Depois de 2 jogos, em casa, de grau de dificuldade enorme, penso que a maioria dos adeptos conscientes ainda não terá percebido bem se temos realmente uma equipa para ganhar títulos este ano ou não. Todos nós, sportinguistas, temos essa esperança mas uns acharão que ainda nos falta algo e outros já pensam que estão reunidas todas as condições – ainda por cima com o VAR! – para ser este ano o nosso ano!

Eu, confesso, inicialmente pensei que sim, contrariando até a minha ideia inicial que nunca seremos campeões com o Jesus, mas agora penso que ainda nos faltam algumas coisas…

Tivemos já dois grandes ciclos de jogos – entre o início da temporada e os jogos da selecção. No primeiro ciclo, em Agosto, fizemos 6 jogos – Aves (f), Setúbal (c), Steaua (c), Guimarães (f), Steaua (f) e Estoril (c) – com 5 vitórias e 1 empate. Neste segundo ciclo, em Setembro, em 7 jogos – Feirense (f), Olympiacos (f), Tondela (c), Marítimo (c), Moreirense (f), Barcelona (c) e Porto (c) – conseguimos 3 vitórias, 3 empates e 1 derrota, sendo que nos últimos 4 jogos não vencemos nenhum!

É minha opinião que temos um bom plantel, o melhor das 5 épocas do Bruno de Carvalho, com algumas lacunas, que nos dá uma boa base para trabalhar daqui para a frente. Este ano as aquisições foram bastante assertivas – a excepção será o Matheus Oliveira que não tem, nunca teve, e acho que dificilmente terá, andamento para jogar num clube como o Sporting – e tivessem sido assim nos dois anos anteriores de certeza que não tínhamos as limitações que temos e seriamos muito mais fortes.

Deixando de lado os dois primeiros anos do mandato do Bruno de Carvalho – os anos do Jardim e do Marco – porque foram anos de reequilíbrio do clube, nos 3 anos que o Jesus leva no Sporting chegaram ao plantel principal os seguintes jogadores:

Época 15/16 – 15 jogadores novos (12 contratações mais 3 da formação*): Jug, João Pereira, Naldo, Schelotto, Coates, Semedo*, Zeegelaar, Bruno César, Aquilani, Paulista, Bryan Ruiz, Teo, Gelson Martins*, Matheus Pereira* e Barcos

Época 16/17 – 15 jogadores novos (12 contratações mais 3 da formação*): Beto, Douglas, Elias, Meli, Petrovic, Palhinha*, Geraldes*, Markovic, Castaignos, André, Dost, Campbell, Alan Ruiz, Spalvis e Podence*

Época 17/18 – 14 jogadores novos (11 contratações mais 3 da formação*): Salin, Pedro Silva*, André Pinto, Mathieu, Coentrão, Piccini, Ristovski, Battaglia, Bruno Fernandes, Matheus Oliveira, Acuña, Iuri*, Dala* e Doumbia

 

Dos 15 novos no 1º ano, restam 3: Coates, Bruno César e Gelson*. O João Pereira saiu porque quis, o Naldo foi “trocado” pelo Douglas com ganho monetário interessante e o Semedo* foi bem vendido. Todos os outros foram dispensados. Uns saíram a zero, com perda para o clube e outros foram vendidos com perdas ou poucos ganhos para o clube. O Bryan Ruiz ainda está mas a trabalhar à parte. Das 12 contratações, foram boas contratações o João Pereira, o Coates e o Bruno César. Não coloco aqui o Bryan porque sendo um dos jogadores mais caros do plantel, só esteve ao seu nível, e portanto a justificar o que custa, 25% dos 2 anos que jogou – a segunda metade da 1ª época.

Dos 15 novos no 2º ano, restam 5: Petrovic, Palhinha*, Dost, Alan Ruiz e Podence*. O Beto saiu porque quis. Todos os outros foram dispensados estando o Douglas ainda no clube a treinar à parte. Em nenhum dos jogadores que saíram em definitivo se ganhou dinheiro, antes pelo contrário. Das 12 contratações deste ano foram boas a do Beto e a do Dost. Todas as outras, para mim, foram más contratações, inclusive as do Petrovic e do Alan Ruiz que ainda estão no plantel – pelo que custaram, pelo que ganham e pelo rendimento demonstrado até agora.

Dos 14 novos no 3º ano, especialmente dos 11 contratados fora do clube, só o Matheus Oliveira me parece um tiro ao lado – 2M€ pelo passe e cerca de 1M€ de ordenado.

