Face ao interregno havido perante os dois compromissos da selecção de futebol feminino, optei por dividir esta primeira abordagem ao nosso futebol feminino em duas partes: a análise às oito primeiras jornadas da Liga Allianz e a apreciação ao jogo da jornada de reatamento, realizada este fim de semana, ante o popular “Fófó”, no velhinho Francisco Lázaro.

Decorridas 8 das 22 jornadas que este ano compõem o campeonato, o Sporting seguia isolado na tabela classificativa com 5 pontos de avanço sobre o maior rival, Sporting de Braga e 8 sobre o Estoril Praia, provavelmente o maior candidato ao terceiro posto. Como se esperava, Sporting e Braga têm dominado a prova. A vitória das nossas Leoas em Braga, aquando da 3ª. Jornada, por 2-1 deu-nos, em relação à temporada transacta, uma almofada de conforto que nunca sentíramos face ao empate cedido em Albergaria a 3 golos, a partir do qual andámos sempre em busca do prejuízo.

O Sporting mantém praticamente a mesma equipa da época passada, tendo havido no onze base apenas três alterações de fundo: na defesa, a Carole Costa tomou o lugar da serena Catarina Lopes, agora no A-dos-Francos, no meio-campo, deu-se a entrada da Carlyn Baldwin para o lugar da Sara Granja, agora no “Fofó” e, no ataque, devido à lesão da Solange Carvalhas, a Ana Leite tem ocupado o seu lugar.

Na defesa, a Matilde Fidalgo parece estar a levar vantagem sobre a Rita Fontemanha mas não tem o lugar garantido. No jogo com o Estoril, por exemplo, teve uma segunda parte abaixo do seu nível, com muitos passes errados. Aliás, nesse jogo, o meio-campo caiu a pique nessa segunda parte e o Estoril chegou a ameaçar face ao sempre perigoso 1-0…
De pedra e cal parecem estar a Patrícia Morais, a imperial Carole Costa (grande aquisição!) a Joana Marchão, o trio da intermediária, a Ana Borges (que raça!) e a serpenteante e irrequieta Diana. Na defesa, para parceira da Carole, a Matilde Figueiras estará em nítida vantagem sobre a Mariana. Não sei quando a Bruna Costa reaparecerá mas será uma mais valia o regresso desta jovem e promissora atleta. A Patrícia Gouveia também já voltou aos treinos após a abençoada maternidade e parece que daqui a um mês estará disponível para reforçar o sector e a equipa.

Quanto a mim, no ataque parece residir a principal preocupação. A Ana Capeta parece ser jogadora para entrar com o jogo a decorrer. É muito fogosa, remata bem mas tem muito que crescer, nomeadamente no capítulo do passe. A Carolina Venegas, depois dos 4 golos ante o Quintajense, não mais apareceu e, face à minha estranheza um adepto e frequentador assíduo do Sporting Apoio, disse-me que esteve ao serviço da sua selecção. A Ana Leite (e não tenho que ser paternalista…) ainda não fez uma exibição que me convencesse e fizesse esquecer a Solange… Creio que nos falta uma atacante (ao centro) poderosa fisicamente, até porque a Diana descai muito bem para as alas. Para consumo interno tem chegado, mas que nos livremos de lesões…

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Dada a impossibilidade de acompanhar devidamente quase todos os jogos realizados fora, esta análise pode pecar por injusta. Aqui chegado, lamento a pouca atenção que tem sido dada ao nosso Futebol Feminino, apesar do apregoado apoio e hoje mesmo tive oportunidade de ler a opinião de um adepto Sportinguista, no Sporting Apoio, e que apontava para um melhor acompanhamento da nossa equipa. Eis o que o senhor Humberto Fernandes preconiza, recordando que tenho, para o efeito, a sua indispensável autorização. “Que pena o Sporting CP, não encare a transmissão em directo, via Sporting TV, como o fez na época passada, em 2017.01.14, no C.F.Benfica 2- 3 Sporting CP, no Estádio Francisco Lázaro, em Benfica. Mesmo que não pudesse dar na Sporting TV em directo, por haver outra programação considerada prioritária, haveria, com certeza, condições técnicas (combinando com o C.F.Benfica, mais a mais que não há entradas pagas e portanto não há eventual quebra de receitas) para se fazer transmissão deste jogo fora, e transmiti-lo numa plataforma existente, por ex. o “YOUTUBE”, como o vai fazer hoje a Pantera TV do Boavista, no jogo Boavista F.C. – S.C. Braga ou via “mycuujotv” contratualizando com esta plataforma jogos que a Sporting TV não pudesse transmitir jogos em casa, por questões de programação. Houvesse boa vontade e empenhamento por parte dum clube que é grande (o Sporting CP), e que se espera proceda como tal, nos “vários cantos de Portugal”, o onde haja adeptos e simpatizantes do clube “mundo fora”, haveria a possibilidade de acompanhar em tempo real, “o melhor do futebol feminino que se pratica em Portugal”, e fortalecer assim os laços adeptos-equipas representativas do Sporting CP. É mesmo tempo de se ter um olhar mais abrangente, das virtualidades destas opções.” Deixo à apreciação de quem de direito.

