“Benfica também se rende à atracção do futebol feminino” é um titulo do DN de 13 DEZ 2017, sobre matéria na ordem do dia, relativamente ao Futebol Feminino. Com a devida vénia, permito-me transcrever dois parágrafos:

“Por respeito e preservação do esforço e investimento na formação e desenvolvimento da modalidade que muitos clubes têm realizado há longos anos, o Benfica iniciará a participação nas provas nacionais em 2018-19 no Campeonato Nacional de Promoção”, explicou o clube.

Uma atitude que o Futebol Benfica (Fofó) registou com agrado. “Não sei se foi devido às circunstâncias ou não, mas é de elogiar a atitude do Benfica, não vai entrar por cima, mas sim como é desportivamente correcto. Já sabia que o Benfica ia entrar porque fui contactado por eles para saber se íamos manter a aposta no futebol feminino ou se queriamos abdicar da vaga. Disse-lhes que era nossa intenção manter a aposta, há 24 anos que temos futebol feminino, temos 60 miúdas a jogar futebol no Fofó”, contou ao DN Domingos Estanislau, presidente do último campeão antes de os “clubes grandes entrarem em campo”.

Esta intervenção do Sportinguista Humberto Fernandes (já por mim aqui referido) no Portal do Futebol Feminino, e encimada por um curioso título, trouxe-me à memória algo que lera há uns meses atrás e que agora tive oportunidade de reavivar. Passo igualmente a transcrever: “Benfica e Vitória de Guimarães vão criar em breve, equipas de futebol feminino. A Federação Portuguesa de Futebol anuncia que os presidentes dos dois clubes, Luís Filipe Vieira e Júlio Mendes, aceitaram o desafio que lhes foi lançado por Fernando Gomes, Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, durante um almoço que juntou os dirigentes dos dois clubes. Benfica e Guimarães disputam este sábado a supertaça Cândido de Oliveira, em Aveiro, cidade onde decorreu o almoço. De acordo com um comunicado da Federação, “Luís Filipe Vieira salientou a emergência do futebol feminino, como uma nova área em franca expansão, revelando que o Benfica está a estudar a criação de uma equipa, mas com a preocupação de não agir (E AQUI CHEGADO, UM INDISPENSÁVEL PARÊNTESIS DA MINHA PARTE) “de uma forma abrupta, meramente comprando títulos”.

Recordar estas últimas palavras do mais sinistro protagonista do futebol indígena que, particularmente no momento actual, soam a enorme sacrilégio, levam-me a crer que o futebol feminino, revelador, até ao momento, de um purismo e honestidade admiráveis, naquilo que me tem sido dado observar, pode ter os dias contados no que a estas virtudes diz respeito. Sou dos muitos que advogam a ideia que o aparecimento dos rivaisno panorama do FF, contribuiria para um exponencial incremento da modalidade, consequentemente um aumento significativo na qualidade do espectáculo, com os inevitáveis fenómenos sócio-desportivos associados. Isso parece inatacável. Como indiscutível parece ser, no actual contexto do futebol português, que os receios que acima deixo transparecer, venham a confirmar-se.

Lembrei-me do que ocorreu no jogo da primeira volta da fase do nacional de futsal feminino, fase zonal, entre o Sporting e o slb que, como devem estar recordados, uma decisão inacreditável da equipa de arbitragem, redundou no terceiro golo adversário a cerca de dois minutos do final da partida, que viria a terminar com a derrota das nossas atletas por 3-2. No sábado passado, reavivei a revolta então sentida, quando após um começo promissor da nossa equipa, assistimos a mais uma decisão lamentável de outra dupla de árbitros, quando uma nossa jogadora, completamente isolada face à excelente guardiã contrária, foi carregada por uma adversária e o senhor árbitro decidiu-se pela amostragem à atleta encarnada, de um cartão amarelo, em lugar do vermelho.

Esta decisão poderá ter contribuído para o desfecho final do jogo, pois que na posição de uma eventual vantagem no marcador que, jogar contra quatro poderia pressupôr, as nossas atletas talvez tivessem uma prestação mais de acordo com as expectativas que tínhamos para o jogo. Uma segunda parte com alguns erros das nossas jogadoras, mormente no capítulo defensivo tirou-nos a possibilidade de outro resultado. Convém, e por ser de elementar justiça, salientar que a vitória das encarnadas foi indiscutível (esquecendo o momento apontado) e que a nossa equipa é incomparavelmente mais frágil fisicamente que o slb, que dispõe de uma pivot muito poderosa, desgastante para uma defesa e tabela bem com as alas. A jogadora brasileira tem revelado, em relação a um passado recente, uma enorme evolução.