 

equipa

 

Resumindo, nos 2 primeiros anos entraram 30 jogadores novos – mais do que um plantel – sendo 24 contratados fora do clube e 6 vindos da formação. Desses 24 restam Coates e Bruno César do 1º ano e Petrovic, Dost e Alan Ruiz do 2º ano – sendo que eu acho que quer o Petrovic, quer o Alan estão a mais no plantel. Dos 6 da formação* que entraram no plantel nestes 2 anos, mantem-se o Gelson*, o Palhinha* e o Podence*, sendo que o Semedo* foi bem vendido. Em termos percentuais, nestes dois anos, temos um aproveitamento de 20% sobre as contratações fora do clube, se considerarmos o Petrovic e o Alan, ou 12,5% se, como eu acho, não os considerar. Em relação à formação, temos um aproveitamento de 66,6%, considerando que o Geraldes* e o Matheus Pereira* ainda não foram aproveitados como deve ser pelo clube – ainda que isso não signifique que não possam ser no futuro.

Portanto, acho que está bem à vista que a política de contratações nestes dois primeiros anos do Jesus foram um total fracasso – na melhor das hipóteses com 20% de aproveitamento – com a agravante que dos 24 jogadores novos, só em 2 se poderá aspirar a fazer mais-valias muito significativas (acima dos 10M€) – Coates e Dost – e noutro se poderá aspirar a fazer mais-valias interessantes (acima dos 5M€) – Bruno César. Tudo o resto, tendo em conta o que custaram – com passe, comissões, prémios de assinatura e ordenados – ou se perde dinheiro, ou se fica em casa ou se ganha, no máximo, uns 2M€.

Visto isto, partimos para esta época com um plantel muito interessante, ainda que algo desequilibrado. Partindo duma ideia dum 4-2-3-1, que o Jesus utiliza…

GR – Patrício*, Salin (novo), Pedro Silva* (novo) DD – Piccino (novo), Ristovski (novo)
DC – Coates, Tobias* (regresso)
DC – Mathieu (novo), André Pinto (novo) DE – Coentrão (novo), Jonathan (regresso) MC – William*, Petrovic, Palhinha*
MC – Battaglia (novo), Matheus Oliveira (novo) MD – Gelson Martins*, Iuri* (novo)
MA – Bruno Fernandes (novo), Alan Ruiz, Daniel Podence* ME – Acuña (novo), Bruno César
AC – Dost, Doumbia (novo), Gelson Dala* (novo)

São 25 jogadores. 14 jogadores fazem parte do plantel pela primeira vez (56%). Se incluir os regressos do Tobias e do Jonathan, que não estavam cá o ano passado, a percentagem sobe para 64%. Do 11 titular até ao momento – os primeiros de cada lugar! – 6 são novos (54,5%). Dos 25 jogadores do plantel, 9 vêm da formação (36%) – conto com o Dala como outros fazem nestes casos usando os critérios da UEFA, que não é bem o meu.

Estes números são muito similares aos da época passada, com excepção no facto de que dos 15 que entraram só 2 foram regularmente titulares (18%) – Alan Ruiz e Dost. São também similares aos do primeiro ano do Jesus, se considerarmos o plantel que terminou a época. Se considerarmos o plantel que iniciou a época já os números são algo diferentes. Entraram só 7 contratados (Jug, João Pereira, Naldo, Bryan Ruiz, Aquilani, Paulista e Teo) e 2 da formação (Gelson e Matheus Pereira) no início da época. Dos 7 só 4 foram regularmente titulares (36%) – João Pereira, Naldo, Bryan Ruiz e Teo.

Estes números ajudam a perceber o bom campeonato que fizemos no 1º ano e o fraco campeonato que fizemos no 2º ano.

Para concluir esta cena dos números resta dizer que o Sporting fez até agora 13 jogos – contra 12 do Benfica e 10 do Porto – e o Battaglia foi o único utilizado em todos os jogos, ainda que os jogadores com mais minutos jogados seja o quinteto defensivo com a excepção do Coentrão. Patrício, Piccini, Coates, Mathieu, Gelson, Acuña, Bruno Fernandes e Dost foram utilizados em 12 jogos. Dos 11 “normais” faltam o William que participou em 7 jogos e o Coentrão que participou em 8, tal como o Jonathan e o Doumbia. O Bruno César participou em 9 jogos. Se virmos a coisa por minutos em campo, é fácil constatar que o 11 “normal” são os jogadores com mais minutos e que o jogador com mais minutos fora  deste grupo é o Jonathan (480 minutos), que tem substituído o Coentrão com alguma frequência. Seguem-se Adrien (363), Doumbia (361) e Alan (318), e só depois aparece o Bruno César (282). Depois só jogadores com menos de 200 minutos de utilização.