O Estoril Praia apresenta-se como outsider e no seu reduto, pode constituir um sério obstáculo. O Prozis/Vilaverdense que se apresenta com algumas ex-bracarenses e que nos ofereceu séria réplica no jogo da segunda ronda, em Alcochete e impôs um, para nós, conveniente empate no seu campo, ao Braga, parece estar em fase menos boa já que na oitava jornada surpreendeu tudo e todos com uma expressiva derrota em casa (2-5) face ao Boavista.
A par deste inesperado desfecho (outros aconteceram com equipas da parte inferior da tabela, de menos relevo) dois resultados igualmente surpreendentes: o empate do Quintajense, em casa, frente ao Vilaverdense (0-0) e o também empate (3-3) que o Cadima impôs ao Estoril num jogo em que as anfitriãs chegaram a estar a vencer por 3-1.
Tenho reparado na serenidade das arbitragens, em nítido contraste com o que se passa no sector masculino. Óbvias razões! E não há o VAR!…

Quanto ao jogo da nona jornada, frente ao Futebol Benfica, algumas dificuldades na primeira parte em que o nulo se manteve. Logo no início da segunda parte, de grande penalidade, a Tatiana Pinto inaugurou o marcador e no vídeo que vi da marcação da mesma, um dos lampiões presentes bem tentou desconcentrar a nossa jogadora com um sonoro “já falhou, pá, já falhou” mas… fodeu-se! De realçar as dificuldade sentidas pelo Braga frente ao Boavista, traduzidas num escasso 1-0, num terreno onde vencemos por 4 golos sem resposta.

Na próxima jornada, no dia 9 de Dezembro, sábado, vamos até Gaia defrontar o Valadares, equipa onde pontifica a Neide Simões, uma excelente guarda-redes que a época passada em Alvalade, impediu várias vezes que o resultado final se avolumasse.

A terminar, ficam aqui as declarações de Nuno Cristovão sobre o jogo de ontem:
“A vitória é indiscutível, mais do que justa, e por números certos. Como previa, foi difícil: foi a primeira vez que chegámos ao intervalo sem estar na frente do marcador. Houve mérito do adversário, algum demérito nosso, mas acima de tudo aquilo que se passou foi o reflexo da semana difícil que tivemos por vários motivos. Ainda assim, foi uma vitória mais do que justa e merecida”, afirmou, abordando também o período do intervalo, que tanta diferença pareceu fazer, uma vez que o segundo tempo foi totalmente diferente do primeiro.

“Corrigi o que achava que estava a ser menos bem feito na primeira parte. Antes do jogo tinha-lhes dito que havia duas coisas que eram importante hoje que eram tomar decisões rápido e cedo. Estávamos a demorar muito tempo a tomar decisões e a não circular a bola com a velocidade necessária perante uma equipa que estava a defender muito bem. Fomos felizes, marcámos cedo, e isso tranquilizou as jogadoras”, considerou, olhando de forma geral para a competição que as leoas lideram de forma isolada, revelando o que tem pedido ao seu plantel.

“Tenho-lhes dito, desde que ganhámos esta vantagem pontual, que o nosso principal adversário seríamos nós próprias. Temos de continuar a encarar os nossos jogos com a mesma seriedade, rigor e empenho. Lembrar o que o Presidente nos pediu no início da época: atitude e compromisso. Se o fizermos, de certeza que vamos acabar com mais pontos do que os adversários”, atirou Nuno Cristóvão, relembrando ainda a importância da gestão do esforço das jogadoras, que já levam muitos jogos, entre o calendário do Clube e da Selecção.”

* às segundas, o jmfs1947 assume a cozinha e oferece-nos um mais do que justo petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino