image (11)Vamos viajar um pouco? Ao tempo em que, encardidos, entravámos pelos quintais de casa, e com medo mais do raspanete da avó, ou da mãe que do cabo da vassoura? Em que se viam a idade dumas calças, pelo puído que ia ficando nas joelheiras? Em que riamos até doer a barriga, ou faltar o ar? E que bom era rir dessa maneira. Alguém ainda se lembra? De ir para a cama incrivelmente limpo, depois de batalhas e jogos monumentais, jogos que se assemelhavam a batalhas, na entrega, e só acabavam quando um vizinho mais atrevido nos roubava a bola, e que era depois devidamente apupado? Lembram-se?

E desses sonhos, o que nos gostavam, a sensação de queda (há quem jure que éramos nós a crescer, para mim era a realidade invejosa a trazer-nos de novo à Terra)… E que mal acordávamos, voltávamos a sonhar… Era o tempo em que o Sonho de uma criança literalmente fazia o Mundo avançar… O nosso Mundo pulava e avançava ao mesmo ritmo que nós o íamos fazendo. Eu confesso que ainda sonho. E alguns sonhos, por incrível que pareça, vão-se realizando. O nosso rugby, que acho que vai dar tantas alegrias, o nosso hóquei, o voleibol, o andebol, o futsal, e tantos outros, tantos.

São sonhos senhor, são Sonhos, poderia ter dito aquela amada rainha, e levava no regaço o nosso futuro, bebé gordo e risonho, a rir-se de tudo e de nada. Estou tão grato, a esta família verde e branca, a família oval. Sinto-me como o puto traquinas e de coração cheio, que chega a casa, fisga no bolso de trás, as pernas arranhadas, a receber o raspanete da mãe, o olhar severo do pai… E o sorriso dos avós…

 

*às quintas, o Escondidinho do Leão aparece com uma bola diferente debaixo do braço, pronto a contar histórias que terminam num ensaio