus, Bruno de Carvalho, os nosso capitães e todos os adeptos devem definir como alvo prioritário o regresso às grandes noites europeias, recheadas de histórias impossíveis e gritos imensos de golo. O estádio de Alvalade precisa disso, o clube precisa disso e nós precisamos de cumprir o desígnio com que o Sporting foi fundado.

Vocês podem até dizer-me que importa é ganhar ao Aves, mas eu sei que a maioria chorou no dia do calcanhar do Xandão.

 

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa