O sofrimento prolongou-se quase até final e o jogo só foi desbloqueado quando Bas Dost converteu o penalti cometido sobre si. O volume de jogo foi enorme e depois de uma primeira parte sem remates enquadrados com a baliza, o segundo tempo trouxe um caudal ofensivo que sufocou o Setúbal e que levou os adeptos ao desespero face às várias oportunidades que iam sendo desperdiçadas.

À medida que o tempo avançava, dei comigo a pensar se não faria sentido Jorge Jesus testar uma alternativa para a qual tem jogadores com óptimas características. É verdade que a entrada de Doumbia criou enormes embaraços à defesa do Vitória, incapaz de lidar com o facto de já não ter apenas Bas Dost para marcar, e também é verdade que Bruno Fernandes trouxe outra capacidade de jogar entre linhas e de provocar diagonais e desmarcações que complicam qualquer organização defensiva, mas… mas será que nestes jogos, frente a equipas que colocam os 11 jogadores no último terço do terreno, alterar o desenho táctico não poderá ajudar a marcar mais golos ou, pelo menos, a potenciá-los?

Por muito e bem que joguemos pelas linhas, por muito bom que seja Bas Dost no coração da área, ter como quase exclusivo movimento a procura de cruzamentos para o holandês pode tornar-se demasiado previsível. Ora, é aí que entram Gelson, Acuña e Iuri Medeiros. Qualquer um deles cruza a preceito, mas também é verdade que qualquer um deles flecte bem para o meio e, visando a baliza com o melhor pé, chuta sem rodeios e com qualidade. Tendo os laterais preparados para fazerem a despesa de ir à linha e cruzar, esta troca de extremos poderia, quanto a mim, não só dar-nos uma segunda forma de colocar a bola na área, alternando a curva da bola, como aumentaria, muito, o nosso poder de fogo. Resta saber se alguma vez JJ pensará o mesmo.