Poucas semanas depois da abertura do já célebre processo-crime que visa o “caso dos emailsdo Benfica”, em Julho passado, a Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da Polícia Judiciária (PJ) preparou ao pormenor uma operação de buscas e apreensão de documentos. Era coordenada por Pedro Fonseca, o responsável que lidera há anos as brigadas da Judiciária habitualmente encarregadas de investigarem os casos de criminalidade no desporto.

De acordo com a revista Sábado, cerca de 25 investigadores foram seleccionados internamente para a operação, tendo-lhes sido inclusive transmitidas as ordens com as directrizes de actuação no terreno e a identificação de cerca de 12 alvos (escritórios e residências) considerados prioritários para averiguar eventuais actos de corrupção relacionados com arbitragem e jogos de futebol. Devido à constante divulgação de emails que estava a ser feita há semanas pelo Porto Canal e pelo director de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques (e que ainda hoje continua), a PJ considerou que a previsível operação policial tinha de avançar rapidamente. Tanto mais que já havia obtido os emails do próprio Francisco J. Marques e o acordo formal do Ministério Público (MP).

Mas a Judiciária cometeu um erro capital de avaliação: acreditou que os pedidos de mandados judiciais, que previam, por exemplo, buscas às instalações do Benfica, ao gabinete e à residência do presidente Luís Filipe Vieira e do assessor jurídico Paulo Gonçalves, bem como à casa do comentador Pedro Guerra, iriam ser autorizados por Jorge Marques Antunes, um dos juízes colocados na Instrução Criminal da Comarca de Lisboa.