Num jogo de sentido único, contra uma equipa apenas apostada em defender o nulo nem que fosse à lei da traulitada (sim, é o 3º classificado do nosso campeonato), o Sporting criou oportunidades de sobra para ganhar… mas desperdiçou-as. Ristovsky, Doumbia e Podence deram nas vistas e até houve tempo para anunciar um chá de bebé com a namorada do Cristiano Ronaldo para quando o Pavilhão estiver livre 

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Um gajo está habituado a ver Alvalade sempre com mais de 40 mil pessoas e é quase um choque quando leva com a imagem de um estádio despido, com 21 ou 22 mil. São anos a maltratar uma competição, são preços de bilhetes despropositados, são um conjunto de factores que deviam repensar-se, nomeadamente quando quem entra em campo o faz da forma séria como os jogadores do Sporting fizeram ontem à noite.

Com uma verdadeira revolução no onze, Jesus deu descanso a todos os habituais titulares e deu minutos e voto de confiança a quase todas as segundas linhas. O resultado foi o esperado: ausência de rotinas, menos intensidade, com os destaques a surgirem mais a nível individual do que colectivo. Ristovsky chamou a si grande parte do protagonismo, com várias investidas pelo corredor direito e a certeza de que é uma opção mais ofensiva para o lado destro da defesa. Doumbia foi sempre um quebra cabeças para a defensiva maritimista e foi pena não aproveitar uma das quatro ou cinco boas oportunidades de golo que ajudou a criar com a sua movimentação (uma delas cortada em cima da linha por um defesa). Bruno César nem ontem se livrou de ser pau para toda a obra e Petrovic provocou o maior bruá ao enviar uma cabeçada à barra (eu continuo a não gostar do estilo, mas há quem tenha visto coisas boas na exibição).

Já na segunda parte, o jogo acelerou (e de que maneira) com a entrada do recuperado Podence. Demasiada vontade, demasiada ansiedade, num regresso de alguém que é sempre uma belíssima opção. Acuña também deu um ar de sua graça (dá para ensinares o Iuri a libertar-se do medo de jogar com a camisola do Sporting?) e o que não teve graça alguma foi, quando os insulares já só se preocupam em dar pau e despachar bolas para onde estivessem virados (Marítimo mostrou o porquê de ser terceiro, escreve-se, hoje, na Bola…), vermos entrar Battaglia em vez de Gelson Dala.

Quando o argentino, uma das figuras deste arranque de época, entrou, e o angolano voltou a sentar-se no banco, os adeptos olharam uns para os outros com ar de espanto. Mais incrédulos, só mesmo com aquele vídeo caseiro com que o Presidente decidiu anunciar que vai ser pai pela terceira vez, antes do arranque da partida. No fundo, com uma notícia dessas a abrir, não espantou que um palco que costuma ser ocupado com diversas versões do Welcome to the Jungle, ontem se tivesse ficado por uma baladona rock que dificilmente se apagará das nossas memórias.