A Catia Morgado, a nossa melhor jogadora, com um erro a cerca de um minuto do final da primeira parte, deu às adversárias uma moralização que, aliado às virtudes a estas apontadas, contribuiu para o resultado desnivelado que se verificou (0-4).
Num àparte, interrogo-me como é que a Catia jogou os primeiros 35 minutos da partida, tendo reentrado a cerca de dois minutos e meio do final… Não pude deixar de falar no futsal e no que já nos revelou em relação aos elementos do clero…

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Já aqui referi o equilíbrio e qualidade que tenho notado nas arbitragens dos nossos jogos na Liga Allianz. Ainda ontem, olhando para momentos do jogo Boavista-Valadares que esta última equipa venceu por 1-0, nos últimos instantes do jogo, na sequência de um livre directo mesmo à entrada da área, em posição frontal, constatei o acerto da decisão da juíza do jogo, ao expulsar a guarda-redes boavisteira depois de derrube à Evy, que seguia isolada. Numa jogada semelhante (de alguma forma) à que cometeu o defesa do Boavista no recente jogo do Bessa com o Sporting… É verdade que Gelson Martins ainda teria o Vagner pela frente mas a falta justificaria um vermelho não mostrado… A decisão da árbitra foi fortemente sentida pela guarda-redes do clube axadrezado, que reagiu “à homem”, mostrando a sua raiva com uma violenta palmada num varão de ferro à saída do campo… Feitios…

Duvido muito, se não houver um autêntico tsunami no nosso mundo futebolístico, que o actual panorama se mantenha. Revi há dias, em casa (inevitavelmente) um filme de 1952, “A minha prima Raquel”, um drama intenso. Nele, um dos protagonistas, pessoa madura, dizia a determinado passo para o principal protagonista (Richard Burton para quem desconhece o filme) mais ou menos isto: “Há certas mulheres, mesmo sendo bem formadas, que transformam em tragédia tudo aquilo em que intervêm”. Não será preciso dizer mais nada… a não ser que tragédia parece-me o termo correcto e, de bom, o “protagonista” na vida real, terá somente a sua conta bancária que, como é sabido “tem tudo de transparente”…

Posto isto, passo a referir-me ao nosso jogo de ontem, realizado, ao contrário do anunciado, nas Caldas da Rainha, frente à equipa do A-dos-Francos. O Sporting FF Apoio revelou: “Este jogo foi alterado a pedido do Sporting pelo seguinte motivo: a equipa B jogava amanhã (sábado passado) em Alcochete (alterado posteriormente para hoje, domingo), o que impunha à equipa feminina jogar no campo n°6. Alternativa que não agradava à equipa técnica. Fizeram o pedido ao A-Dos-Francos e à FPF para
fazer a inversão da jornada, o que foi aceite.”

Depois de uma primeira parte sem golos, a nossa equipa deverá ter feito uma boa segunda parte (estou a escrever logo após o jogo que acompanhei pelo Sporting Apoio) e, a exemplo do que sucedeu contra o Fofó, teve um reinício fulgurante, tendo chegado ao 3-0 em cerca de 10/12 minutos. Ana Capeta inaugurou o marcador, aumentado com dois tentos da Ana Borges. Que viria a fazer o 4-0. conseguindo assim o hat-trick. Tatiana Pinto fixou o resultado final em 5-0 já perto do final da partida.

A Ana Borges é agora a nossa segunda melhor marcadora, com 8 golos mais um que a Tatiana e dois que a Ana Capeta. O Sporting termina assim a primeira volta com o pleno de vitórias, com 51 golos marcados e apenas 3 sofridos, sendo que nas 8 últimas
jornadas manteve as suas redes intactas. Na próxima semana conto fazer uma resenha do que foi esta primeira volta.

Para finalizar, nos escalões da formação, as nossas equipas tiveram uma prestação muito positiva, sendo de realçar as nossas infantis, que conquistaram os primeiros 3 pontos numa competição de rapazes! Vitória por 7-0 frente à Academia Alcoitão. Destaque para a Lara que marcou três golos.
As Juvenis venceram o Sport Clube União Torreense. Vitória por 5-1 com golos de Caniço (2), Nadia Bravo, Alicia Correia e
Joana Prazeres. As nossas juniores derrotaram, em Alcochete, a Escola de Futebol Feminino de Setúbal por 9-1, registando a nona vitória em outros tantos jogos, e mantendo a vantagem de 3 pontos sobre o Estoril, vencedor, no
seu terreno do terceiro classificado, o Futebol Benfica, por 2-0. Marcaram Inês Macedo, Andreia Jacinto e Vera Cid (2 golos cada) e Marta Ferreira, Matilde Raposo e Beatriz Conduto.

* às segundas, o jmfs1947 assume a cozinha e oferece-nos um mais do que justo petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino