A administração da Sporting Clube de Portugal – Futebol SAD apresentou o Relatório e Contas relativo ao exercício da época 2016/17, que fechou a 30 de Junho último.

Os destaques prendem-se, desde logo, com o volume de negócios que atingiu os 173 milhões de euros, fruto não apenas das duas maiores vendas de sempre de jogadores (João Mário e Slimani, embora a saída de Ruben Semedo também tenha contribuído), que contabilizaram 70 milhões de euros mais objectivos, mas também da subida das receitas dos direitos televisivos (o dobro do que foi registado, por exemplo, em 2012/13), bem como do encaixe com as receitas provenientes das competições europeias, que terminaram nos 15 milhões de euros em contraste com os 20 dos dois exercícios anteriores.

Ainda em relação ao volume de negócios, de salientar o facto da média, em comparação com o mandato anterior à chegada do executivo liderado por Bruno de Carvalho, ter duplicado, passando de 50 milhões até 2013/14 para 100 entre essa época e a que agora fechou.

Para além disso, também as receitas de bilheteira ajudaram ao bom desempenho da SAD verde e branca, registando por exemplo a venda de 28.179 Gameboxes, número apenas alcançado há precisamente 10 anos (2007/08). Isto associado a uma média de assistência no Estádio José Alvalade superior a 40.000 espectadores, crescimento absolutamente consistente.

O crescimento foi também visível no capítulo dos patrocínios e publicidade: saltou-se dos 9,9 milhões de euros em 2015/16 para os 11,7 milhões de euros. Uma clara inversão da tendência negativa registada até 2013/14, na altura cifrada em 6,1 milhões de euros.

Por último, na posição financeira, o regresso aos capitais próprios positivos, com o aumento do activo via valorização dos intangíveis com o plantel, ficando mesmo assim muito inferior ao seu valor de mercado, como é o caso dos jogadores da formação que estão valorizados a zero, como são os casos de Rui Patrício, William Carvalho e Gelson Martins, só para mencionar os três exemplos mais flagrantes deste ponto.

São belíssimas notícias, no seguimento da recuperação financeira que tem sido uma das maiores e mais importantes bandeiras desta direcção. Gosto de saber que as receitas da Gamebox aumentaram 25% em relação a 15/16, gosto ainda mais de saber que a subida do passivo foi ultrapassada pela subida do activo e que não existiu um crescimento ao nível dos empréstimos, o que representa estabilidade e é meio caminho andado para dar continuidade a esta recuperação (e o endividamento baixou cerca de 5 milhões quando ainda não estão contabilizadas diversas mais valias). E é de sublinhar que 16/17 foi o ano do regresso do futebol feminino, que obrigou a um investimento ao nível dos vários escalões.

Nota para alguns valores envolvendo aquisição de jogadores. Confirma-se que Bruno Fernandes e Coates ficaram pagos com a ida à Champions, Battglia custou 4,5 milhões (se continuar a mostrar serviço pode não ter sido caro), Matheus Bebeto mais de dois milhões (pois…) e Doumbia representa um investimento de 7,2 milhões. É um valor alto, nomeadamente porque o jogador não deverá trazer retorno financeiro, portanto é acreditar que vai ser mesmo uma mais valia desportiva.

Claro que também podemos pensar que Doumbia foi barato quando comparado com o facto de Elias, Castaignos, Douglas e Balada representarem uma despesa de 8 milhões, que teriam sido mais bem empregues num jogador que fizesse a diferença permitindo a manutenção imediata de alguns jogadores da formação no plantel. Pior, à conta dessas apostas furadas os custos com pessoal aumentaram de 48,9M para 64M, um abuso para uma época que se revelaria uma verdadeira miséria (no fundo, o lado negro de R&C que podes ler na totalidade clicando aqui).