Dezembro… O mês do Natal, da família. O mês das luzes, das montras, das compras. Da casa mais cheia, de gente, de calor, de risos.

Aquele Dezembro frio, que aquece as mãos e a cara, e arrefece as costas, numa fogueira que tenta afastar demónios, e coisas ruins. Fogueira acesa a meio de Dezembro, e que dura até aos Reis. O Dezembro branco, mágico. Onde por todo o lado vemos velhotes e menos velhotes, de barbas imaculadamente falsas, com crianças ao colo, a perguntar o que queres neste Natal.
Onde a resposta por vezes parte um coração, de tão simples, de tão verdadeira…

Este Natal, que dizem os sabichões das frases feitas do Facebook e afins, é quando o Homem quiser. Este é o Dezembro, dos Sozinhos em Casa partes 1, 2, e 3 e quase apetece dizer que está sempre em falta aquela parte do Raio Que Os (Parta). Dos filmes aquecidos com chá, e bolinhos feitos em casa… De canela, claro. Pois este é o Dezembro de tanta gente, e por todo o lado.

O meu Dezembro, vem a seguir ao Novembro. Ao Novembro dos test match, onde vi a minha Escócia ombrear com as grandes potências do rugby, e esfrangalhar a África do Sul (lá se vai o Espírito do Natal…). O Dezembro que abre com a Champions Cup, e a Challenge Cup de rugby em toda a Europa. O meu Dezembro, é o Dezembro da cidra, de vibrar com ensaios e placagens trysavers. De ver verdadeiras batalhas, onde a Honra impera sempre. Onde quem ganha é quem merece e mais se esforça. Dos convívios, das crianças a correr com a oval debaixo do braço, a fazer amigos e rir. Dos boxing day, onde vou até Cascais a um pub irlandês, e me perco três, quatro horas, numa atmosfera mágica, a ver jogos de rugby com crianças na assistência, vestidas de elfos e renas e Pais Natal… Este é o meu Natal, o Nosso Natal, é um Natal ainda raro num país e numa sociedade redonda.

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Mas por ser meu e de ainda poucos, é mais precioso. É um Natal de cumplicidades, onde se notam pelas camisolas dos clubes e seleções, quem deste Natal partilha. Frio, branquinho como os demais, mas tão mais mágico. Sem flocos de neve perfeitamente hexagonais, mas com ovais a riscar o céu azul, como quem desenha sonhos. Com os postes tão altos, que quase tocam o Céu.
Com relva tão verde e macia (não é nada, isto é lirismo… é mesmo lama!), que de ver apetece correr e correr e correr, e ver o nosso coração a respirar a cada baforada que nos sai da boca, máquina a vapor, ou locomotiva, que nos traz sonhos, e desejos, e presentes, todos eles ovais, de esforço, de sangue e de honra.

*às quintas, o Escondidinho do Leão aparece com uma bola diferente debaixo do braço, pronto a contar histórias que terminam num ensaio