DH_Z5P3XsAAzz5RÉ um daqueles jogadores que nos habituámos a colocar na categoria de “fácil de odiar”, porque tinha raça a jogar com a camisola do rival, porque gostava demasiado daquilo e estava demasiado ligado a símbolos que a nós não nos dizem absolutamente nada. Depois foi para lá longe, jogar junto aos melhores do mundo, e uma sucessão de lesões, polémicas, falta de vontade e desmotivação deslocou Fábio Coentrão para a categoria da “piada fácil”.

Quando começaram os rumores do seu regresso a Portugal, por via do Sporting, poucos muito poucos foram os comentários positivos perante a possibilidade. E com razão de o ser.

Zidane falava de Coentrão como alguém que estava bem fisicamente, mas tão mal psicologicamente que criava as suas próprias lesões. Facto assustador para o adepto do clube que o iria receber.

Mas o sportinguista das Caxinas, com aquele cabelo que nunca vou compreender e cara de adolescente apesar dos seus quase 30 anos, assinou, chegou, vestiu a camisola do clube que amava na infância e rapidamente começa a afastar as dúvidas à sua volta.

Longe da forma física que o projectou para outros voos e o colocou em destaque na selecção nacional, Fábio aparece pelo menos como um jogador motivado, ponderado, que tem transmitido uma mensagem de vontade e compromisso. No fundo, aquilo que se pede a qualquer atleta que represente um clube da dimensão do Sporting.

Começou a medo, foi soltando aqueles meses infindáveis de falta de confiança do seu corpo e hoje é já um atleta parecido aquele que nos lembramos. Bem posicionado, capaz de saber em que momentos avançar, duas assistências na conta pessoal, a mostrar entrega na disputa de cada lance e com um discurso em frente aos microfones de quem sabe o que dizer e diz o que quer.

Hoje, e depois de uma passagem à fase de grupos da Champions amplamente celebrada por si, não podemos deixar de admirar um campeão europeu que se motiva com os novos desafios que a sua carreira lhe propôs, ainda que infinitamente inferiores aos que tinha.

Para terminar a sua semana perfeita, a chamada de regresso à selecção nacional, sabendo todos o que isso significa para ele nesta altura, depois de uma travessia no deserto e um acumular de azares que o retirou das últimas duas fases finais de uma equipa que em tempos dependia muito dele.

Parabéns ao Fábio Coentrão. Obrigada pelo compromisso apresentado até aqui. E que em Maio consiga dar uma enorme alegria à sua família.

 

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa