Tenho a dizer-vos que a entrevista de Jorge Jesus ao alta definição voltou a trazer-me um pensamento que já me assaltou umas quantas vezes. Não quero discutir, uma vez mais, se ele é o homem certo no lugar certo, até porque eu mesmo vivo nesse limbo de sentimentos divididos e tão depressa me apetece usar uma tshirt com a cara do mister como vê-lo emigrar para bem longe.

O pensamento de que vos falo associa-se ao momento em que sou pró- Jesus. E nesse momento, quando equaciono todos e quaisquer cenários, ainda para mais num futebol português que vive feliz e contente atolado em merda, dou por mim perante uma possibilidade que me conduz a uma gigante dúvida: imaginem que o Jorge é o nosso treinador por muitos e muitos anos, passa a perceber na plenitude o que é o Sporting, consegue corrigir muitas das coisas que nos incomodam, mas as conquistas vão-se contando pelos dedos.

No fundo, imaginem que o Jorge se transforma numa espécie de Arsène em vez de transformar-se numa espécie de Ferguson. Estaremos nós preparados para conviver com alguém de quem aprendemos a gostar, mas que em 20 anos nos dá três ou quatro campeonatos, sete ou oito taças e outras tantas supertaças?