Tendo em conta que destes 16 jogadores já cá não está o Adrien, é fácil perceber quem são os jogadores em quem o Jesus tem confiado neste início de época. Os outros pouco têm contado!

Já aqui tendo dito que este ano se fez um bom trabalho na construção do plantel, não posso deixar de apontar aqui o que considero as falhas que impediram de termos um plantel mais forte e mais equilibrado ao fim de 3 épocas iniciadas pelo Mestre da Táctica. E refiro-me só a este ano pois muito dos problemas estão na fraquíssima politica de aquisições nos 2 anos anteriores onde se desbarataram muitos milhões – mais de 20 no 1º ano e quase 40 no 2º ano – sem que o plantel tivesse, não só, melhorado substancialmente, como adquirido jogadores que pudessem gerar mais-valias importantes para o clube.

Na minha opinião o plantel tem alguns jogadores que não têm condições para dar o que o Sporting necessita na equipa: Tobias, Petrovic, Matheus Oliveira e Alan Ruiz. Não incluo aqui o André Pinto, de quem tenho algumas reservas pelo facto de estar há quase um ano sem jogar. Dou o benefício da dúvida até ele se afirmar como elemento válido no plantel,  ou não! Além disso, a diferença entre este plantel e este plantel com o Adrien é significativo. Grande, mesmo! A diferença que um único jogador pode fazer…

A ser verdade, como diz o pai, que o Alan teve 4 propostas para sair, o Sporting devia ter aproveitado para o vender. Os 12M€, que é o valor da proposta mais baixa que se falou, teriam já sido espectaculares por este pino. Não trazer o Matheus Oliveira faria termos mais 2M€ no bolso. Penso que era relativamente fácil colocar o Petrovic em algum clube por 1M€ ou 2M€. Já o Tobias, depois da fraca época no Nacional, devia ter sido emprestado a um clube que lhe desse visibilidade – Guimarães ou Braga – de modo a poder evoluir e mostrar-se para ver se, ou vinha com outro andamento, ou se rentabilizava para ser vendido.

Com os 15M€ no bolso, e a libertação de praticamente 5M€ em salários, teria sido possível comprar 2 bons jogadores e trazer mais um emprestado com opção de compra: um central, um médio tipo o Adrien, jovem e com margem de progressão, e um avançado, mais no perfil do Dost, ou um extremo. Teríamos um plantel de 24 jogadores (3 GR) bem mais equilibrado e com mais qualidade. Não tendo feito isto no verão, espero que estejam a trabalhar para que se possa fazer no inverno. É importante escolher jogadores com intensidade, com garra, com algum talento e com compromisso com o clube e com o grupo. O grande erro do ano passado foi trazerem jogadores sem intensidade e sem compromisso.

Um novo ciclo difícil se aproxima. Começará, provavelmente, dia 12 de Outubro, com o Oleiros, fora, para a Taça de Portugal, e acabará, provavelmente, na 2ª feira dia 6 de Novembro na recepção ao Braga – Braga que joga na 5ª feira para a EL. Pelo meio teremos, sem descanso, Juventus (f), Chaves (c), União (c TL), Rio Ave (f) e Juventus (c). Espero que a gestão da equipa seja feita de uma forma mais efectiva, aproveitando os dois jogos das Taças e até rodando um ou outro com o Chaves em casa. Em Vila do Conde e nos dois jogos com a Juventus temos de estar a 100%. Serão estes 2 jogos com a Juventus que vão decidir se vamos lutar pelo apuramento até ao fim ou se é melhor pensarmos só em ir para a EL. Acredito que fazendo os mesmos pontos que a Juventus temos bastantes hipóteses se seguir em frente.

Estou convicto, há muito tempo, que é fundamental a nossa afirmação na Europa para que cá sejam obrigados a tratarem-nos como o grande clube que somos. Até para ter, de algum modo, um apoio internacional na luta contra a pouca vergonha do que é o futebol luso… Sair deste ciclo com menos que 3 vitórias para o campeonato, vitória na TP, vitória na TL e mais 3 pontos, ou 2, na CL, não será bom!

 

ESTE POST É DA AUTORIA DE…  Miguel 
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]